25 de janeiro de 2015 - Desemprego

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(Rachel)

Fui demitida! Mal dá para acreditar que fui demitida da peça "Across The Universe". Eu e o Nick Brown, que fazia o Max. Isso é ultrajante para uma profissional como eu! Tive de engolir a humilhação de ser mandada para a rua e ainda aguentar esses jornais vagabundos afirmando coisas que não procedem. A versão mais usada era de que eu era uma diva destemperada que vivia criticando os meus colegas de trabalho. No caso de Nick, o envolvimento dele com as drogas estava comprometendo o andamento das apresentações. Chegou um ponto que o elenco se reuniu e pediu para que os produtores demitissem eu e Nick para que a peça continuasse em cartaz. O texto seguia com a história de que os produtores reconheciam o meu talento e yada, yada, yada, mas que ninguém era insubstituível.

O que aconteceu foi muito diferente. O casal secreto da peça, nunca foi eu e Lucas Hibbs como alguns tabloides insistiam em apontar, mas sim Nick e Heather, que fazia a Lucy. Ele era viciado e consumia especialmente cocaína. Todos sabiam disso e faziam vistas grossas. Essa proteção não era ao acaso. Diferente do que a imprensa divulgou, Nick não trabalhava drogado e o desempenho dele não era comprometido em cima do palco. Ele não era um ator excepcional, como Steve Zappa, o Jude. Como cantor, Nick também era medíocre. Mas ele se ausentava durante a metade da peça, de qualquer forma e, ao lado de Sarah Kleist, a Prudence, era que menos tinha solos. Nick não atrapalhava, era um bom colega para mim e estava feliz em gastar todo o salário com cocaína, e jurava de pés juntos que nunca havia se picado, vulgo, experimentado heroína. O elenco começou a ruir quando Heather se envolveu com Nick e começou a acompanhá-lo no vício. Os dois romperam antes da turnê e Heather perdeu o controle de si e começou a se picar. A bomba estourou com a overdose que ela teve em Seattle.

Enquanto Heather foi afastada da peça na etapa de Las Vegas – de fato seria uma ruína deixá-la numa cidade como aquela onde se tem mais facilidades do que em qualquer outro lugar – nós tivemos uma reunião que se transformou em uma sessão de acusações. Sarah acusou todo mundo por negligência, teve uma crise nervosa e nos abandonou em Las Vegas. Eu defendi Nick porque ele nunca entrava no palco alterado. Era verdade. Todo mundo sabia que ele se drogava depois de deixar o palco. Talvez tenha errado nesse ponto, não sei. Se eu tolerava que minha irmã fumasse maconha, então tinha de fazer o mesmo por um colega de trabalho.

Por isso afirmei sem medo que Nick era muito mais profissional do que Heather e até mesmo do que o próprio Steve que tinha o hábito de beber conhaque entre os intervalos por causa da voz (como se chá e mel não fizesse o mesmo efeito) e não era raro ele chegar ao final da peça levemente embriagado. Mas Steve era a grande estrela, afinal. Eu disse isso na cara dele durante nossa discussão. Ele não aguentou a verdade, de que era um bêbado, de muito talento e grande voz, ainda assim: um bêbado. Nós brigamos! Fisicamente! Eu dei um soco no rosto dele, e ele tentou revidar, mas foi seguro por Lucas. Todo mundo do elenco principal após a lavagem de roupa suja. Heather me acusou de roubar o lugar ao sol dela e ficou ao lado de Steve. Mas quando pedi o apoio de Lucas, que pensava ser o meu grande amigo, ele me traiu e deu razão ao outro grupo. Nick e eu ficamos sozinhos.

Existem mais alguns detalhes não esclarecidos nessa história. Quando eu perdi o meu papel de forma grosseira e repugnante no filme "The Saint Woman", todos me consolaram. Quando eu ganhei o prêmio de melhor atriz no festival de curtas-metragens da NYU por "A Song For Robert Rodriguez", todos me parabenizaram. E entendo a razão: era um festival amador onde atuei no filme dirigido por minha namorada, Quinn Fabray. Não havia publicidade. Mas quando os meus companheiros de elenco souberam ainda naquela turnê depois de um telefonema inesperado do meu agente que eu faria um episódio da série "Blue Life", que tinha boa audiência e crítica na TV por assinatura, aí senti que o clima amistoso terminou. Eu seria a primeira a atuar numa outra mídia e isso não foi bem recebido internamente. "Blue Life" era da produtora Pulp Fiction, cujo um dos sócios era de um desafeto declarado de James Galvin. Meu agente Josh Ripley ligou para perguntar se eu topava participar de um episódio. Disse que sim. Heather teve a overdose, houve a briga em Las Vegas e eu sequer transmiti a notícia para Quinn e Santana. Simplesmente esqueci.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora