"O sangue de Aegon, o Conquistador, corre nas veias dela."
Illyrio Mopatis
***
Tendo emagrecido durante aqueles dias de febre, Dany parecia ainda menor entre aqueles homens brutos e corpulentos, mas seu rosto conseguia ser mais selvagem que o deles. Jon não podia dizer que a debilidade dela não o preocupava, mas principalmente o preocupava levá-la para uma guerra com um filho seu no ventre.
— Sim, eu prometi. — Respondeu Jon, firmando a voz — Por isso mesmo posso proteger você quando achar que devo.
Daenerys se espantou com a ousadia, mas seu coração se aqueceu e segurou o sorriso que tentava surgir. Era um bom Rei e um bom marido, no fim das contas, mas precisava confiar nela, precisava ver que eram iguais e que não tinha de poupá-la como uma dama indefesa.
— De qualquer forma, hoje eu tinha de vir por eles, Jon.
— Por eles?
— Por meus filhos. — Respondeu ela de forma sonhadora — Eles voltaram.
Jon olhou para Jorah em busca de explicações, mas o cavaleiro apenas balançou a cabeça em negativa. Os dragões não haviam voltado, mas Daenerys parecia seguir imersa nessa ilusão.
— É melhor irmos agora, Dany.
— Não... — Ela olhou para o horizonte escuro atrás dele — Ainda não.
Para desespero de Jon, Daenerys bateu os calcanhares e fez o cavalo disparar. A maioria dos homens ficou sem reação ao vê-la passar a toda velocidade. Não entendiam o que ela estava fazendo.
— Dany! — Jon a chamou, mas foi inútil, então galopou o mais rápido que conseguiu atrás dela, vendo suas tranças longas e prateadas sumirem diante de seus olhos. Daenerys foi rapidamente engolida pela densa neblina e se afundou na escuridão.
Jon parou, olhando para os lados, totalmente aflito. Não conseguia mais saber para onde ir, pois não dava para ver absolutamente nada, nenhum caminho, nenhum sinal. Sua respiração ofegante soltava vapor no ar gelado e seu peito doía. Logo os demais homens se aproximaram correndo e todos ficaram olhando para o nada em silêncio, até que o cavalo branco de Daenerys veio galopando de volta. Jon prendeu a respiração ao ver o animal se aproximar, mas não havia ninguém em sua cela.
— Onde ela está? — Perguntou Arya à Jon, com enormes olhos espantados.
— Não sei. — Respondeu ele, se preparando para ir atrás dela — Mas vou encontrá-la.
Quando Jon atiçou o cavalo para correr, no entanto, o animal empinou, assustado. Ele viu então centenas de pontos azuis surgindo na escuridão. Centenas de olhos que o encaravam e centenas de gemidos indecifráveis que soavam raivosos. Então o cheiro da morte foi enchendo o ar, o cheiro dos corpos decompostos que estavam à alguns passos de distância. Jon puxou a espada e os soldados fizeram o mesmo, ficando em posição de combate.
— Ela entrou no meio deles. — A mente de Jon o torturava — Ela correu para a morte.
Havia, entre os mortos, muitas pessoas dos vilarejos, crianças, mulheres e homens que, por teimosia ou descrença, não haviam se escondido em Winterfell. Pessoas que preferiram ver com os próprios olhos... e viram.
Os mortos atacaram e os vivos sentiram outra vez o horror tomar conta de seus corações. Para onde se olhava havia gargantas sendo rasgadas, gritos de agonia e a neve se tornando vermelha de tanto sangue. Sons de espadas, do relinchar dos pobres cavalos e dos ossos se partindo formavam a música sinistra a cantar na noite.
Cada soldado que morria, se levantava para lutar do lado dos mortos, confundindo a cabeça dos vivos. Os nortenhos ficavam cada vez mais aflitos ao ver seus companheiros mortos se erguendo contra eles. Eram amigos, treinavam, riam e bebiam juntos e por isso acabavam exitando antes de cravar-lhes a espada no coração. Os dothrakis se importavam menos com a morte, mas eram supersticiosos e aqueles demônios eram o que de mais terrível haviam visto em vida.
De repente, todos ouviram uma rajada de ventos e estrondos, como em uma tempestade sem chuva. O ar começou a aquecer e gotículas de água começaram a se cristalizar sobre a testa dos homens. Jon olhou para cima bem a tempo de ouvir o rugido do dragão e ver a cascata de fogo descer sobre os mortos.
— Drogon... — Sussurrou Arya, sorrindo para si mesma.
O fogo veio arrebentando o chão lamacento e dizimando os cadáveres. O coração dos homens se aqueceu e seus espíritos ganharam vida outra vez. Era possível ver os caminhos, ver uns aos outros e tudo que havia ao redor. O dragão era a luz, a única e maior luz do mundo naquele momento.
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Nota: A parte emocional sempre acho válido destacar. Poderiam ter feito mais personagens mortos-vivos na série e a confusão mental dos vivos tendo de mata-los. E, não, não matei os dois dragões na muralha. Esse não era meu plano.
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Final alternativo para GOT (concluída)
Hayran KurguVocê também odiou o final de GOT? Então venha aliviar seu coração com esse final alternativo. Essa história é sobretudo para os fãs de Daenerys Targaryen, mas todos os personagens tiveram seus destinos reformulados. Busquei ser o mais coerente e fi...