49 - O Rei da Noite (✓)

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"Demônios feitos de neve, gelo e frio. O antigo inimigo. O único inimigo que importa."

Stannis Baratheon

***

A escuridão era quase total quando o patrulheiro que fazia a vigília no topo da muralha ouviu um barulho estrondoso. Algo imenso estava se aproximando. Quando virou os olhos para o céu, sua boca se escancarou de pavor e começou a gritar.

— Dragões! São dragões!

O creme e dourado passou primeiro, depois veio o vermelho e negro que trazia uma mulher sobre o lombo de espinhos. A pouca paciência de Daenerys não a deixou esperar nem mais um dia sequer pela volta de Jon e seus homens.

— Olhem. — Apontou Gendry — Ela veio!

Arya olhou para os dois dragões no céu e depois se virou para Jon, que também olhava para eles, mas não parecia nada feliz.

— O que foi? — Perguntou ela ao irmão.

— Ela não devia ter vindo. —  Jon apressou o cavalo — Temos que chegar rápido.

Tormund e um grupo de homens avançava à frente com Bran, enquanto Jon, Arya e Gendry faziam a retaguarda. Quando o grupo visualizou a entrada para a muralha, ainda que distante, o alívio foi imediato. Daenerys os acompanhava de cima e parecia estar preparando para pousar do lado aposto, onde os esperaria.

Em determinado momento, contudo, Gendry parou o cavalo e o virou ao contrário, observando o horizonte escuro de onde tinham vindo.

— Está ouvindo? — Perguntou ele a Arya.

— Não ouço nada. — Respondeu ela — Não seja medroso.

Ainda assim ela ficou observando por um tempo até notar também. O solo vibrava, o céu estava mais negro e o ar mais denso e frio do que nunca. Ela sentiu os pelos da nuca se eriçarem e seu estômago se contorcer quando ouviu ao longe um som oco de cem mil pés batendo no chão.

— Corram! — Gritou Jon — Corram e não olhem para trás!

Daenerys estava quase passando a muralha quando percebeu que algo não estava bem. Quando olhou para trás, o horror tomou conta de sua visão. Jon e seu grupo haviam colocado os cavalos à galope, enquanto milhares de criaturas subiam a encosta repleta de neve, velozes como flechas, com os dedos arreganhados à frente, prontos para enfiá-los nos pescoços que encontrassem. Havia gigantes, ursos, lobos e aranhas, todos eles mortos e revividos para fazer parte de um exército sinistro.

Quando Jon olhou para eles, a morte pareceu um destino certo. Os Outros vinham correndo com lanças e navalhas de gelo em suas mãos, as quais usavam para enfiar e torcer dentro dos corações dos vivos, para congelar suas almas antes de aniquilar seus corpos.

Desesperados, os homens empunharam suas espadas, certos de que ao menos morreriam lutando. Mas, faltando poucos metros para serem atacados, uma chama mortal desceu dos céus como lava fumegante, removendo violentamente a neve e a terra abaixo dela, fazendo cada cadáver se contorcer e derreter em segundos. Daenerys e seus dragões iluminaram a noite e fizeram uma defesa de fogo intransponível.

— Para a muralha! — Jon gritou, olhando para o grupo e para os dragões ao mesmo tempo — Vão! Vão!

O portão da muralha se abriu e Tormund correu com Bran nos braços e os demais homens que os seguiam. Estavam muito perto quando Jon olhou para trás e viu Daenerys pousar com Drogon fazendo uma barreira para protegê-los. Ele não conseguiu prosseguir mais, ficando preso na imagem desesperadora dela em frente ao exército dos mortos.

— Dany! — Ele gritou, mas ela não ouviu.

Drogon levava a cabeça de um lado e outro, queimando tudo que se aproximava. Viserion, por sua vez, voava por cima com suas chamas caindo em cascatas douradas e vermelhas.

O Rei da Noite, como Jon chamava a criatura que liderava aquele exército, observava do alto, ao lado daqueles de sua misteriosa raça. Eram criaturas antigas, de ossos velhos, com uma pele pálida como leite e olhos mais azuis e profundos do que o de qualquer olho humano, um azul que queimava como gelo. O Rei apertou os dentes afiados ao ver Daenerys atacar e apontou sua lança translúcida para frente, começando a galopar em meio aos mortos. Soltou um grito fantasmagórico que preencheu todo o ar com o mais puro pavor e Jon sentiu um soco no peito.

— A morte.


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Nota: Fiz uma mudança aqui também em uma cena original da série. Achei bem sem lógica Dany voar de Pedra do Dragão até além da muralha (que ela nem sabia nada a respeito), então deixei pra fazer essa cena quando ela estivesse em Winterfell. Até determinado ponto, vou usar coisas da série e apenas distorcer, como nesse caso. Quando estiver mais para o final, vai ser totalmente diferente.

Final alternativo para GOT (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora