69 - A Grande Guerra - ato II (✓)

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"Você nunca andará novamente, Bran, mas você voará."

Corvo de Três Olhos

***

Fantasma arregalou os olhos vermelhos e seu pelo branco se arrepiou quando o cavalo foi surgindo. Ninguém conseguia entender como a Mulher Vermelha havia se juntado a eles. Foi como se tivesse se materializado ali.

— Ela voltou. — Chiou Davos ao lado de Jon. O corpo dele se ouriçava de ódio sempre que a via.

Melisandre se aproximou e, ao ver Davos, seu peito foi corroído pelo remorso outra vez. Era como se estivesse vendo a pequena Shireen queimar dentro dos olhos dele. Seus erros... Seus terríveis erros...

— Não precisa me matar. — Disse a sacerdotisa a ele — Eu morrerei essa noite. Isso eu prometo a você.

Melisandre parou ao lado de Jon.

— Os Deuses Antigos não estão aqui hoje, majestade. — Os olhos dela continham faíscas como um braseiro — Mas o Deus Vermelho está.

Quando ela segurou Garralonga, a espada afiadíssima rasgou a pele de seus dedos e o sangue desceu por seus punhos e pela lâmina brilhante. Ela não pareceu sofrer com a dor, pelo contrário, seu rosto denunciava prazer.

— R'hllor, lance sua luz sobre nós... — A Mulher Vermelha iniciou sua prece alta — R'hllor, defenda-nos... — O coração dela tremeu, suplicante — Esteja conosco, proteja-nos... Pois a Noite é escura e cheia de horrores...

Quando a última palavra foi pronunciada houve uma explosão. Seu sangue impregnado na espada de aço valiriano a fez se incendiar. Jon mal teve tempo de reagir e cada espada que estava erguida também pegou fogo. Desde as foices dos dothrakis às lanças dos imaculados e às espadas dos nortenhos. O fogo lambeu cada lâmina que estava à serviço do Senhor da Luz naquela guerra.

Melisandre passou então por eles, sentindo o calor e a luz do fogo aquecendo as almas frias dos soldados. Então trotou rumo aos portões do castelo.

— Valar Murghulis. — Disse à Verme Cinzento.

— Valar Dohaeris. — Respondeu o imaculado com olhar bruto enquanto a observava passar por ele e entrar pelos portões que se abriam para ela.

***

Arya e Gendry estavam logo atrás de Jon quando os Outros chegaram. Dava para sentir a onda de frio e os chiados das gargantas mortas. Eles viram pedras escuras sendo jogadas na direção deles, mas não tinham o peso de pedras. Logo eram dezenas e milhares atiradas do outro lado, do lado da escuridão. Quando uma daquelas coisas rolou para perto da pata de seu cavalo, Arya sentiu o sangue gelar.

— Não são pedras... são cabeças. — Disse ela, vendo os cabelos infantis desgrenhados e os lábios roxos entreabertos. Onde deveria haver os olhos, havia apenas dois buracos negros e profundos.

— Crianças dos vilarejos. — Entendeu Jon, enquanto outras centenas eram jogadas por cima do fogo. Centenas de crianças mortas. Elas não serviam para serem soldados, eram apenas um prazer dos Outros matá-las para provocar a ira dos vivos.

Estão todos ouviram os gemidos e os corpos que se aproximavam, formando sombras demoníacas que dançavam atrás das chamas esverdeadas do fogovivo que os separava. Era possível ver ao longe sombras de tentáculos de lula, de asas de dragões, chifres de veados, jubas de leão, focinhos de lobos, todos se enlaçando e morrendo, sombras de crianças gritando e risos guturais de seus assassinos. O horror dançava na frente dos homens que começaram a sentir o pânico em seus espíritos.

Final alternativo para GOT (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora