09 de maio de 2014 - Em L.A

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(Rachel)

Existem algumas cidades que se rivalizam por uma razão ou outra. Rio de Janeiro e São Paulo. Madrid e Barcelona. Nova York e Los Angeles. Esses são apenas alguns dos exemplos. Podia me considerar uma nova iorquina porque sentia confortável com as roupas escuras, com os espaços cheios, as ruas estreitas, os prédios altíssimos, os costumes, as gírias, com o frio terrível no inverno e o calor infernal do verão. Sim, estava confortável com a vida em Nova York. Talvez por isso mesmo que tenha estranhado tanto Los Angeles. Logo no aeroporto, o elenco foi recepcionado por um produtor que prometia indicar as melhores festas na cidade. Meus colegas de elenco adoraram, especialmente Nick, que era um festeiro natural. Da minha parte, o entusiasmo por essa vida noturna pós-teatro praticamente não existia, a não ser que tivesse a oportunidade de conhecer grandes atores ou produtores. Para isso também serviam os eventos que costumava ir por recomendação do meu agente.

Cumpria os compromissos profissionais, mas não era de ir a festas de celebridades apenas por ir. Tinha de ter uma razão especial. Caso contrário, preferia ficar em casa com minha namorada e minha irmã. Melhor ainda se tivesse a companhia dos meus amigos mais queridos. Gostava de ir aos festivais de música no Central Park ou no campus da NYU, ir a restaurantes, às vezes ir a bares. Mas o que mais gostava, especialmente depois que mudei para Astoria, era de deitar no meu sofá limpo e confortável, e assistir a um filme ou televisão nos braços de Quinn. Até mesmo quando Santana estava junto resmungando qualquer coisa, era perfeito. Esse era o meu dia perfeito. Não ter que ir às festas estranhas com gente esquisita. Era um luxo que não tinha nessas viagens a trabalho. Em San Francisco, os produtores nos fizeram ir a uma festinha numa casa noturna para alimentar a imprensa local. Steve ficou com a atriz Luana Berger e pronto: olha a gente nos tablóides.

Nosso primeiro dia em Los Angeles não foi diferente. Assim que chegamos no aeroporto, elenco e equipe técnica saíram em vans. Parte foi para o hotel, e parte foi direto para o Mark Taper Forum, um dos três teatros que formavam o Center Theatre Group em Downtown de Los Angeles. Fiz a minha pesquisa na internet e fiquei empolgada por ser um dos principais e mais modernos teatros de Los Angeles. Fiquei ainda mais impressionada quando vi toda aquela estrutura com meus próprios olhos. Embora o Public fosse um teatro histórico e importante, Mark Taper Forum, que seria um Broadway pelo tamanho, abrigaria o maior público que encarei na vida para uma única sessão.

Dispensei a festa na quinta-feira, mas na sexta, haveria uma recepção com o elenco nos bastidores e depois uma saída a um restaurante japonês.

"Vão aparecer algumas celebridades, talvez o elenco de Les Mis da produção local também vá. Mais importante é que dois dos críticos teatrais mais respeitados de LA foram convidados. É importante que vocês interajam e até cedam pequenas entrevistas espontâneas para os dois. Eu indicarei quem são." Disse Molly, a assessora que nos acompanhava na mini-turnê quando nos reunimos no saguão do hotel para um brunch.

"No mais, tarde livre?" Lucas perguntou.

"No mais, tarde livre!" Molly confirmou. "Menos para Steve e Heather que tem entrevistas a partir das três horas."

Fiquei feliz com a notícia. Planejava ligar para Brittany e perguntar se ela estaria livre no dia. Estava com saudades e também tinha muito que conversar com ela, a começar pelos planos que ela havia feito com a minha irmã de talvez se mudar para Nova York após o fim da turnê com Beyonce. Tinha de entender isso direito, até porque precisava combinar sobre alguns cuidados com Santana. O meu sexto-sentido, ou sentido-aranha, como diria Johnny, alertava que Brittany já não estava tão entusiasmada com a idéia de ficar com a minha irmã. Essa história precisava ser tirada a limpo.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora