Final alternativo para GOT (concluída)

67 - A escolha de Jon (✓)

"Mais cedo ou mais tarde na vida de todo homem, chegará um dia em que não será fácil. Um dia em que ele deverá escolher. Você deve fazer a escolha por si mesmo e viver com ela para o resto de seus dias."

Meistre Aemon

***

O castelo de Winterfell tinha sido construído sobre nascentes naturais de água quente, e as águas escaldantes corriam por suas paredes e quartos como sangue pelo corpo de um homem, afastando o frio dos salões de pedra, enchendo os jardins de vidro com um calor úmido, impedindo o congelamento da terra. Lagoas ao ar livre fumegavam noite e dia numa dúzia de pequenos pátios. Isso, no verão, era coisa pouca, no inverno, era a diferença entre a vida e a morte.

Naquelas horas, no silêncio da espera, Jon procurou por Daenerys. Ela havia se afastado dos demais e ele a encontrou no quarto dos dois, muito concentrada em frente às vidraças da grande janela.

- Chegou a hora. - Disse ao se aproximar, mas ela não se mexeu.

Os dois estavam parcialmente trajados para a batalha, faltando apenas algumas camadas de outras vestes que viriam sob as armaduras.

- Podemos morrer hoje. - Sussurrou ela.

- Podemos.

- Desde que você descobriu que compartilhamos o mesmo sangue, há dias em que fica ao meu lado e outros em que foge de mim. - Ela o encarou, fria e angustiada - Hoje vai ser qual desses dias, Jon?

Ele ficou momentaneamente paralisado. A culpa o corroía.

- Você é a última lembrança que quero ter antes de morrer, Dany. - Respondeu suavemente.

- É tudo o que tem a me oferecer? - Ela sussurrou enquanto se voltava para a escuridão atrás da vidraça - Uma despedida?

Ele respirou fundo antes de ir se posicionar ao lado dela na janela. Ficou observando a neve que caía e a profunda escuridão ao longe. Nenhum dos dois se olhava.

- Sei que esperava mais de mim do que lhe dei. - A voz grave embaçou o vidro - Mas, se sobrevivermos, você terá mais de mim.

Ela sorriu e se entristeceu ao mesmo tempo.

- O peso de ser um Stark o impediu de estar inteiro ao meu lado, não é? - Sua voz saiu mais amorosa do que gostaria - Você negou nosso laço de sangue para se sentir melhor quando se deitasse comigo. E se sentiu culpado em vez de se sentir feliz pela criança que geramos graças à magia em nosso sangue.

Ele se virou para ela, enrugando a testa, perplexo. Era isso que ela havia entendido?

- Ela nunca foi suja, Jon. - Dany balançava a cabeça ainda sem olhar para ele - Ela sempre foi um presente divino.

Ele queria saber que palavras usar para explicar quanto amor tinha por ela e pelo bebê que trariam ao mundo. Ficou alguns segundos pensando nisso.

- Sabia que eu nunca rezei aos Deuses Antigos? - Contou ele - Nem quando criança. Quando nos obrigavam, meus irmãos recitavam baixinho as preces enquanto eu recitava as lições de Sor Rodrick sobre o uso da espada.

Dany se virou para ele, querendo saber aonde Jon chegaria.

- Mas eu comecei a fazer preces quando Bran me contou sobre nossa criança, Dany. - Jon confessou, olhando para o horizonte negro - Peço sempre aos deuses que o protejam... que não a tirem de nós.

Dany soltou o ar doloroso que carregava no peito. Precisava ouvir algo assim.

- Eu nunca me sentirei um Targaryen, da mesma forma que nunca me senti um Stark. - Ele continuava a se confessar à ela como nunca fazia com ninguém - Nunca fui dono de nada, nem mesmo do meu nome. Nunca pude me prender à qualquer coisa. Mas você e essa criança... - Ele baixou a cabeça e respirou fundo mais uma vez - São os primeiros bens que eu tenho na vida, que eu realmente tenho.