42 - União de Gelo e Fogo

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"Estas alegrias violentas têm fins violentos. Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora. Que num beijo se consomem."

Shakespeare, Romeu e Julieta

***

Jon a esperava no grande bosque em Winterfell, sob o mesmo represeiro de folhas vermelhas em que seu pai costumava descansar. Estava vestido como Ned naquela noite, com uma longa capa sobre as vestes cinzentas que possuíam os símbolos da família Stark cravados no peito. Seus cabelos, muito negros, adornavam seu rosto sério, e poucos tinham coragem de se aproximar, não apenas por seu olhar arisco, selvagem como dos homens com quem conviveu além da muralha, mas também pelo enorme lobo branco ao seu lado.

Os casamentos nortenhos raramente reuniam muitas pessoas. Eram cerimônias breves e familiares, muito diferentes das que se viam no sul. Ainda assim, naquela noite, um número considerável de pessoas estava em volta da árvore-coração. Além de Sansa e Arya, havia Sam, Jorah, Verme Cinzento, Brienne, Varys e todas as pessoas que estavam hospedadas em Winterfell. Alguns lordes e ladys de toda Westeros também chegaram para testemunhar o Casamento Real, além dos soldados mais devotos de ambos os exércitos.

— Então, Jon, — Sam, que havia sido designado para ministrar o casamento, cutucou o amigo — quem diria que um dia teríamos mulheres, não é?

Jon riu, mas não deixou de pensar que ele tinha razão. Nenhum dos dois nunca nutriu esperanças desse tipo após entrar para a Patrulha. Esse era um momento que ele nunca esperava viver na vida. Depois dos votos, imaginava-se vivendo e morrendo Além da Muralha, enfrentando os perigos, sendo um herói esquecido no tempo, alguém que teria o corpo tragado pela terra escura. Seu nome nunca seria pronunciado em voz alta.

Não apenas depois de crescido, mas desde muito jovem, quando seu pai falava com ele e com Robb sobre casar e formar família, Jon tinha certeza de que não seria seu destino. Imaginava-se sozinho para sempre, pois seria um favor que faria a qualquer mulher que se aproximasse.

— Não tem vontade de ter uma esposa? — Seu irmão lhe perguntava — Você pode ter uma boa casa, o pai não vai desampará-lo. Pode ter uma boa mulher, Jon, uma que o ame e te dê filhos para levar...

— Levar o quê? — Jon se irritava com Robb — Levar meu nome? Se não se lembra, eu não tenho nome. Não, não tenho a mínima vontade de produzir mais bastardos.

Seu irmão parou de perguntar depois que notou o quanto ele era cabeça dura. Robb sabia que Jon se sentia diferente, mesmo que Ned o tratasse com o mesmo carinho. Ele sempre acreditou que Jon um dia mudaria de opinião. Tudo dependia de encontrar uma garota, alguém que o fizesse sentir grande.

Jon queria que seu irmão estivesse ao seu lado. Gostaria de seu pai também, assim como seus irmãos mais novos. Jon estava feliz, e nada se comparava, mas havia saudade subindo em forma de água salgada por seus olhos. Eram lágrimas que desciam de volta pelo mesmo caminho, pois não eram permitidas a um homem de sua idade.

Vários sentimentos o inundavam naquele dia, e Jon se sentia transbordando. Ainda assim, sua aparência não demonstrava. Jon mantinha o aspecto turrão, centrado e um tanto hostil. Sobretudo, em seu íntimo, trazia uma alegria imensa, que o fazia sentir o mais tolo dos homens e também o mais ambicioso. Teria um nome, um título, uma mulher e um lar. Havia deixado o mundo das sombras e emergido para ver a luz de uma vida comum.

Quando Daenerys surgiu, todos os olhos se viraram para ela. Era como uma dama moldada na neve, com suas vestes cintilando a cada passada e os cabelos em longos anéis de prata a adornar os ombros. Foi um segundo em que as respirações pararam ao mesmo tempo, admirando-a em cada detalhe.

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