21 de outubro de 2011 - Guerra de nervos

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(Quinn)

As palavras da minha mãe ecoavam todos os dias na minha cabeça.

"Seu pai disse que não vai pagar a sua faculdade, Quinnie, e nós não temos dinheiro para isso. Sinto muito."

Eu não sabia o que fazer. Minha mãe relutava, mas não teríamos outra solução a não ser colocarmos a casa a venda para diminuir nossas despesas e formar uma poupança para emergências. Procurava fazer a minha parte. Depois que mamãe e eu voltamos de viagem de férias, tratei de arrumar alguma ocupação pela vizinhança. Comecei a ganhar alguns trocados como babá e tentei fazer outros pequenos serviços, como revisão de textos, e qualquer outra coisa que julgasse digna que pudesse render alguns bons trocados.

Havia essa moça do bairro vizinho, Claudia, que era uma mãe solteira que trabalhava numa empresa que planeja espaços internos. Ela era jovem e bonita, tinha apenas 24 anos, e também era uma guerreira na arte da sobrevivência. O pai do filho dela a deixou na mão num momento em que ela lutava para terminar a faculdade com um filho de meses de idade para sustentar. Começou animando festas, se vestindo de princesa da Disney e qualquer outro personagem em parceria com uma amiga. Conseguiu terminar a faculdade, mudou-se para Lima contratada por essa empresa. Ela me viu distribuir meus panfletos oferecendo meus serviços e resolveu me contratar como babá. Ela foi tão camarada comigo que arrumou uma festinha infantil para eu fotografar. Foi o melhor trocado que ganhei.

Mas eram trocados que serviam para as minhas despesas pessoais: para um vestido, um par de sapatos, e às vezes para ajudar a minha mãe com o supermercado. Estava feliz em me virar dessa maneira, até que minha mãe despejou a bomba de que meu pai recusou pagar a minha faculdade. Como se não tivesse bastado ele ter vendido no meu carro, minhas jóias, e doado todos os meus pertences pessoais para a igreja.

Eu não poderia ser uma fracassada de Lima. Não queria o destino da família da minha mãe, que sempre se conformou com a vidinha na cidade. A única e mínima chance que teria para conseguir sair daquele inferno com alguma segurança seria por meio de uma bolsa de estudos, e o caminho mais curto para conseguir isso seria pelas cheerios. O prestígio da treinadora Sue Sylvester poderia garantir uma em alguma universidade do centro-oeste americano. Poderia ser qualquer uma, desde que em outra cidade.

Por isso precisei agir.

Santana era capitã das cheerios por merecimento e competência, mas tinha certo problema com a imagem. Ela voltou das férias com o busto maior e passou a se exibir nos corredores. Eu a procurei não apenas por nosso pacto no passado, mas porque achei que havíamos nos tornado amigas por causa do coral e de tudo que vivenciamos. Não foi bem assim. Santana continuava vidrada em Brittany e deixou claro em suas ações que eu poderia até ficar por perto, mas que nós não éramos amigas.

Se Santana não dava valor a nossa amizade, porque eu teria de me subordinar a ela?

Foi por isso que quando forcei a barra para entrar de novo no time de cheerios, não hesitei em derrubar Santana da posição de capitã. Tudo que precisei fazer foi usar contra ela uma fofoca que a própria espalhou: cirurgia para colocar silicone nos seios. Óbvio que era mentira. Era pouco provável que ela conseguisse autorização dos pais para fazer uma cirurgia desta natureza. Mas foi o suficiente para a treinadora derrubá-la e colocá-la na base da pirâmide. Deu pena, porque Santana foi uma boa aliada e fez um ótimo trabalho à frente das meninas.

Fase do plano número dois: precisava reconquistar a minha popularidade. A melhor forma de acelerar o processo era pegar um namorado bonitinho. O garoto transferido, Sam Evans, foi perfeito. Ironicamente, ainda contei com um empurrão e apoio de Rachel Berry-Lopez e Finn Hudson. Não sabia dizer as razões para ela fazer isso. Não sabia se fazê-lo ficar comigo o manteria também no coral ou se Rachel realmente se importava. Não queria alimentar as minhas esperanças. O fato é que Rachel ainda estava com Finn e eu perdi a guerra.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora