16 de julho de 2015 - Efeito tequila

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(Santana)

Os moleques da escola sempre atormentaram Rachel. Eu sei que ela reclamava porque eu nunca fiz nada para impedir. Nunca comentei com ela, mas tive de negociar, fazer muitas chantagens e, por vezes, ceder para manter as coisas aceitáveis. Porque, nos bastidores, eu ouvia planos muito piores contra ela do que jogar slushies e colocar apelidos. Ainda assim, fazia vistas grossas às pequenas agressões por achar que poderiam ser benéficas. Deixaria Rachel durona, a ensinaria a não abaixar a cabeça para ninguém. De fato, ela nunca abaixou. Eu é que abaixava em inúmeras ocasiões, especialmente diante dos adultos. Mas uma coisa podia dizer: nunca ninguém encostou o dedo para agredir Rachel e fui diretamente responsável por isso.

Bom... eu saía no braço quando me provocavam pra valer. Quinn, por exemplo. A gente já puxou cabelos e deu unhadas uma na outra em algumas ocasiões. Na primeira vez foi justamente por causa de Rachel. Estávamos no primeiro ano de high school não muitos dias depois que Rachel sofreu o primeiro ataque de slushies. Estava no vestiário e ouvi uma conversa entre Quinn e Frannie. Alguma coisa sobre ser importante que Quinn batesse na minha irmã na saída da escola. E sequer havia um motivo aparente para tal. Eu não esperei o fim do dia. Peguei Quinn pelo pescoço de surpresa e a joguei no chão embaixo da arquibancada para ninguém nos ver. E dei uma lição.

Depois soube que aquilo foi uma ordem de Frannie para fazer a irmãzinha dela se curar da onda gay. Só uma mente retrógrada como a dos Fabray para pensar que pancadaria cura alguém, ou mesmo que sexualidade fosse algo para ser curado: cada um tem a sua, certo? Bando de babacas.

Todas essas lembranças vieram a minha mente três segundos depois que eu ouvi o bate-boca vindo do quarto de Rachel e Quinn. Oras, aquele quarto tinha isolamento acústico. Se eu estava escutando a briga da sala, era porque as coisas estavam feias e elas estavam gritando. A adrenalina subiu no meu corpo e eu reagi quando ouvi Rachel gritando "Me Larga". Larguei as muletas para lá, invadi o quarto e fui logo empurrando Quinn. Ela caiu em cima da cama e eu me posicionei entre as duas, tinha de proteger a minha irmã. Não sabia o que se passava ou porque, mas aquela não era uma briga comum entre as duas. Antes que eu questionasse, Quinn reagiu, voou para cima de mim de maneira desproporcional. Eu a empurrei para afastá-la da minha irmã, mas Quinn reagiu como se quisesse me ferir de verdade. Eu me desequilibrei e bati minhas costas violentamente contra a porta do closet, que era dessas frágeis de correr. A porta quebrou e eu me vi entre os estilhaços. Meu pé engessado não me ajudava, um dos remédios me deixavam lenta. Eu nunca perdi uma briga no braço para Fabray. Aquele era um caso extraordinário. Ela subiu em cima de mim, prendeu o meu braço esquerdo no processo. Eu sou canhota e não tenho a mesma força e coordenação no meu braço direito.

"Não se meta!" Ela disse antes de eu sentir a mão dela colidindo contra o meu rosto, que queimou de imediato.

Procurei me mexer, me libertar, me defender. Não ia deixar ela me estapear assim.

"Sai de cima dela!" Escutei a voz de alguém. Rachel.

Minha irmã a empurrou. Quinn caiu de lado, com o corpo contra a parede. Então ela se levantou, encarou Rachel e eu fiquei desesperada achando que ela fosse agredir minha irmã. Pensei que ela fosse para cima, mas passou direto. Calçou um chinelo e pegou a bolsa. Saiu de casa sem dizer uma palavra.

"Santy?" Rachel disse com a voz pequena, chorosa.

Podia ver que ela tremia, mesmo assim me ajudou me levantar, mas não consegui de imediato. Senti forte dor aguda no meu tornozelo e nas minhas costas.

"Espera!" Tentava conter meu gemido de dor para não preocupá-la. Não foi possível. "Acho que me machuquei de novo." Disse sem fôlego.

Devagar, Rachel me ajudou primeiro a me sentar. Depois se posicionou de forma que eu pudesse usá-la para me levantar. Passei meu braço no ombro dela para me apoiar e ela me conduziu até a cama. Sentei na beirada e procurei respirar fundo. Vi sangue na roupa de Rachel e me assustei. Por um segundo esqueci da minha própria dor.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora