22 de agosto de 2015 - A conversa

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(Rachel)

Eu fiz um dueto com Cher. Eu, Rachel Berry-Lopez, cantei junto com Cher. Nós tínhamos feito uma boa cena. A minha personagem era a neta mais velha de Cher e era extremamente carola e cristã. Ela não admitia o comportamento libertino da avó e a recriminava. Mas é justo essa neta que herda o talento sobrenatural do bem em oposição aos filhos caçulas das três bruxas que são herdeiros do mal. Tinha duas boas cenas. Uma que a neta discute com a avó e manda ela agir mais condizente coma idade que tem. E uma segunda quando as duas fazem as pazes e a avó promete ajudar a neta a lidar com a herança mística. Havia outras pequenas cenas também para compor a trama, mas a minha grande participação se resumiu a esses dois momentos que até poderiam ser cortados na edição final. Acontecia. Não me incomodava em ter um plot secundário na trama. Estava feliz por fazer a minha estréia no cinema ao lado de três atrizes que admirava demais.

Cheguei ao set de filmagens em Vancouver muito chateada, mas logo fui envolvida com aquele clima de acampamento de férias. A equipe estava reunida fazia umas semanas e foi ótimo encontrar tudo já montado e organizado. Michelle Pfeiffer era muito profissional e reservada. Ela conversava muito com o elenco principal e diretor. Só tive a oportunidade de cumprimentá-la rapidamente. Susan Sarandon era a mais sorridente e simpática. Contei a ela que fiz o papel de Janet Weiss na amadora adaptação de Rock Horror Show feita pelo professor Schue e a senhora Pillsbury. Ela adorou saber e quis saber detalhes. Então se lembrou de algumas músicas e nós cantarolamos rapidamente. Foi ótimo.

Eu só contracenava com as três numa única cena. Seria no final do filme. Curioso é que essa foi a primeira cena que gravei. Michelle Pfeiffer precisou se ausentar. Ficou três dias no set enquanto estive presente para gravar justo o tal final e foi todo o contato que tive com ela.

Neste meio tempo, conversei muito com Cher. Tivemos logo essa identificação por sermos também atrizes de musicais e, por que não, divas. A primeira cena que fizemos foi a das pazes. O diretor Steve Antin disse que deixaria a cena mais forte para depois porque quanto mais contato tivesse com ela até lá, melhor. Então gravei a minha cena com ela, várias pequenas, uma que eu relutava em ter qualquer relacionamento com o neto new-hippie da personagem da Susan Sarandon (mas no final eles terminam de mãos dadas). E veio a cena da briga. Nós ensaiamos apenas duas vezes. Quando foi para valer, lembrei de todas as vezes que briguei com minha família. Era algo parecido. Quando o diretor disse ação, canalizei a minha experiência de anos de vida e fizemos uma grande cena. Dois takes. Blanche Bennett, a diretora de elenco, ficou impressionada com a minha performance.

"Você é mesmo boa, garotinha." Me congratulou enquanto eu ainda estava sentindo os ecos da cena. "Você tinha ido bem na audição, mas confesso que não esperava uma atuação tão sólida."

"Obrigada." Abri e fechei as mãos. "Só preciso de um minuto para sair."

"Não se envolta tanto."

O dia correu sem maiores emoções. Cinema é a arte da espera e da repetição, muito mais do que a televisão. Na prática, um personagem como o meu trabalho pouco e seria natura que metade das cenas que gravei ao longo dos dias ainda fosse cortadas na edição final. Quando o elenco foi dispensado e nós voltamos ao hotel, Blanche se aproximou.

"Você teve um desempenho surpreendente, Rachel. É um prazer encontrar bom material em atrizes jovens como você. Não estive presente na sua audição, mas fico feliz por ter sido contratada."

"Obrigada! Isso significa muito para mim".

"No que pensou quando fez a cena?" Fiquei sem saber o que responder na hora. "Em algum acontecimento real? É uma boa técnica, mas não se pode confiar inteiramente nisso. Há momentos que ela falha".

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora