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Luana.

Acabada estou, virada cara, fui comprar um retardante, Luis já demorava pra gozar aí que demorou mais, foi bombada a noite toda sem leme.

Mas foi tudo ótimo, transamos, comemos e bebemos lá no motel, era gastando e repondo a energia, relaxando na hidro, tudo de bom.

Cheguei no atendimento com a bolsa cheia de dinheiro, vim de lá até aqui toda cismada, qua do eu tô com muito dinheiro o medo já ataca.

Tava até me achando a rica, uma pena esse dinheiro não ser para luxar, porque a gente gosta de gastar, altas comprinhas de responsa pra mãe.

Já ia andar cheia de bolsas nos braços cantando "Aqui de cima 'cês não vão tocar em mim, poderosa, empresária, eu sou foda, milionária".

Mas fé em Deus que um dia eu chego lá, vou crescer na vida sem precisar subir em ninguém.

Na verdade é pra usar com um motivo melhor né, ajudar uma vida que corre risco, minha mãe me esperava no atendimento, já tinha dado entrada no pedido da cirurgia só faltava pagar e assinar os termos, como ela era casada com ele podia assinar.

- CPF na nota? - A mulher perguntou e minha mãe negou.

- Claro que sim, coloca o meu por favor - Pedi e falei meu CPF pra ela. - Mulher isso aumenta o score, até pode ter a liberação de um empréstimo depois.

- Nem tô com cabeça pra isso minha filha - Ela falou e eu acariciei o ombro dela.

Minha mãe estava muito abatida, coitada, cheia de olheiras, aquele semblante triste. Não é fácil, ninguém se sente bem e confortável em um hospital independente de ter coisas boas ou não, não tem coisa melhor do que a casa da gente.

Mas quem diz que ela larga do lado do Carlos? Já nos oferecemos para ficar no lugar dela pra ela ir pra casa e descansar mas ela não quer, não tem quem faça ela sair do lado dele.

A loja dela tá na mão de um

- Forma de pagamento? - A moça perguntou.

- Em espécie - Falei e abri a bolsa pegando os bolos e colocando em cima da mesa.

Minha mãe tadinha começou a chorar e agradece a Deus, não consegui não chorar junto.

A mulher conferiu o dinheiro e depois nos entregou a nota fiscal, minha mãe assinou os termos.

Como agora não era horário de visita eu voltei para o morro, tomei um banho e fui para a loja.

Quando eu estava fechando a loja minha mãe me ligou avisando que o Carlos havia feito a cirurgia e que tinha ocorrido tudo bem e que talvez em dois dias recebia alta.

Chega dá um alívio no peito receber uma notícia dessa. Combinei até com a Louise pra gente ir visitar ele amanhã...

- Deu tudo certo com o Carlos. Minha mãe mandou agradecer de novo, tava chorando abessa lá quando fui levar o dinheiro, agradecendo a Deus toda hora. - Falei pra Luis.

Estávamos na varanda do quarto ele fumando e eu tomando uma coca com limão.

Olha a vista do morro iluminado pelos postes e pela lua, fica uma coisa muito linda. Negócio fica deslumbrante viu, favelão é lindo.

- Que isso cara, tamo aí pra isso mermo bagulho massa, se minha avó tivesse tido a oportunidade de uma cirurgia eu ia bancar sem miseria.

- Agora ela é uma estrela que te guia - Falei. Ele nunca esquece da avó dele, hora ou hora lembra dela e das coisas que ela falava ou fazia. Faz falta mesmo dona Josa.

- Se liga que sexta vai ter uma social dos ronca e nós vamos marcar presença.

- Na sexta? Um dos dias que eu fico mais cansada. - Falei já pensando em desistir.

Tem um evento, sexta mas esse é só decoração, balão e brinquedos, então é montar e voltar pra buscar só no outro dia, no sábado tem outros também, mas alguns clientes retiram na loja, até porque cobramos o frete da entrega, mas com aquele preço camarada.

- Sim pô, custa tu ir comigo? Tu é minha mulher cara, tem que tá marcando presença comigo, tu tá ligada.

- Tô ligada parceiro, vamo ver o melhor look pra chegar da melhor forma tá ligado. - Falei gesticulando e ele sorriu.

- Se liga em, botar short chupa cú, eu rasgo ele todinho, bagulho curto que se abaixar mostra tudo pô.

- Tu comprou pra tá rasgando? Eu em, tá maluco. Não mexe nas minhas roupas, não fico mexendo nas suas e nem te regulando.

- Pois então tu fica esperta - Se virou pra mim segurando meu rosto e mordeu meu lábio inferior.

- Sempre fui - Me gabei e passei os braços por seu ombro e ele abraçou minha cintura, ficamos ali se curtindo.

DO MEL AO FÉU. Onde histórias criam vida. Descubra agora