16 de maio de 1012 - The Flea

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(Quinn)

Precisava encarar os fatos: eu nunca teria chances de conseguir um papel na audição. Estávamos todos no táxi, Rachel falava sozinha baixinho, Santana tinha olhar distante e Mike ainda parecia impressionado com a vida numa metrópole, como se toda cena, por mais cotidiana que fosse, tivesse encanto. Não sei qual era a intenção de cada um no teste ou o que nos esperava, mas precisava traçar uma estratégia boa e urgente para conseguir ficar.

O carro parou em frente ao teatro que ficava em Tribeca. O Flea fazia parte do circuito off-off-Broadway e era de propriedade da R&J. O lugar era muito charmoso e fiquei surpresa com isso. Estava preparada para lidar com um buraco temeroso com cadeiras velhas e quebradas, além de ratos atravessando o palco de tempos em tempos. Sem falar nas baratas. Mas o Flea tinha uma recepção bonita, um piano de calda pomposo, piso novinho, acabamento moderno e clean. Rachel explicou uma vez que a classificação dos teatros da Broadway tinha a ver com o tamanho do lugar. Os teatros da Broadway eram os pomposos gigantes para mais de 500 pessoas por sessão. Os off-Broadway eram teatros de até 500 lugares. Em geral, abriga peças menos dispendiosas e mais ousadas. Os bons dramas entram em cartaz em teatros do tipo, em geral numa curta temporada de um a três meses. Muitos off-Broadways costumam ganhar um Tony. Já os off-off-Broadway são teatros de até cem acentos que abrigam peças baratas e abrigam o circuito amador, mas nem por isso é menos popular.

Havia algumas pessoas no lobby e não havia fila do lado de fora. Achei estranho porque sabia que nessas audições para figurantes as filas costumavam ser enormes para se conseguir um lugar entre a multidão. Primeiro nos apresentamos para a moça que estava atrás da mesa e parecia controlar a situação.

"Viemos para a audição. Recebemos cartões dos produtores durante a final do campeonato nacional de corais, que aconteceu no último fim de semana. Os produtores disseram que deveríamos mencionar o fato." Rachel se apresentou com a natural jovialidade.

"Todos vocês vão fazer o teste?" Acenamos. A mulher nos entregou uma ficha e uma senha. "Preencham, anexem o currículo de vocês, com foto, e aguardem no palco sul." Foi seca e parecia entediada.

Currículo com foto? Rachel deu um tapa na própria testa.

"Por gentileza." Mike abriu um grande falso sorriso. "Sabe onde tem uma lan house aqui por perto para a gente poder imprimir nossos currículos?"

"Na próxima rua tem uma."

Rachel saiu correndo. Literalmente ela saiu correndo. E nós fomos atrás. Por sorte a Lan House estava vazia. Cada um de nós escrevemos o que tínhamos na manga (o de Rachel era o maior), tiramos fotos ali na hora e aproveitamos para imprimir tudo. Então nos dedicamos a preencher as fichas. Havia uma sinopse da peça e dos personagens envolvidos. Eu não pensei muito nisso. Escolhi qualquer um e, pela rapidez que preencheu a ficha dela, ela fez o mesmo. Rachel fez inúmeras perguntas antes de se decidir. Uma hora depois, voltamos ao Flea com as fichas preenchidas, currículo anexo e foto impressa. A moça colocou os papeis em pilhas distintas.

"Vocês entregaram em cima da hora! As audições vão começar em vinte minutos."

"Como será?" Rachel estava ansiosa.

"Basicamente os diretores vão fazer uma entrevista rápida de cinco a dez minutos e você vai ter de cantar a capela. Os selecionados para a próxima etapa vão receber o telefonema amanhã."

"Primeira etapa?" Rachel disse quase surtada.

"É... primeira etapa. Hoje o grosso será eliminado. Sexta vai ter um teste de cena com os que ficaram e a gente retorna para o pessoal que será selecionado para o curso."

Saga Berry-Lopez e Fabray (história 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora