97 - Corvo de Sangue (✓)

772 88 56
                                    

"Quantos olhos o Lorde Corvo de Sangue tem? Mil olhos e mais um."

Duncan, o Alto

***

Sansa olhava intrigada para o aço valiriano diante do fogo. A adaga que fora de Mindinho brilhava na palma de sua mão, iluminada pelas chamas da lareira da pequena sala em que se encontrava. Era uma peça rara, valiosa, mas ela sentia que havia um mau agouro impregnado nela.

— Vejo que ainda a carrega consigo. — Comentou Bran, que a observava sentado próximo à janela. Já era noite e fazia alguns dias que Daenerys partira — Sabe que Arya a deu a você por uma boa razão. Os objetos também tem seu destino e essa adaga está esperando.

Sansa notou que Bran a observava de forma estranha. Nos últimos tempos se sentia dividindo o lar com um estranho, com alguém que a todo tempo estudava seus movimentos.

— Há algo que gostaria de entender. — Ela caminhou na direção dele com cautela — Houve outro antes de você, não é? Outro Corvo de Três Olhos.

— Brynden Rivers. — Respondeu Bran — Foi Mão do Rei há vários anos.

— E foi bom no cargo, imagino.

— Por sua habilidade de ver tudo, ele podia prevenir qualquer tipo de perigo que viesse na direção de Porto Real.

Ela ergueu as sobrancelhas em sinal de compreensão e se sentou à frente de Bran.

— Septã Mordane dizia que ele foi um dos homens mais cruéis do Rei Aerys I.

— Você sempre foi uma boa aluna. — Disse ele, com uma voz desafiadora. Sabia que Sansa estava imaginando se a mesma maldade vivia no irmão caçula.

— Diga-me, o que houve com o antigo Corvo, Bran?

— O Corvo de Sangue, como Brynden ficou conhecido, se tornou Lorde Comandante da Patrulha da Noite, mas desapareceu além da muralha em sua última missão. Ele foi a última pessoa vista carregando a Irmã Negra e acredita-se que a levou junto dele.

— Irmã Negra?

— A espada ancestral da casa Targaryen. — Explicou Bran — Brynden era filho bastardo do Rei Aegon Targaryen IV.

Sansa entendeu que Bran sabia do paradeiro dessa espada, da mesma forma que sabia do paradeiro de Brynden, mas não era algo que contaria a ela. 

— Se você agora é um feiticeiro e não meu irmão, um Vidente Verde e não um Stark, o que você quer Bran? O que o antigo Corvo queria?

Enquanto olhava para Sansa, Bran recordava do velho embrenhado entre os galhos retorcidos naquela caverna além da muralha. A figura estranha que havia sido hospedeira do Corvo de Três Olhos antes de passar a entidade a ele ainda assombrava seus sonhos.

— Vá até a lareira e olhe para as chamas, Sansa.

Ela estranhou a ordem, mas obedeceu. Enquanto se levantava e se dirigia para a lareira, a voz do Corvo ressoava nas pedras que formavam as paredes ao redor.

— Olhe o mais profundo delas. 

Por um momento, Sansa se sentiu estúpida tentando ver algo nas chamas, mas então uma sequencia de acontecimentos começou a passar diante de seus olhos. Havia gritos, sons de espadas e sangue na neve. Ela viu também um guerreiro lutando com uma espada longa de aço brilhante. A lâmina estava ensanguentada e o elmo cobria a cabeça da pessoa, mas, de algum modo, Sansa soube que não era um guerreiro, mas uma guerreira. Era Rhaella.

Final alternativo para GOT (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora