92 - Heranças (✓)

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"Adormeci e sonhei que a vida era alegria."

Tagore

***

Após a morte dos lordes inimigos, o Sul se tornou o caos. Agora não havia apenas o frio, a fome e o medo, mas também os conflitos familiares. Os castelos eram tomados, os bastardos dos mortos travavam batalhas e as execuções de rebeldes se tornaram frequentes. Casas menores tomavam o lugar das maiores e viúvas e filhos órfãos tinham de tomar à frente dos exércitos dos maridos e pais mortos.

Jon, os nortenhos, selvagens, imaculados e dothrakis chegaram à Campina depois de algumas luas, apenas para encontrar um território em ruínas. A notícia do feito de Tyrion havia se espalhado muito rápido, tomando todos de assombro.

— Temos de tomar cuidado. — Dissera Sam a Jon — Chegamos à Monte Chifre, as terras da minha família.

Sam não sabia se seu pai, sua mãe e irmãs estavam vivos. A única coisa que sabia era que ele não seria bem vindo ali.

— Há notícias de que as casas inimigas querem vingança pela morte dos seus chefes. — Jon havia alertado o amigo — Temos que estar prontos para um ataque.

O acampamento dos exércitos estava silencioso naquele dia. Os homens descansavam para partir em algumas horas. Enquanto isso, recostado em uma grande árvore, Jon cochilava e tremia de frio. Em determinado momento, abriu os olhos de uma vez como se alguém o chamasse, então seu corpo foi tomado de um inebriante calor. Ele olhou para as palmas das mãos que ardiam e se ergueu, alerta para qualquer coisa ao redor. Ao segurar a espada, o aço valiriano se tornou róseo de tão quente. O ar foi tomado pelo cheiro de flores da primavera, mas para onde quer ele olhasse só via neve e escuridão. Jon pensou em Dany e sentiu uma grande e inexplicável felicidade.

***

Os ventos do inverno sopravam o frio para dentro de seu coração de dragão e as perdas enlaçavam sua feroz alma com o terror. Mas o sonho da primavera vinha com o nascer das chamas de sua criança e fazia seu mundo renascer das cinzas.

Ainda no que restava da fogueira, os braços de Dany se enrolaram obsessivos ao redor daquele pequeno corpo ao visualizá-lo perfeitamente. Era leve como uma pluma e quente como uma brasa. Aquele bebê não havia chorado para nascer e apenas resmungava enquanto procurava o seio da mãe. Dany sentiu a língua e os lábios calorosos se enroscando em seu mamilo e foi tomada de uma surpresa dolorosa, estranha, porém, muito doce. Quando passou a mão trêmula pelos ralos e quase inexistentes cabelos da criança albina, grandes olhos cinzentos se abriram em sua direção.

— Os olhos de meu amado Jon. — Notou ela, com carinho.

Daenerys queria Jon ali mais do que nunca. Queria ver a expressão dele quando visse aquela criança pela primeira vez. Sabia o quanto a amaria, o quanto seria bom para ela.

Quando sentiu algo fazendo cócegas em sua bochecha e passou os dedos, entendeu que eram lágrimas e riu de si mesma. Talvez tenha ficado com um sorriso no rosto por muito tempo, sequer se importando com os olhares dos que estavam ao redor.

Logo nas primeiras horas, pessoas vieram de todas as partes do Norte. Traziam presentes e perguntas de assombro. A história da fogueira se espalhava tão rápido quanto a claridade e já começava a correr para o Sul.

— O que é? — Questionavam eles — O que é o Dragão da Alvorada?

— Uma princesa! — Falavam entre si — Uma garotinha de olhos e cabelos de prata! Uma princesa de gelo, mas nascida no fogo!

Final alternativo para GOT (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora