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Luana.

Acordei já era de manhã, estava sozinha na cama, dormindo toda espalhada. Me levantei e já fui caçar Bryan pra saber dele.

- Mãe, cadê o Bryan e a Louise? - Perguntei a ela que estava na cozinha lanchando após não encontrar eles.

-  Menina o pai dele arrastou eles para a casa dele, sua irmã não queria ir não, relutou bastante, mas eu conversei com ela e ela foi - Falou.

- Tem que ir mesmo, ele tem que ajudar a cuidar, não é pegar só quando a criança está boa não. Fora que ele já perdeu um tempo da vida dele sem saber da paternidade né, perdeu nascimento essas coisas. - Me sentei para lanchar.

- Sim. Ele parece que é um bom pai - Comentou.

- Tomare mãe.

- Você e Luis estavam uma graça, os dois dormindo sentados, acordei ele e mandei ele ajeitar vocês dois, ele deve saiu quando o galo cantou porque eu não vi.

- Eu tava tão cansada que nem vi quando ele se levantou. - Falei - Deu tudo certo lá ontem?

- Deu sim, tranquilo, eu coloco as panelas lá na mesa perto do balcão e vou montando quando os clientes chegam.

- Hum, muito bem - Falei terminando de lanchar - Deixa eu ir tomar meu banho e me arrumar pra gente ir.

Aproveitei para ligar para Luis, tava quase caindo na caixa quando ele atendeu.

IDL

- Fala minha donzela.

Te acordei?

- Não pô, tava resolvendo uns bagulhos aqui. Mas e aí tudo na moral?

Sim, nem vi você saindo, sono tava pesado.

- Acordei com minha avó ligando preocupada pô, cai no sono contigo e esqueci de avisar a coroa, já fica toda preocupada

Coitada, ontem nem te dei muita atenção e aproveitei sua companhia, tava só a bosta.

- Ih, liga não, vamos ter muito tempo pra isso. Tava tão cansada que tava roncando igual uma porca.

Eu não ronco não cara, tá maluco

- Aham, tô ligado.

- Ah então tá bom, só liguei para falar com você mesmo, vou banhar pra ir trabalhar.

Beleza pô, vai lá e se cuida, qualquer coisa tu me liga.

Tá bom, um cheiro.

FDL.

(...)

- Moça a senhora pode me ajudar com dinheiro? - Um moço que morava nos becos pediu, eu já havia visto ele algumas vezes, inclusive usando drogas.

Eu e minha mãe nunca demos dinheiro, prefirimos dar algo que eles precisam.

- Eu te dou uma marmita você quer? - Ofereci e ele negou com a cabeça.

- Eu preciso de dinheiro - Começou a se alterar.

- Hoje o movimento tá fraco ai a gente nem pode ajudar - Inventei essa desculpa já nervosa.

- Só dez reais pô, vai fazer falta pra vocês não cara.

- Mas eu não...

- Cala a boca - Bateu no balcão me fazendo assustar - Eu quero dinheiro e você vai me dar - Falou puxando uma faca da cintura - Porque se não eu vou te furar todinha.

- Moço...

- Anda logo porra, tá desacreditando é? - Aproximou mais a faca de mim  - Tenho nada a perder nessa porra não, passa a porra do dinheiro.

Engoli em seco e comecei a me tremer.

- Tá, tá, calma. - Falei abrindo o caixa, por sorte não tinha muito, quando tem uma boa quantia a gente tira daqui e guarda em outro lugar. - Toma - Estendi o dinheiro e ele pegou e saiu correndo.

- Mas é muita ousadia mesmo vir roubar aqui na minha loja, isso não via ficar assim não.

- Mãe...

- Vou deixar não Luana, sabe porque? Porque depois acostuma e a gente vai viver sendo assaltada, as leis das favelas são claras e estão aí para serem cumpridas.

Não falei mais nada até porque errada ela não estava, é aquele ditado quem tem dó do coitadinho fica no lugar dele. Só assenti com a cabeça e ela saiu dizendo que ia dar queixa na boca.

Continuei atendendo enquanto ela não chegava, morrendo de vontade de dar logo o horário de ir pra casa.

DO MEL AO FÉU. Onde histórias criam vida. Descubra agora