06 de janeiro de 2013 - Jantar com Weiz

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(Quinn)

A melhor coisa de ir aos jantares mensais na casa do senhor Weiz era a comida boa e de graça. Verdade que a gente pagava o transporte para ir e sair de Kings Point, mas valia à pena. O senhor Weiz era o sujeito responsável por minha carreira paralela de fotógrafa em Nova York. Comecei fotografando o salão de beleza de Lisa Brait, a namorada dele, se é que se podia colocar a relação nesses termos. Tive contato com ela durante o freela. Minha função era fotografar o lugar e usar as imagens para o catálogo da cidade, no Google e no site da internet. Ganhei bons trocados e alguns serviços similares semana sim, semana não. Cobrava 200 dólares pelo serviço e estava montando um portfólio razoável nas redes sociais disponíveis. Conseguia alguns trabalhos de fim de semana fora do círculo de contatos de Weiz. Era um começo, sem mencionar que a grana dava para pagar a minha parte no aluguel, a minha parte no supermercado e cobria as minhas despesas pessoais básicas. Só não conseguia fazer poupança ainda.

Por isso era tão agradecida pela oportunidade e fazia todo esforço para não faltar. Mike não recusava bocas livres. Apesar de não se uma pessoa que "assistida" pelo velho judeu, era um elemento importante ao fazer piadas e comentários certeiros. Rachel não era uma fã de Weiz. Dizia que o sexto sentido dela pulsava negativamente na presença do velho. Santana comparecia por obrigação porque trabalhava nas empresas dele. Se não fosse pela gentileza de empregá-la nos primeiros meses em Nova York, estaríamos fritos. Santana sabe disso, Rachel sabe disso, todo mundo sabe disso.

Rachel e Mike voltaram a fazer "Songbook" ganhando um salário não-miserável. Santana e eu tínhamos nossos estágios. Ela contava com a mesada do avô e eu complementava a renda com os freelas. O dinheiro das despesas da casa agora era dividido por igual: um quarto para cada um. Assim o aluguel ficava barato.

O Senhor Weiz revelou ser um homem mais agradável do que a impressão que passou no primeiro encontro meses atrás. Agia como um severo cobrador com Santana, sempre fazendo perguntas sobre economia, impressões da empresa e mercado financeiro. Era um momento da conversa em que a gente aproveitava para circular pela casa. Pelo menos na parte em que nos era permitida. Mike assaltava o pote de balinhas, eu passava o olho na biblioteca (a coleção de livros de fotografia era formidável), e Rachel sempre avançava na coleção de discos.

Às vezes Rachel e Santana conseguiam arrancar algumas histórias da época em que os avós delas moravam em Nova York e sobre a infância de Hiram. Joel era um funcionário das fábricas do pai de Weiz e os dois conviveram durante a adolescência. O avô das gêmeas foi a pessoa que ajudou Weiz quando o pai dele o mandou "aprender a trabalhar" e os dois tiveram algumas aventuras pelo Brooklin, onde ficava as fábricas de tecido. Ele conheceu Sarah, a avó das meninas, numa festa em Manhattan: ela tocava piano numa banda de jazz para ajudar o pai alcoólatra que nunca conseguia terminar um show. Sarah costumava assumir depois da segunda metade. Dizem que não era tão brilhante quanto ao pai, mas conseguia segurar as pontas dentro da banda. Era bom o suficiente para terminar o show.

Weiz disse que não foi ele quem apresentou Sarah a Joel Berry. Interessante é que ela namorou primeiro Weiz quando tinha 15 anos. Anos depois, ela se casou com Joel. Isso tudo em plena década de 1960, no calor da revolução social e de comportamento.

Weiz também contou o dia em que conheceu as gêmeas. Disse que foi numa festa em Cleveland na casa dos Berry. Elas corriam de um lado ara outro implicando uma com a outra, até que Juan as fez parar e as levou para um canto para dar uma bronca, que elas tinham de se comportar. Depois, Sarah as conduziu para cumprimentar "um grande amigo da família". Era o próprio. Santana dizia que só se lembrava de um encontro com Weiz numa outra festa, quando era mais velha.

De repente, enquanto eu folheava um livro com Mike ao meu lado, Rachel gritou com um vinil em mãos. Saí correndo para ver o que impressionou tanto a minha namorada.

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora