"Lembre-se de quem você é, Daenerys, ... Os dragões sabem. E você?"
Quaithe
***
Os exércitos, liderados por Jon e Verme Cinzento, desceram pelas estradas até o Sul, passando as Terras Fluviais. Estava tudo quieto no Norte, por conta da devastação dos Outros, mas no Sul havia saques, estupros e gritaria nas tavernas cheias de bêbados. Grande parte da loucura vinha da ideia que os homens tinham de que aquele era o fim do mundo, e então não havia mais lei.
Os homens de Daenerys eram impiedosos com os que via cometendo crimes, deixando um rastro de sangue por onde passavam. Se viam alguma mulher ser estuprada, eles degolavam o homem, castravam-no e enfiavam o pênis dentro de suas bocas. Se alguém era pego saqueando, tinha o peito perfurado por uma lança, depois as mãos e a cabeça eram penduradas em estacas pela cidade, para dar o exemplo.
Arya e Gendry haviam partido bem à frente e, vagando por uma cidadezinha, encontram várias casas abandonadas. Uma delas estava aberta e havia luz em seu interior, apenas uma brasa acesa na lareira, mas o suficiente para atraí-los. Quando entraram, viram um velho encolhido em uma cadeira diante dela. Estava roxo, completamente congelado. Arya pegou uma adaga de vidro de dragão e cortou a garganta dele de fora a fora.
— Pra que fez isso? — Perguntou Gendry.
— Quer que ele acorde? — Ralhou Arya — Me ajude a jogá-lo lá fora. Vamos queimar os móveis para nos aquecer ou terminaremos como ele.
Não era incomum encontrar pessoas congeladas. Os casebres humildes dos pobres esfriava tanto que seus corações paravam de bater enquanto dormiam. Mas era preciso ter cuidado, pois quando o sopro da Longa Noite caía em seu corações, eles despertavam e começavam a andar.
— Crianças já foram vistas por aqui caminhando com olhos azuis pela noite. — Contou Gendry, sentando-se ao lado dela diante do fogo da lareira — Estavam de mãos dadas, enganando as mulheres e os homens que corriam para tentar socorrê-las do frio. As crianças são as que mais matam...
— Isso porque são as que mais morrem. — Lamentou Arya — As crianças não sobrevivem muito tempo ao frio e a fome.
Eles jogavam partes de um banquinho na pequena lareira, enquanto tremiam, sentindo a pele dolorida de frio. A cabana era muito baixa e sem qualquer proteção contra os ventos gelados que entravam por todas as dezenas de frestas, arrepiando o corpo dos invasores.
— Não deveria ter me acompanhado. — Arya olhou para ele com seus grandes olhos brilhando à luz das chamas — Eu posso chegar à Fortaleza Vermelha sozinha.
— Não quis perder você de vista mais uma vez. — Ele olhou para o fogo, sentindo-se um tanto sem jeito com ela — Sabia que agora sou Gendry Baratheon? A Rainha me nomeou.
Arya sorriu para ele.
— Eu fico feliz por você.
Gendry ficou olhando para o sorriso dela, então se inclinou e a beijou. Arya não resistiu, mas estranhou o momento e o deteve. Ao ver o rosto dele, cheio de espanto, ela pensou melhor, segurou a gola de sua camisa e o puxou para si. Era melhor beijá-lo do que ficar pensando nos Outros.
Ao começar a sentir a excitação, Gendry parou de beijá-la e tirou a mão de dentro da blusa dela, lembrando-se de que Arya era filha de uma família nobre. Não era como uma garota livre de uma aldeia ou uma prostituta.
— Não posso fazer isso.
— Por quê? — Ela ergueu as sobrancelhas e riu — Você não sabe fazer?
— Claro que sei! — Respondeu, ofendido
Ela então o puxou de volta..
— Então me ensine.
***
No quarto de Dany, a lareira estava com as chamas altas, aquecendo o ambiente além do que a maioria acharia necessário. Apesar de Winterfell ser muito aquecida, nada fazia a Rainha se sentir confortável ali. Mesmo após o fim da batalha, o frio permanecia a incomodá-la.
— Cuide de seu dragão. — Um vento soprou nos ouvidos dela e a acordou.
Ao erguer o corpo da cama, puxando o cobertor sobre os ombros, seus olhos não conseguiram entender de imediato o que via. Uma sombra caminhava por ali. Ela sentiu o coração acelerar e sua pele ficando fria e suada. Já tinha tido pesadelos acordada antes, se é que aquilo era um pesadelo. Eles nunca significavam coisas boas... Nunca.
— As lâmpadas de vidro estão queimando... — Sussurrava a sombra, que ondulava pelas paredes, andando de um lado e outro — Cuidado com o senescal perfumado...
— Quaithe... — Dany a reconheceu.
— Cuide de seu dragão...
A janela se abriu com força e uma rajada de vento entrou, espantando a sombra. Daenerys foi se levantar para fechá-la, mas sentiu vertigens e voltou a sentar-se. Ao observar o lençol, notou uma pequena mancha de sangue. Ela sentiu o peito doer e foi se afastando da mancha como se fosse uma aranha ou qualquer outro bicho sobre a cama.
Logo a porta de seu quarto foi aberta e dois imaculados entraram. Eles ficavam alertas dia e noite, mesmo que Daenerys não pedisse. O barulho os havia alertado. Um deles fechou as janelas e o outro foi alertar os servos.
Duas mulheres do castelo vieram ver Daenerys e lhe deram alguns chás e compressas. Elas eram mais velhas e pensavam tristemente nos finais que tinham os casos como o da Rainha. Imaginavam que ela não estava bem, por causa da febre, o pouco peso e da palidez.
Sansa veio um pouco depois e se sentou na cama ao lado dela. Não parava de pensar no que Bran havia dito. Quando pensava em seu irmão caçula, confiava em suas palavras, mas quando pensava no Corvo, tinha dúvidas. Se Daenerys ficasse, estaria longe dos perigos de uma guerra, mas não tinha certeza se estaria longe de outros perigos.
— Pensa em ir embora nesse estado? — Perguntava Sansa, sinceramente preocupada — Se tiver uma vertigem enquanto voa ou se for atacada?
— Muitas outras coisas horríveis também podem acontecer se eu ficar. — Daenerys acariciou o ventre levemente inchado e ficou aliviada ao sentir o movimento do bebê — Preciso recuperar Missandei.
— Essa criança é o futuro do reino. — Sansa se zangou — O futuro de todos nós.
Dany pensou nos últimos dias. Em como todas as pessoas olhavam diferente para ela desde que sua barriga havia começado a aparecer. Não apenas seus homens, mas todas as pessoas, mesmo os selvagens e os nortenhos, todos a olhavam cheios de esperança. Uma Rainha grávida era sempre sinal de estabilidade para um reino.
— Ninguém quer essa criança mais do que eu. — Devolveu Dany — Ninguém se importa mais com ela do que eu. Por isso mesmo quero ir, Sansa. O Norte não me faz bem.
Sansa se calou. Não iria persuadi-la como Bran pediu, mas também não iria incentivá-la a voar. Algo lhe dizia que ambas as coisas seriam perigosas.
— Podemos mandar um corvo para Theon e Yara Greyjoy, pedindo que venham a Winterfell. — Sugeriu Sansa — Não temos soldados o suficiente para escoltá-la em segurança, mas eles têm. Ir por terra é perigoso e pelo ar também. Talvez pelo mar seja o mais seguro agora.
— Mas demorará muito mais. — Rebateu Dany — E até lá o que será de Missandei?
— Tyrion quer negociar com você. Não fará nada com ela até te ver.
Daenerys recostou a cabeça no travesseiro e sentiu tudo rodar. Estava com medo por Missandei, mas não podia arriscar a vida da criança que esperava.
— Tudo bem. — Decidiu ela, com o coração dolorido — Escreverei para os Greyjoy.
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Nota: Algo que achei muito ruim foi a frieza da Arya na série, usando o Gendry e jogando fora. Acho que não precisava ser assim, como se ela fosse uma pedra sem sentimentos. Vou tentar fazer ela um pouco diferente.
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Final alternativo para GOT (concluída)
FanfictionVocê também odiou o final de GOT? Então venha aliviar seu coração com esse final alternativo. Essa história é sobretudo para os fãs de Daenerys Targaryen, mas todos os personagens tiveram seus destinos reformulados. Busquei ser o mais coerente e fi...