53 - O Príncipe (✓)

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"Ele é o príncipe que foi prometido e é sua a canção de gelo e fogo..."

Rhaegar Targaryen

***

Jon seguia pelo corredor pensando no caos que logo se instalaria se não fizesse uma escolha. Os exércitos ficariam agitados e as rédeas do reino estariam completamente soltas se Daenerys não se recuperasse logo. Mas ele não sentia que ela estava bem, alguma coisa estranha estava descendo sobre ela, um desafio cortante em sua alma de Dragão.

— Se não temos mais uma Rainha, ainda temos um Rei. — Sansa havia lhe pressionado — Você pode comandar o reino e liderar os exércitos. Faça isso por nós e também por ela. Daenerys precisa que seja seu Rei agora, como todos nós precisamos.

E por mais que Jon não quisesse, no fundo sabia que aquela guerra sempre havia sido sua e que aquele povo sempre havia sido o seu. Aquela terra era gentil com lobos, mas castigava os dragões.

Jon entrou no quarto e viu Daenerys dormindo com as mãos sobre o ventre. Havia adormecido olhando para o lado, provavelmente esperando o amanhecer surgir na janela. Esperava sempre ver os dragões aparecerem por ali.

Ele se aproximou e ela logo despertou com o som de seus passos. Torceu para que Dany estivesse consciente e não febril e delirante outra vez. Sempre desejava que ela o percebesse ali ao seu lado, mas nem sempre conseguia. Ela viajava no terror da Longa Noite, que a pressionava para uma guerra invisível que ocorria em seu interior.

Jon se sentou na cama e esperou que o olhar dela o encontrasse. Quando isso aconteceu ele sorriu, satisfeito por saber que Dany o estava vendo. Então acariciou a maçã descorada de seu rosto, deixando a ponta dos dedos vagarem pelos cabelos prateados.

— Eu amo você. — Foi a primeira vez que disse a ela.

Dany bebeu avidamente essas palavras e quando apertou a mão dele, Jon soube que ela o ouvia e que nunca esqueceria aquele instante. Ele foi tomado pela coragem e pelo pavor do que estava criando com ela. Havia algo muito frágil em tentar cultivar amor na escuridão.

***

No pátio de Winterfell, o frio, o escuro e a neblina assustavam a todos. As tochas precisaram ser acesas por todos os lados ou ninguém enxergaria os próprios pés. Enquanto Sansa administrava o castelo, acalmando os criados e preparando a todos para o que viria, Jon dava ordens para os líderes das tropas.

— Os dothrakis e imaculados precisam terminar as valas ao redor de Winterfell. Vamos enchê-las de fogo para defender o castelo dos ataques e manter tudo iluminado e aquecido. As tropas do Norte e do Vale devem se organizar com as demais nas principais entradas dos vilarejos para proteger e orientar os cidadãos, além de nos avisar da aproximação dos Outros.

Sor Davos, junto aos homens do Norte e do Vale acataram prontamente suas ordens, mas Verme Cinzento olhou para Jon com desdém e não se mexeu. Jorah, vendo isso, engoliu o próprio orgulho e se virou para o imaculado.

— Nossa Rainha apoiaria. Viemos para essa guerra por ela e devemos continuar servindo aos propósitos dela.

Verme Cinzento olhou para os dois com hostilidade, deu as costas e se retirou. Não dava para saber se isso era um sim ou um não.

— Falarei com os dothrakis. — Jorah se comprometeu — Mas não garanto nada.

Jon fez um sutil gesto de agradecimento, enquanto sentia o focinho gelado de fantasma esfregar em sua mão. Ele afagou o pelo do lobo branco enquanto Sor Jorah se afastava.

— Vamos... — Jon subiu no cavalo e trotou ao lado do lobo, observando o movimento das pessoas ao redor do imenso castelo.

Enquanto Jon passava, todo o povo do Norte o olhava com respeito e admiração. Os exércitos de Dany, contudo, fingiam que ele não existia. Apesar disso, todos estavam obedecendo aos seus comandos. Os que não faziam por ele, faziam por ela, por Daenerys. Todos estavam unidos ali pelos seus Reis.

No fim do dia, Jon foi avisado de que Bran queria falar com ele, então foi procurá-lo no interior do castelo cinzento. Encontrou-o em uma pequena sala iluminada por velas, ao lado de Sam e Gilly.

— Ouvi dizer que está fazendo um bom trabalho, Jon. — Disse Sam, com um grande sorriso — Será um bom Rei, sabia?

Ele estava abatido e fez um gesto desajeitado de agradecimento antes de se sentar ao lado do irmão. Não estava fazendo aquilo por desejar fazer, mas por seu povo e por sua Rainha.

— O que quer me falar, Bran?

A voz do Corvo saiu cortante:

— Descobrimos quem foram seus pais.

Sam arregalou os olhos e deu uma risadinha sem graça.

— Achei que fôssemos prepará-lo melhor para isso, mas você tem seu jeito especial, não é?

— Não há tempo. — Respondeu Bran, irritado — O menino deverá morrer para nascer o homem.

O coração de Jon estava acelerado e a voz do Corvo era fria e cortante como o gelo.

— Você é o último príncipe, Jon. Suas escolhas, a partir de hoje, escreverão o futuro.

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Nota: Dany se feriu e Jon está na hora de mostrar seu valor ao lado dela, não sendo apenas um enfeite. Penso que ele precisa ter um pouco mais de importância do que a série deu. Não estou diminuindo a Dany, apenas mostrando um pouco do Jon.

Final alternativo para GOT (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora