52 - A Longa Noite (✓)

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"O inverno está para chegar, e quando a Longa Noite cair, só a Patrulha da Noite se erguerá entre o reino e a escuridão que vem do Norte. Que os deuses nos protejam a todos se não estivermos preparados."

Jeor Mormont

***

Naquele último dia, Bran permaneceu horas e horas ao lado da lareira, observando os troncos que se avermelhavam transformados em brasa. Era a luz, pensava ele, era a vida, era tudo que seria roubado do mundo em pouco tempo. A muralha havia sido derrubada e os Outros se aproximavam.

Jon, Arya e Sansa haviam entrado na sala e se sentado ao lado dele, esperando o nascer do sol. Os irmãos trocavam olhares intrigados, sem entender direito no que Bran havia se transformado.

— Os mortos estão se espalhando pelas florestas. — Contou ele, com um olhar distante — Estão invadindo cabanas e terrenos, estrangulando e cortando corpos em pedaços para desenhar símbolos nas estradas. Querem deixar a marca da Longa Noite em cada vilarejo nortenho.

Sansa sentiu o corpo todo se arrepiar, como quando era criança e ouvia as histórias da Velha Ama. Nunca havia vivido algo como aquilo, nunca havia se sentido tão assustada.

— O que mais você viu? — Perguntou Arya.

— Vi camponeses conversando. — Bran podia sentir o medo deles na própria pele — Disseram ter ouvido sons de agonia e desespero nos pastos e visto aranhas negras e imensas atacando suas cabras, roendo-as até os ossos. Vi um marido que encontrou a esposa congelada com o filho nos braços. Havia uma espada branca como gelo que atravessava o coração dos dois. Ele jura a todos que enquanto foi buscar ajuda, os corpos sumiram... O outro vizinho disse ter visto essa mesma mãe e filho caminhando para a floresta de mãos dadas. Os olhos eram de um azul anil profundo.

Jon estava ansioso e confuso com as visões do irmão, sem saber ainda se acreditava nele ou não.

— Precisamos descobrir para onde o Rei está levando o exército.

— Não está levando para nenhum lugar, Jon. — Revelou Bran, com voz baixa — Eles só estão se espalhando entre nós e a cada vez que avança, o exército fica maior.

Sansa se levantou e caminhou até a janela, vendo tudo negro lá fora. Os ventos pareciam mais fortes e o céu mais nublado, sem nenhuma estrela.

— Por que isso está acontecendo?

— Porque sempre foi assim. — Bran sentiu a resposta surgir naturalmente em sua língua — O fogo da vida e o gelo da morte fazem parte de uma briga eterna. Por isso os Dragões voltaram e os Outros também. São a luz e a escuridão, o calor e o frio, a vida e a morte... A Grande Guerra é entre o Deus da luz e o Deus da Morte. O terror que os homens provocaram uns aos outros será cobrado pelos deuses nessa guerra, que é a única realmente importante que já existiu. 

Arya se pegou pensando nisso, nas coisas que ouvia na casa do Preto e Branco. 

— Mas não há mais dragões, Bran. Ninguém os viu depois do ataque à muralha. — Sansa falou com frieza, ainda olhando para o breu — Nem mesmo uma Rainha Dragão nos restou, ela não se recupera, não importa o que façamos. Só temos a nós mesmos agora... e a escuridão... e a morte.

— Daenerys logo voltará do abismo. — Disse o Corvo, olhando para o fogo — E a luz voltará com ela. Está escrito...

— Acha que ela está certa? — Perguntou Jon, com medo de ter esperança — Que os dragões estão vivos?

— Pode tentar encontrá-los de novo, Bran. — Sugeriu Arya. 

— Não os verei na escuridão.

— Então espere o sol nascer. — Insistiu ela.

— O sol não vai nascer.

Todos os Starks sentiram um ar frio circular pelo ambiente naquele exato instante, retorcendo suas entranhas. Parecia um frio que se impregnava nos ossos e nunca mais iria embora.

— O que está dizendo? — Perguntou Sansa, cautelosa.

— Que a Longa Noite começou.

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Nota: Na série não tivemos a Longa Noite, mas eu vou acrescentar aqui. Como não tenho muito no que me basear para criá-la, vou usar minha imaginação.

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