19 de novembro de 2015 - O beijo

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(Santana)

"Oi Santana." Levei um susto quando ouvi a voz feminina vinda por trás de mim na saída do campus da Columbia. É que o timbre parecia com a da Mulher Maravilha, que evitava como se fosse uma praga. Era só Roberta, uma colega das classes de negócios que está atrás de mim há algum tempo porque queria fazer um estágio com boa remuneração e a Weiz era famosa por não pagar uma miséria. Achou que se ficasse na minha cola poderia entrar com mais facilidade na empresa dentro do departamento que desejava.

"Ei." Procurei me acalmar um pouco do susto, ainda assim estava cautelosa. A Mulher Maravilha, que fazia curso de Engenharia Civil, andou me procurando para rodadas adicionais de nossa noite, porque, segundo dizem nas rodas de fofoca virtual de Columbia, eu tirei uma boa nota no caderninho dela. O lado ruim de ser uma bissexual assumida no campus é que vários homens e mulheres queriam pagar para ver. Andava recebendo propostas de todos os lados. Ao menos Roberta queria arrancar outra coisa de mim que não fosse minha pele.

"Queria saber se você teve tempo de entregar o meu currículo para o senhor Martini." Era o diretor do departamento financeiro.

Ela nem parecia se importar com o fato de que corria fofocas internas de que as estagiárias bonitinhas terminavam na cama do senhor Martini e, às vezes, de alguns dos coordenadores. Roberta era bonitinha. Não que eles fossem tarados que usavam a posição para forçar sexo com alguém. Era uma via de mão dupla. Alguns dos executivos (nem todos porque alguns eram gays e outros eram realmente respeitáveis pais de família) gostavam de uma bocetinha jovem. Algumas das meninas usavam dessas armas para subir na empresa. Parecia ser o perfil da minha colega de faculdade. Ela era do tipo que treparia até com um sem-teto num freakshow assistido pela própria mãe se isso significasse subir até onde queria. Não a julgava. Cada um lutava com as armas que tinha.

"Desculpe, não tive a chance de encontrá-lo pessoalmente e deixei o seu currículo nas mãos da secretária dele." Roberta ficou decepcionada. Eu também ficaria, de certo modo. Mas não fiz promessas, logo, estava de consciência tranqüila.

"Ok." O descontentamento parece que só durou alguns segundos. Logo ela recompôs a postura. "E você? O que vai fazer hoje?" O tom mudou, passou a ser de paquera. Segurei para não rir em descrença.

Era como se Roberta achasse que deveria me estimular de alguma forma para fazer com que o currículo dela chegasse diretamente às mãos de um executivo de primeiro time. Se fosse um colega qualquer desesperado por um emprego, até que não pensaria mal. Mas ela sabe, assim como todo mundo daquela empresa, que sou herdeira de Caleb Weiz, havia quintas intenções ali. Infelizmente era preciso ter muito cuidado com as pessoas que se aproximavam de mim de agora em diante. Também era preciso valorizar ainda mais a amizade daqueles que faziam parte o meu convívio antes dos cifrões futuros atingirem minha cabeça.

"Tenho um compromisso. Algo fechado." Acrescentei rapidamente para não dar margem para ela não se convidar.

"Quem sabe um lanche após as classes? Conheço um lugar bem discreto."

"Andrew!" Disse com alegria ao ver o meu ex-namorado passando ali por perto.

"Oi San!" Ele gritou ao longe e foi se aproximando.

"Achei que vocês tinham terminado..."

"Terminamos. Desculpe, Roberta. Falo contigo noutra ocasião."

"O que foi espoleta?" Peguei no braço dele e saímos caminhando em direção à biblioteca.

"Não consegui fazer um favor a uma colega do jeito que ela queria, então ela pensou que se me desse uma alegria eu poderia me empenhar mais."

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora