23 - O sangue do lobo

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"A Agulha era Robb, Bran e Rickon, a mãe e o pai, até Sansa. Agulha era as muralhas cinzentas de Winterfell e o riso do seu povo. Agulha era as neves de verão, as histórias da Velha Ama, a árvore coração com suas folhas vermelhas e seu aspecto assustador, o cheiro quente da terra dos jardins de vidro, o som do vento do Norte estremecendo as janelas do seu quarto. Agulha era o sorriso de Jon Snow. Ele costumava despentear seus cabelos e a chamar de irmãzinha. — Arya recordou e de repente lágrimas brotaram em seus olhos."

Arya, O Festim dos Corvos

***

Arya elevou Agulha, apontando-a para o queixo de Jon. Ele empunhou Garralonga e abriu um sorriso. Enquanto brincavam, o suor descia por seus rostos corados pelo sol. O barulho do aço batendo era como uma música alegre para os ouvidos deles.

Jon estava espantado com as habilidades dela, com a forma como se defendia e atacava, saltando como um gato selvagem enquanto gargalhava com aquele jogo. Garralonga nunca a tocava e Jon não sabia mais se era ele que não queria feri-la ou se Arya era realmente espantosa com uma lâmina nas mãos. O que ela havia se tornado, afinal? Com quem sua irmã mais nova estivera aprendendo todas aquelas coisas?

— Ninguém. — Foi o que ela respondeu pouco depois, quando se sentaram no gramado para conversar — E você? O que vai fazer agora?

Jon respirou fundo.

— Tudo o que for preciso para salvar o Norte. Para salvar a todos nós, na verdade.

— Eu sei que vai conseguir. — Arya o encarou com a mesma admiração de quando era criança — É o melhor Rei que um povo poderia querer, Jon.

Seus olhos cinzentos brilharam para a irmã.

— Senti a sua falta.

— Também senti sua falta. — Respondeu ela.

Naquele momento, algo os interrompeu. Um estrondo nos céus, como trovões. Eles se viraram e viram os dragões dando a volta abaixo das nuvens. Daenerys descia com Drogon na parte gramada no castelo, atenta à menina que a observava sem medo.

Quando Drogon se abaixou para que Dany descesse, os olhos de Arya se abriram brilhantes junto de um enorme sorriso diante da fera negra de olhos vermelhos. Lembrou-se das histórias da Velha Ama e também dos crânios polidos dos antigos dragões que encontrara na Fortaleza Vermelha anos atrás. Teria corrido na direção de Drogon e Daenerys se Jon não a impedisse.

Daenerys se aproximou deles enquanto Drogon subia para os céus atrás de Viserion, balançando os galhos das árvores. Constatava que a irmã de Jon Snow tinha um rosto infantil, porém, feroz. Quando ficaram frente a frente, ambas sorriram.

— Interrompi? — Perguntou Dany — Me disseram que havia uma jovem Stark por aqui e resolvi que precisava conhecê-la.

— Essa é a Arya. — Apresentou Jon, com um sorriso terno que Dany nunca tinha visto — É minha irmã caçula e uma grande espadachim pelo que percebi agora à pouco.

Arya sorriu antes de se virar para Daenerys. Era a primeira vez que a via e não a imaginava tão franzina e jovem.

— E você é a Rainha de Meereen, não é?

— Sou Rainha dos Sete Reinos agora.

Arya sorriu de lado com sagacidade. Sabia que ela esperava reverências, mas não o faria.

— É? Mas não matou Cersei ainda, matou?

— Não. — Dany não deixou de sentir a estranheza daquela menina. — Ainda não.

Final alternativo para GOT (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora