45 - A expedição

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Morte! Gritou o corvo de Mormont. Morte, morte, morte!

Jon, A Dança dos Dragões

***

As paredes de Winterfell pareciam respirar com leveza após a morte de Mindinho. De fato, a tarde correu sem muitas conversas, pois todos queriam apenas sentir um pouco dessa paz, ainda que tivessem plena certeza de que não duraria.

Arya, por sua vez, tinha sua própria forma de relaxar e estava no pátio treinando com o arco e flecha em disciplinado silêncio. Ninguém se atrevia a interromper sua concentração, muito menos depois do que a viram fazer com Lorde Baelish.

Mesmo quieta, ela percebia tudo ao seu redor. Via Brienne ensinando Podrick um pouco ao longe, à sua direita, e percebia que cada curva do rosto da mulher entregava a tristeza que sentia pela morte de Jaime. Arya conhecia a dor da perda, mas aquela lhe custava um pouco entender. Não via sentido naquele sofrimento, pois não sabia o que era amar um homem, sobretudo se fosse um Lannister.

À sua esquerda ela via Gendry carregando vidro de dragão. Ele lançava olhares a ela a todo instante, mas Arya fingia não ver. Ele a incomodava, tirava sua concentração. Começava a pensar o motivo de se sentir tão afetada daquela maneira. 

—Leve... Preciso ser leve como o vento... — Ela pensava, ignorando os barulhos ao redor, as vozes, os latidos dos cães e o sopro gelado da ventania do inverno.

Antes de colocar a flecha seguinte no arco, ela se deteve, notando um barulho ao longe. Era uma voz feminina, agitada e nervosa. Vinha dos portões do castelo e estava sendo abafada pelas vozes dos guardas que defendiam a entrada. Arya deixou as armas de lado e caminhou rapidamente para o local. Ao se aproximar, viu uma garota trêmula no lombo de um cavalo negro. Estava doente e desesperada, provavelmente estava morrendo por causa da fome e do frio extremo. Ela parecia conhecida, mas Arya não conseguia se lembrar de seu nome.

— Bran Stark! — Repetia a garota com voz chorosa pela décima vez — Ele precisa de ajuda!

— Ele está morto! — Dizia o guarda com rispidez — Não seja mentirosa!

Ao ouvir o nome do irmão, Arya correu até lá, fazendo os homens se afastarem enquanto ajudava a garota a descer da sela do cavalo. A esperança se acendeu em seu espírito, deixando todo seu corpo fervendo.

— Bran? Você disse Bran?

— Eu o deixei Além da Muralha. — Disse a garota, se apoiando nos ombros de Arya enquanto descia da sela. Ela estava pálida como a neve — Os patrulheiros me emprestaram o cavalo. Preciso devolver. Bran me pediu para falar com Jon Snow! Onde está Jon Snow?

— Quem é você? — Perguntou Arya, angustiada — O que houve com meu irmão?

— Sou Meera Reed. — Sussurrou a menina, perdendo o restante das forças — Minha família serve aos Starks... Meu irmão está morto... Jojen... — E então caiu inconsciente aos pés de Arya.

— Vamos levá-la pra dentro! Agora!

Os Starks ficaram ansiosos esperando que Meera recobrasse a consciência. Sansa se sentou ao lado dela, usando de compressas quentes e ervas para tratá-la, enquanto Arya e Jon aguardavam ansiosos. Porém, as horas se passavam e ela continuava febril, delirando e balbuciando frases incompreensíveis. Quando voltou a si já era quase noite e, apesar de fraca, conseguiu responder às perguntas.

— Bran já está sozinho há alguns dias. — Revelou Meera, se sentindo culpada — Eu corri o máximo que pude, eu juro que corri. Eu não podia trazê-lo, nós dois morreríamos, e ele me pediu para vir, me disse que era o único jeito. 

— Estaremos sempre em dívida com você e sua família. — Sansa colocou a mão sobre o braço da garota, que tentava se levantar da cama — Agora volte a descansar.

— Vou avisar os homens. — Decidiu Jon, se virando para as irmãs — Organizaremos um grupo de buscas essa mesma noite.

As duas o olharam sair do quarto e não disseram nada. Então haveria uma expedição, uma longa e fria caminhada pela terra habitada pelos Outros. Se qualquer uma das duas soubesse o que isso significava, não teriam ficado tão tranquilas.

Levou mais de duas horas para que todos os homens selassem os cavalos, pegassem os alimentos para a viagem e vestissem as roupas mais quentes que possuíam para aguentar o frio que fazia para lá da Muralha. Jon já estava do lado de fora, entre os cinzentos muros cobertos por neve, quando Arya apareceu ao seu lado montada no cavalo negro que Meera havia trazido da Patrulha. 

— O que está fazendo? — Perguntou ele, irritado.

— Não acha que vou ficar aqui, não é?

— Claro que sim, prefiro que fique com Sansa.

— Não, obrigada. — Arya bateu os calcanhares no animal e atravessou os portões, sendo seguida logo atrás por Gendry.

Jon pensou em gritar para que voltasse, se esquecendo de que ela não era mais a criança travessa da qual se lembrava. Pensar em levá-la para aquela parte do continente o deixava com os nervos à flor da pele. Arriscar a própria vida era uma coisa, mas a de sua irmã caçula era outra.

Quando viu Daenerys se aproximar, no entanto, Jon deixou os pensamentos e também tudo o que estava fazendo para ir ao seu encontro. Nos últimos tempos ela era a dona de toda a sua atenção.

— Não quer mesmo que eu voe com Drogon até lá e tente achá-lo? — Ela parou à frente dele, ansiosa por ajudar.

— Se Bran está entre as árvores, como Meera disse, não acredito que o verá de cima, Dany. — Jon ficou vidrado em seu rosto, naquela imagem tão preocupada e carinhosa que o enchia de ternura — E, além disso, é perigoso demais.

O rosto dela se fechou.

— Se é perigoso para a Rainha, é perigoso para o Rei, Jon.

Ele segurou as mãos dela e deu um sorriso terno à esposa.

— Antes de qualquer coisa, eu sou o irmão mais velho e é meu dever protegê-lo. E se algo me acontecer, Dany, não vai ser tão grave para Westeros do que se algo te acontecer.

— Vai ser grave pra mim. — A raiva a inundou completamente — Não ouse ir e não voltar.

Ele riu e a trouxe ao peito em um abraço. Então, antes de partir, segurou seu rosto e beijou seus lábios uma última vez.

— Eu vou voltar.

___

Nota: Essa expedição é no mesmo sentido da expedição para além da muralha feita para pegar um morto-vivo para a Cersei. Achei que seria mais coerente criar uma expedição pelo Bran, acho que tem um pouco mais de sentido. Gosto de corrigir pequenas cenas também, então fiz a Sansa agradecendo a Meera e dizendo que sempre terão uma dívida com a família dela, pois na série foi horrível a cena de desprezo do Bran e dos Starks em geral diante de tudo que ela e Jojen passaram para mantê-lo a salvo.

Final alternativo para GOT (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora