30 - Coroação

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"Nenhum balanço era capaz de assustar Dany. Era chamada Daenerys, Nascida da Tormenta, pois chegara ao mundo, aos gritos, na distante Pedra do Dragão, enquanto a maior tempestade de que se havia memória em Westeros rugia lá fora, uma tempestade tão violenta que arrancou gárgulas das muralhas do castelo e fez a frota do pai em pedaços."

Daenerys, A Tormenta de Espadas

***

Carruagens de todas as cores e tamanhos enchiam as ruas de Porto Real, trazendo pessoas de todos os quatro cantos da terra. Elas faziam fila nas ruas de pedra clara e os cidadãos comuns saíam para ver os estrangeiros que chegavam para a coroação da Rainha Targaryen. Os músicos tomavam as praças com suas arpas e flautas, tanto quanto os profetas com suas vozes medonhas. Os teatros e as apresentações também se tornariam comuns naqueles dias. Apesar de toda a catástrofe de luas anteriores, a cidade entrava em festa.

O dia da coroação fora um dos mais agitados daquele reino, mas também um dos mais alegres e assustadores. Na Fortaleza Vermelha, o salão do Trono de Ferro estava cheio, tão cheio que as pessoas se amontoavam para ver a passagem da Rainha. Era um lugar imenso, com um teto de muitos metros de altura e cabia centenas e centenas de pessoas. As altas pilastras e as paredes repletas de imagens de dragões mesclavam tons de vermelho e dourado, e havia uma fileira de vinte janelas, altas como torres, atrás do Trono de Ferro.

Os castiçais de prata estavam repletos de velas acesas a iluminar os rostos humanos. Acima das cabeças havia lustres dourados que clareavam os estandartes Targaryens pendurados nas paredes altas da Fortaleza. Era noite e um silêncio tenebroso caiu sobre o lugar assim que ela apareceu.

Conforme os pés de Daenerys passavam pelo corredor, os servos, lordes e damas se curvavam. Os que não a amavam por seus feitos ou pela esperança de um mundo melhor, respeitavam-na pelo terror que representava. Nada era tão assombroso quanto o poder de um conquistador Targaryen.

O tecido leve que descia do ventre aos tornozelos da Rainha era vermelho como sangue. A camada superior descia justa pela cintura e se abria ao redor das pernas e das costas até se arrastar no chão atrás dela. O tecido era negro e feito de pequenas linhas cor de fogo que formavam sutis escamas cintilantes de dragão. As bordas das mangas, das saias e da gola eram douradas, desenhando raízes e flores de ouro que cresciam sobre as escamas. Por baixo da bela coroa, os cabelos longos de Daenerys estavam trançados sete vezes e as mechas desciam em ondas prateadas por suas costas eretas até os quadris.

Seus passos leves estremeceram o coração de cada homem ali presente e o de muitas mulheres também, acendendo seus desejos. Mesmo quem a via todos os dias e estava habituado à sua beleza e marcante presença, sentiu o coração acelerar ao colocar os olhos nela naquela noite.

— Nem sequer parece humana. — Assustaram-se muitos ali que não conheciam a aparência de um Dragão Targaryen, muito menos da energia emanada de um.

— Dany... — Sorria Jon ao olhar para ela com luxúria e espanto. Nunca havia conhecido uma mulher com tão arrebatadora história. Porém, diferente de muitos outros homens ali, não havia rancor em seus olhos por vê-la mais alta que ele naquele dia. Jon a admirava a cada dia mais.

— É tão linda, não é? — Sussurravam as garotas de terras distantes, simples, curiosas e risonhas. Os garotos, por sua vez, mal piscavam, mas erguiam o queixo e estufavam o peito quando ela passava. Se recebessem uma olhadela da Rainha, se gabariam disso para o resto de seus dias.

— Daenerys Targaryen marcará esse mundo. — Sussurravam os lordes de grandes bigodes e túnicas de seda. Suas línguas escorriam veneno — Esperamos que não se torne o pai dela ou morrerá como ele.

Final alternativo para GOT (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora