10 de abril de 2010 - Brittany e Santana

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(Santana)

Os olhos de Brittany sempre foram as coisas mais bonitas e expressivas que poderia achar em qualquer ser vivo habitante do planeta Terra. Havia muitas lembranças remotas da infância: coisas que precisava fazer um enorme esforço para poder visualizar. Mas o primeiro dia em que vi Brittany não é um desses. Estava no hospital em um dia como outro qualquer naquele lugar, como ela e Rachel às vezes tinham de passar por uma razão qualquer. Minha irmã brincava com bonecas e eu comecei a desenhar. Foi quando uma menina loirinha se aproximou com olhos temerosos e ansiosos. Rachel não era muito de dividir brinquedos com estranhos, nem mesmo comigo. Ela deu de ombros, mas eu senti uma simpatia imediata pela menina loirinha de incríveis olhos azuis. Estendi o lápis de cor e silenciosamente a convidei a se unir.

"O que está desenhando?" A pequena Brittany estava curiosa com aquele tanto de rabiscos na folha amarela.

"Um forte!" Respondi.

"O que é um forte? Como... uma pessoa bem forte igual o Hulk?"

"Não é uma pessoa." Ri do jeitinho dela conversar. "É um lugar com paredes muito grossas onde os guerreiros se protegem contra os ataques dos dragões verdes."

"Há dragões de outras cores?"

"Sim. Os amarelos não atacam, mas podem expelir um veneno pelo cuspe. Os marrons vigiam os ninhos dos dragões, os verdes são os que atacam as cidades e os vermelhos são amigos dos guerreiros, mas não são muito fortes."

"Oh! Eu ouvi uma história que existiam dragões rosa!"

"Dragões rosa? Quem ficaria assustado com dragões rosa?"

"Eu ficaria! Eles podem girar que nem bailarina." Levantou-se da cadeira e rodopiou no ar num movimento perfeito. Fiquei impressionada e arregalei meus olhos. "Assim eles desaparecem e depois aparecem de novo atrás de você pra te devorar."

"Quanta bobagem!" Rachel resmungou. "Dragões não existem!"

"Existem sim!" Falamos ao mesmo tempo.

Muitos foram os olhares que Brittany direcionou a mim com o passar dos anos.

De piedade, quando desobedeci aos pais e levei humilhantes palmadas por quebrar as (caras) telhas da estufa em construção. Eles me deram uma bronca na frente dela e, depois de ter apanhado, ela me abraçou e brincamos em silêncio no meu quarto porque estava de castigo e não poderia usufruir do quintal e da piscina.

De consolo, quando as crianças no parque falavam dos presentes que tinham comprado para as mães no dia dedicado a elas. Eu emudecia nessas horas, assim como Rachel. Nós tínhamos uma mãe sem rosto, sem nome e que não sabíamos por onde andava. Rachel chorou abraçada a mim quando as crianças passaram e Brittany disse que poderia emprestar a dela um pouco se a gente quisesse.

De orgulho, quando o nosso time ganhou o mini-campeonato de futebol contra o arqui-rival com um gol meu. Fui erguida como uma heroína e Brittany me deu um beijo no rosto como recompensa. De encantamento quando eu aprontava e saia ilesa durante as aventuras que a gente e Rachel vivíamos pela vizinhança.

Mas o olhar mais comovente que Brittany destinou a mim foi o de puro amor.

Estávamos deitadas em minha cama em plena manhã de sábado. Era cedinho e podia ouvir a movimentação na casa. Papai ia levar Rachel para a aula de dança, que ela fazia uma vez por semana e Papi só chegaria de um plantão depois do almoço. Papai bateu a porta e gritou que estava de saída. Eu estava com preguiça de abrir os olhos, então só resmunguei.

"Não se esqueça de fazer o café da Britt." Ele advertiu atrás da porta.

"Ok!" Respondi alto.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora