03 de dezembro de 2010 - Shelby Corcoran

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02 de dezembro de 2010

(Quinn)

Gostaria de acreditar em médiuns. Imagine se existisse um tão excelente que seria capaz de prever o meu infortúnio no ano. Ficar grávida!

Se alguém tivesse me alertado, jamais teria dormido com Noah Puckerman, ou pelo menos teria ouvido mais Santana e outras meninas que ele havia transado sobre a habitual insistência dele em não usar preservativos. Mas aconteceu e ficar grávida nem de longe foi a pior coisa que aconteceu na minha vida nos últimos meses. A pior coisa foi ver o meu pai me expulsando de casa depois que o idiota do Finn deu com a língua nos dentes na pior hora. Que direito ele teve em cantar durante o jantar? Nunca vi o meu pai tão vermelho, como se quisesse me dar a maior de todas as surras que já recebi ao longo da minha vida. Em vez disso, ele me expulsou de casa.

Às vezes penso que ia preferir a surra. Meu corpo ficaria roxo com as pancadas da palmatória, mas ainda teria meu quarto, minha cama, minha casa. Em vez disso, meu pai tirou tudo de mim: falou que só poderia levar o que coubesse na mala. A única coisa de valor que me lembrei de colocar, além da minha carteira com 60 dólares e documentos, foi a minha máquina fotográfica. Coloquei poucas roupas e um par de sapato porque tinha esperança de ser algo passageiro, que no máximo na semana seguinte meus pais me ligariam para que eu voltasse.

Nada disso aconteceu.

O pior foi ter de depender da caridade de Finn Hudson, que só me abrigava porque pensava que o filho era dele, que ele tinha me engravidado ao ejacular dentro da hidro no quintal na minha casa. Sim, ele é assim tão idiota. Mas é um idiota generoso a ponto de me oferecer uma cama. Carole, a mãe de Finn, nunca gostou de mim. Ela era espera o bastante para desconfiar da nossa história, ou de mim, melhor dizendo.

A gravidez me deixou numa posição delicada e quase desesperadora. Dediquei todo o tempo procurando salvar a minha pele com as armas que tinha a disposição. Minha luta contra Rachel Berry-Lopez não era mais por ciúmes, posse e egoísmo. Fiz de tudo para que Finn ficasse ao meu lado porque precisava de alguém com o mínimo de estabilidade, já que Puck não era confiável. Rachel ainda queria Finn, e eu sabia perfeitamente que Finn estava apaixonado por Rachel, mas eu não poderia deixar porque ficaria desamparada no mundo.

Não consegui me sustentar por muito tempo. O golpe final foi desferido ironicamente por Rachel. Caí na armadilha dela, quando disse que bebês de pais judeus poderiam nascer com certa anomalia genética. Entrei em pânico porque, apesar de tudo, amava o meu bebê e queria que ela nascesse com saúde. Fui cobrar exames de Puck. Ela nos pegou e contou tudo a Finn na véspera das competições locais de corais. Foi o caos.

Em meio ao choro e ao desespero, acontecem coisas curiosas. Eu, Quinn Fabray, ex-capitã das cheerios e ex-popular, estava acabada, no chão. Fui reduzida a nada. Então fiquei calma para encarar a realidade: era apenas uma Maria Ninguém grávida aos 16 e Rachel amava outra pessoa.

Depois da briga entre Puck e Finn quando toda minha farsa foi descoberta, saí da sala em prantos. Fui ao banheiro, lavei meu rosto e procurei respirar fundo. Meia hora depois, sentei num dos bancos da escola. Rachel foi ao meu encontro. Ela estava ali de blusa azul de manga cumprida – coincidentemente a mesma cor do vestido que usava –, disposta a dar a cara literalmente à tapa. Eu a encarei e refleti sobre a ironia da situação: era eu quem deveria dar minha cara à tapa. Rachel estragou tudo. Mas eu já havia estragado tudo primeiro. Como condená-la? Olhei para ela com os olhos embaçados em lágrimas.

"Você poderia ir agora? Eu gostaria de ficar sozinha."

Rachel respeitou e se levantou. Se ela pudesse entender o significado daquela cena, teria celebrado o drama posteriormente. Ao pedir para ficasse sozinha, eu a estava "libertando". A pequena diva merecia ser feliz mesmo que ao lado de um idiota como Finn Hudson, e prometi a mim mesma que nunca mais me colocaria no caminho dela. Se eu realmente gostava de Rachel Berry-Lopez, deveria deixá-la livre.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora