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Luana.

- Te tirando de otário Luis? Onde mesmo que eu não vi? - Perguntei me virando pra ele.

- Não banca a sonsa não Luana, tu sabe muito bem o que tu fez pô - Falou e eu revirei os olhos. - Não revira a porra dos olhos não, tô falando contigo na moral parceira.

- Pronto agora vai querer mandar até nos meus gestos é? O que é Luis? Só porque eu fui curtir um pouco com as minhas amigas? Qual o problema nisso? Fiquei lá de boa com as meninas só bebendo e curtindo ,nada demais, deixa de besteira.

- Pedi pra tu ficar comigo na moral, custava tu ficar comigo no bagulho?

- Agora eu não posso mais curtir me divertir?

- Tu não curte comigo não é? Não consegue não pô? Qual é? Não pode curtir comigo não?

- Eu tenho amigas Luis, eu não preciso ficar só com você não. Quando você estava preso eu nem saia pra nada, ficava em casa de boa por consideração a você. Agora que você saiu e eu tô podendo curtir e eu vou curtir, não tô fazendo nada de errado, tá maluco você de ficar nisso, não vou ficar só com você não, grudada o tempo todo, isso é chato e enjoa.

- Ta querendo dizer que tá enjoando de mim? É isso Luana? Fala pô, dá teu papo.

Nunca vi uma briga com motivo tão desnecessário como essa. Gente eu só queria comer meu mexido e dormir em paz só isso.

- Meu Deus do céu Luis, que besteira, olha pelo que a gente tá brigando. Não estou enjoando de você, eu só estou dizendo que eu não vou ficar só na sua bota, que eu tenho outras pessoas na minha vida além de você, eu tenho família, eu tenho amigas e eu posso curtir com elas também. Mais que saco.

- E precisava sair e me deixar falando sozinho na frente dos outros? Malucona tá você de fazer um bagulho desse, vira as costas e sai deixando o cara lá.

- E o que os outros tem a ver com a nossa vida? Tô nem ai para os outros, os outros não né, aqueles machos da boca.

- Os caras que fecham comigo...

- Que fecham com você? - Gargalhei - Ah tá de palhaçada Luis. Quando eles fecharam com você? Eles estavam prontos era pra fechar teu caixão no dia do sequestro, cagaram e andaram pra você. Se não fosse eu ter feito o que fiz pra conseguir o dinheiro, você estava a 7 palmos do chão agora.  Agora que tu cresceu de cargo eles estão cheirando seu rabo, você é parceiro agora, tem consideração. Mas quando você era um ninguém no meio, um aviãozinho deles, eles não estavam nem aí pra você, tu não valia nada, você tá valendo o que você tem hoje pra eles. Eu pensei que você tinha acordado pra vida mas parece que...

Só senti o impacto da mão dele batendo no meu rosto. Luis me deu um tapa, não tô acreditando em uma coisa dessa. Chega a meu ouvido zuniu, o tapa foi servido.

Coloquei a mão em cima e encarei ele saindo de perto dele, que me encarava sem dizer nada. Fui para o quarto tentando assimilar o que tinha acontecido.

Porra o Luís me deu um tapa.

Minha brisa foi toda embora, até a minha fome passou, deitei na cama e fiquei lá estática.

Nem sei por quanto tempo fiquei assim, percebi que ele entrou no quarto e do jeito que eu ficava eu permaneci.

Não movi nada, não queria nem olhar para a cara dele. De verdade eu ainda está a custando a acreditar que isso havia acontecido.

Mas meu rosto ardia, latejava e me mostrava que isso de fato tinha acontecido, vermelho sem dúvidas também estava, na preferi não olhar.

Até porque eu não esperava uma atitude dessas. Não tinha necessidade disso.

- Luana - Me chamou e eu não falei nada e ele se sentou na cama do meu lado - Minha donzela - Segurou meu rosto em suas mãos e me fez encarar ele mas eu logo desviei o olhar.

- Da licença - Pedi quase sem voz.

- Foi mal cara, eu tava nervoso, eu não queria te bater não pô, tá maluco, tu é minha donzela.

- Não queria e bateu? - Encarei ele que engoliu seco e olhou para baixo - Me deixa sozinha. - Falei e ele negou com a cabeça.

- Não pô, eu tô errado, me perdoa na moral mermo, eu prometo que não faço mais isso contigo, foi na hora da raiva Luana - Desviei o olhar do dele - Olha pra mim cara - Pediu e depois de um tempo eu olhei - Foi mal, perdoa.

Encarei bem sua face, sabe aquelas caras de cachorro que aprontou? Todo receoso e com medo? Era a dele. Mas ele pegou pesado no que fez e parecia saber bem disso.

Segurei as lágrimas, não ia chorar na frente dele, eu estava magoada com tal atitude, eu só queria ficar sozinha e quieta.

- Você pode me dá licença? - Pedi e tirei sua mão do meu rosto.

- Te amo pô -  Deu um beijo na minha testa e saiu, respirando fundo fechando os olhos.

Acabei dormindo em meio aos pensamentos, ainda senti a cama afundar só não sei o horário e nem me dei o trabalho de saber e nem de olhar para Luis.

Me levantei e fui fazer xixi, aproveitei para comer pois minha barriga tava roncando um monte. Esquentei o mexido que eu tinha feito, tomei bastante água e esperei um pouco.

Escovei meus dentes e depois fui voltar a dormir, bem no meu canto da cama sossegada.

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DO MEL AO FÉU. Onde histórias criam vida. Descubra agora