12 de fevereiro de 2015 - Oportunidades

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(Quinn)

Desejava acompanhar Rachel na audição. Era um ponto importante para a carreira dela caso consiga entrar numa série da HBO. Primeiro porque o canal é muito relevante, apesar do crescimento da Netflix, e ainda é um papa-prêmios, condição que se justifica pela qualidade das séries e filmes que produz. Talvez Rachel não fique famosa, talvez a série não emplaque, mas com certeza será comentada só por ser um produto HBO. Que inveja. Quisera eu poder trabalhar em algo assim. Abri o meu e-mail na hora do almoço, ritual que me causava ansiedade desde que fiquei desempregada.

Havia um recibo eletrônico do depósito da lanchonete que prestei serviço. Foram 3 mil dólares para fotografar os produtos, tratar as fotos e enviar tudo pronto para que eles elaborassem o novo menu e fachada da loja. Desse dinheiro, eu teria de guardar pelo menos 500 dólares para o imposto. Tinha uma poupança só para isso. Dica de Santana, por que pagar impostos não era mole. Sempre sobrava de dinheiro na poupança quando enviava o dinheiro à receita e essa estratégia tronou-se útil porque sabia que no início do ano contava com uma reserva extra e real. Foi um alívio o pagamento. Sinal que faltaria pouco para pagarmos o aluguel de mais um mês. Juan pagava 500 dólares por Santana, o que ajudava muito. O meu dinheiro somado mataria a fatura, mas ainda faltava as taxas de água, luz e gás, além do mercado e despesas com transportes. Rachel tinha uma reserva de poupança e audições a fazer, mas não saberia quanto e quando receberia caso fechasse contrato. E tinha essa história de Santana montar uma empresa do pano de prato em sociedade com o avô dela: outra investida sem dinheiro garantido.

Massageei meus próprios ombros. Como era difícil viver no mundo adulto com tanta conta a pagar. Caso não aparecesse nada até o fim da próxima semana, juro que bateria à porta da Razorback para fotografar e filmar pornô. Eles deveriam pagar uma mixaria por produção, mas era a lei da necessidade.

Eu cheguei a explorar o site da sex shop da Razorback. Havia uma sessão de vídeos liberados mediante cadastramento. Fiz o meu e tive acesso a vídeos de até 20 minutos divididos em duas categorias principais: homossexual e heterossexual, sendo que cada um tinha um monte de subcategorias. Todos eles eram constituídos de uma série de curtas com uma historinha, falas, uma produção relativamente decente em que o sexo explícito, com direito a propaganda dos produtos vendidos na loja, era intercalado com a trama. Eram até engraçados e tinham muitos acessos. Entendi porque eles não queriam contratar meramente garotas de programa.

"Fabray!" Santiago se aproximou de mãos dadas com a namorada. "Justo quem estava procurando."

"Espero que não seja para tirar de alguma enrascada com algum professor."

"Não desta vez. Você ainda está sem um trampo?"

"Infelizmente."

"Olha, eu passei no processo de seleção na Bad Things." Arregalei meus olhos e fiz um grande esforço para não morrer de inveja.

"Uau. Isso é... grande, Tiago. Parabéns."

"É só um estágio e eles pagam mal. De qualquer forma, é a Bad Things. Enfim, isso quer dizer que vou deixar o trampo no estúdio daqui da NYU e queria saber se está interessada. O trabalho é três vezes por semana, quatro horas por 550 dólares. Não é muito, mas pelo menos é uma grana e te permite continuar com seus freelas e ainda você consegue pagar suas contas pessoais." A situação estava tão ruim que eu não tinha muito que pensar.

"O que preciso fazer?"

"Se quiser, te levo lá para conversar com o Corey. Ele está lá agora. Não vai ter rolo não, Fabray. O trabalho é simples: é só editar uns vídeos para o pessoal do jornalismo, coisa que se faz uma vez por semana, e servir de câmera algumas vezes quando o Hugo não pode por alguma razão. E quando não tiver nada, é só tomar conta do estúdio. Dá até para ver pornô, dependendo do dia."

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora