11 열한 • YEOLHAN

6.5K 565 308
                                    

As plantações eram imensas e o homem mal conseguia ver além das centenas de pessoas trabalhando no sol escaldante. Estava sentado em uma poltrona confortável, na extensa varanda do casarão. Bebia uma xícara de leite quente adocicado e beliscava algumas bolachinhas.

Não notou a senhora baixinha e magra se aproximando. - Como se sente, meu filho?

Jackson não se virou, não conseguia. Tinha uma tala em seu pescoço e ainda sentia fortes dores no corpo, devido aos tiros que levara. - Bem, mamãe. - Mentiu.

- Seu pai quer lhe ver. - A mulher anunciou, quase em um sussurro. Sabia o que o marido não tardaria em chamar o filho, após o acontecido em Seul. - Você sabe que não pode fugir. - Pousou a mão no ombro ferido do filho, com cautela.

O platinado suspirou cansado. Não conseguia dormir direto, não pelas dores que sentia, mas sim por saber que seu pai iria incomodá-lo. Se levantou com auxílio de sua mãe e adentrou a mansão, escutando somente seus passos no piso de madeira antigo. Atravessou o extenso corredor e parou na penúltima porta, onde um homem alto a guardava. O ignorou e a abriu com calma, sentindo o cheiro característico daquele lugar que tanto odiava.

- Resolveu tomar vergonha na cara e aparecer. - O patriarca Wang levantou os olhos, fitando o filho.

Jackson fechou a porta atrás de si e caminhou lentamente até a mesa de seu pai, mantendo o queixo erguido devido a tala e o contato visual. - Bom dia, para o senhor também.

Ruiji fechou mais ainda a expressão, como se fosse possível. - Além de ser um fracote, é insolente. - Apontou a cadeira em sua frente, para que o filho sentasse.

- Eu estava resolvendo os negócios da família. - O platinado sentou e pôs a observar o porta-retrato no canto da mesa. Havia uma foto de seus pais, ele e seu irmão mais velho, Jason. Encarou o pai novamente. - Não é como se o senhor se importasse.

O velho cruzou as pernas e entrelaçou os dedos, os apoiando no queixo. - Com você, obviamente que não, mas com o nome do clã, sim. - Não desviou o olhar do filho, que sustentava o mesmo. - Queria ter um pouco de sossego, mas quando acho que a Wang-Wu está indo bem, recebo a notícia que ela está envolvida em uma chacina em uma cafeteria na Coréia. - Passou os dedos pelos cabelos, os mantendo escorados na têmpora. - Sinceramente, preferia que seu irmão estivesse no seu lugar.

- Concordo que ele faria melhor que eu. - Jackson crispou os lábios, lembrando do irmão. - Mas ele escolheu não ficar, então o senhor deveria se contentar comigo.

Mal terminando de proferir as palavras, Jackson sentiu uma dor em sua testa e viu o porta-retrato da família jogado no chão, quebrado. Fechou o olho direito, para que o filete de sangue, que escorria do corte, não atingisse seu olho.

O patriarca Wang estava vermelho de raiva e ainda se mantinha em posição de ataque, após atirar o objeto de vidro no filho. - Me escute bem, seu insolente. Eu paguei por você. - Apontava o dedo na cara do jovem. - No momento que Jason pediu um irmãozinho, eu paguei a multa, seus estudos, sua comida e suas roupas. Eu fiz tudo isso para ver Jason Wang feliz, mas não foi o suficiente. - Olhava agora para o filho com repulsa. - Você não trouxe alegria o suficiente, por isso ele escolheu não ficar.

Pela primeira vez desde que entrou no local, Jackson baixou o olhar. - É muito fácil descontar nos outros as próprias frustrações. - Voltou a encarar o pai. - Jason nos deixou por amor.

- Pare. - Ruiji o alertou, já sabendo sobre o que o filho iria falar. - Não ouse, não na minha casa.

Jackson continuou. - Por amor à Tao.

- PARE! - O mafioso se levantou, batendo ambas as mãos na mesa, de punhos fechados. - JASON NÃO ERA ASSIM.

O platinado se permitiu rir do pai, como nunca fizera antes. Seu pescoço doía, mas se permitiu soltar uma sonora gargalhada, o que deixou o velho mais furioso ainda. Viu quando ele deu a volta na mesa e parou a sua frente, segurando sua camisa e arrancando a tala com a mão.

JOPOK | Namjoon [BTS]Onde histórias criam vida. Descubra agora