Final alternativo para GOT (concluída)

35 - Sangue do meu sangue

"Um Targaryen sozinho no mundo é uma coisa terrível."

Meistre Aemon 

***

Jon e Dany conversaram por muito tempo enquanto o navio partia em alto mar. Eles olhavam para Viserion e Drogon brincando nos ares e revelavam suas preocupações. A de Jon era Arya.

— Ela disse que não viria conosco, que precisava resolver alguns assuntos com os Frey. — O rosto dele ficou tomado de dor ao recordar o Casamento Vermelho. Sabia que Arya queria vingança. Ele próprio queria, mas tinha outras prioridades.

— Ela ficará bem. — Disse Dany — Os dothraki cuidarão dela.

Jon olhou bem para o rosto dela, perdido entre as mechas do cabelo que o vento bagunçava.

— Como uma garota tão jovem como você se tornou a Rainha de um povo tão selvagem?

— Foi tão simples quanto você se tornando Lorde Comandante da Patrulha.

Jon abriu um meio sorriso. 

— E não sou a Rainha deles. Sou a Khaleesi deles. — Ela ergueu os olhos aos céus quando ouviu o bater das asas de seus dragões descendo e voltando a subir para as nuvens, causando intensa ventania — Cada dothraki é meu irmão, sangue do meu sangue. Eles juraram morrer comigo.

— Costumava ouvir que eles desprezavam as mulheres.

— Eles desprezam o que consideram frágil. — Corrigiu ela — A primeira coisa a se saber sobre os dothraki é que eles respeitam os líderes que cavalgam os cavalos mais selvagens. Mas eu não cavalgo um cavalo, Jon, eu cavalgo um dragão.

Ele pensou no que isso significava. Dragões eram as feras mais violentas e indomáveis que o mundo tinha conhecimento. Não era de se admirar que os dothraki adorassem a única que era capaz de montar um.

— Mas, de fato, é o último povo que se imaginava que seguiria uma mulher. — Continuou Dany, ainda olhando seus filhos — Mas isso mudou quando eu matei os líderes de seus khalasares, cumprindo a antiga profecia dothraki de unir todos em único khalasar e os levar para cavalgar até os confins da terra. — Ela se virou para Jon — A profecia do Garanhão que Monta o Mundo é de uma mulher, Jon Snow. É minha. Hoje o mundo dothraki tem outra visão das mulheres.

Um silêncio pesado se abateu sobre eles. Jon parecia pensativo sobre os atos dela.

— Pensa que sou cruel por ter matado aqueles homens? — Desconfiou ela, mas não esperou a resposta — Não pensaria se você fosse uma jovem desarmada, aprisionada em uma tenda com cem homens prometendo fazer fila para te estuprar e depois te amarrar nua em um pasto para verem seus cavalos fazerem o mesmo.

Jon se virou, tomado de fúria, com um desejo inútil de voltar ao passado para protegê-la. Mas logo se deu conta de que ela não precisaria, de que havia sido capaz de se defender sozinha. Estava começando a entender o quanto a ferocidade dela era necessária, pois uma garota tão jovem e franzina jamais sobreviveria sozinha se não fosse realmente feroz.

— Não penso que seja cruel. — Respondeu ele com sinceridade — Ando pensando se Meistre Aemon não tinha mesmo razão sobre você.

Dany ficou confusa ao ouvir aquele nome e Jon logo se deu conta de que ela não tinha como saber dele.

— Seu tio-avô, Aemon Targaryen, serviu na Patrulha da Noite onde estive nos últimos anos. Infelizmente ele morreu pouco antes de você chegar aqui em Westeros. Vivia por amaldiçoar a idade que tinha, pois isso o impedia de ir até você. Ele queria ajudá-la, queria estar com você, trazê-la para casa.