14 - Sombra Alada

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"Khaleesi, ali está Balerion revivido."

Aggo

***

Tyrion acompanhou Jon no dia seguinte, enquanto terminavam de retirar o vidro de dragão e organizá-lo nos navios para levar para Winterfell. Jon parecia estranhamente contemplativo ao observar o horizonte naquela tarde após várias horas de trabalho pesado. Estava outra vez no mesmo penhasco.

— Fazendo preces? — Tyrion parou ao seu lado.

— Eu não faço preces.

— Claro que não. Seu deus é a espada.

— E o que mais haveria de ser?

Tyrion percebeu que algo distraía Jon, eram três pontinhos negros no céu: Rhaegal, Viserion e Drogon.

— Ela está lá em cima, não é? — Perguntou Jon, assombrado.

— Ah, sim, ela sempre passeia com os filhos, como uma boa mãe.

Jon continuou acompanhando o trajeto dos dragões. A Rainha parecia dançar com as três feras pelos ares. Os sons estremeciam os céus, soando como trovões.

— Ouvi dizer que você anda perguntando ao povo de Essos quem é Daenerys.

— Alguns a chamam de mãe. — Jon refletia sobre aquilo — Dizem que ela os libertou da escravidão.

— Ah, sim, a Quebradora de Correntes. É um de seus títulos mais famosos.

— As histórias das fogueiras são reais? — Jon olhou de canto de olho para Tyrion — E que ela crucificou pessoas?

— Pessoas que crucificaram crianças.

Jon não disse nada, mas seu rosto entregava seus pensamentos. Crucificação era um tipo de morte lenta e dolorosa, sem qualquer misericórdia. Não era como Ned Stark havia ensinado os filhos a forma de executar os inimigos. Um corte rápido e preciso com a espada era tudo que ele conhecia.

— Eu não sei o quanto você confia em mim. — Tyrion comentou, percebendo o semblante desgostoso dele — Mas muitas vezes na minha vida me pediram para dobrar o joelho para deuses, Reis e Rainhas e eu me recusei sempre. Não que minha reverência seja assim tão relevante, fico ainda menor ajoelhado, mas eu me dediquei a não fazer isso pra ninguém. Mas por ela eu fiz.

— Eu já entendi que você a admira.

— E eu já entendi que os nortenhos tem a cabeça dura como uma pedra. — Tyrion balançou a cabeça, exausto — Mas ela é alguém que merece cada palavra de devoção que você ouviu desse povo. Você logo verá.

— Ela é a última chance de Westeros na sua opinião, não é?

— Está vendo outra?

***

Instantes depois, quando Jon estava sozinho naquele penhasco, Drogon deu a volta pelo céu atrás do castelo e veio planando na direção dele por alguma razão. As asas imensas cobriam várias torres, projetando imensas sombras escuras. Quando pousou um pouco ao longe, o peso de toneladas fez tremer as rochas. Ele veio passo a passo, soltando um grito mortal na direção de Jon.

O coração do nortenho bateu forte quando a cabeçorra negra se aproximou. Tinha cheiro de mato, de sangue e de cinzas. Ele queria fugir e ficar ao mesmo tempo. Drogon era medonho como nada no mundo, mas também o encantava com as belas escamas negras, chifres e placas vermelhas, além dos olhos como dois círculos fumegantes de fogo e sangue. Jon sabia o que ele representava ao mundo. Um dragão não era apenas uma fera, mas uma criatura mística, tão poderosa e repleta de magia que estremecia até o mais corajoso dos homens.

Final alternativo para GOT (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora