Luana.
- Eu quero beleza - Falei em frente ao espelho colocando a mão de baixo do queixo e fazendo bico. Sorri de mim mesma depois. - Bunita.
- Tá louca é garota? - Minha mãe chegou e eu a encarei sorrindo.
- Bufo querida - Falei indo para o lado dela.
- Vocês inventam cada coisa viu, eu em - Falou e eu passei o braço pelo ombro dela e começamos caminhar para a cozinha.
- Cadê a Louise? - Perguntei sentindo falta da minha irmã mais velha, diferença de 4 anos, eu tenho 16 e ela 20.
Ainda moramos com nossa mãe, todas nós trabalhamos e dividimos as despesas e tarefas de casa. No dia em que comentei em sair de casa minha mãe faltou surtar, porém, um dia terei de sair da casa dela, mas ela não gosta muito da ideia.
- Sua irmã saiu mais cedo hoje, parece que antes de abrir o mercado ia ter reunião e ainda levar o Bryan na creche - Falou e eu assenti com a cabeça.
Bryan era filho da minha irmã, saiu pra noite ficou bêbada transou e engravidou de primeira, a gozada foi fatal. Demos muita bronca e depois apoiamos e mimamos muito, ele tinha um ano e meio, era a alegria da casa, o bendito é o fruto.
Nos sentamos a mesa conversando enquanto lanchávamos e depois eu peguei minha bolsa, ela a dela fechamos a casa e fomos descendo o morro.
Minha mãe tinha um pensão, vendia marmita, a melhor marmita da favela, porque ela não é fraca meu amor.
Super considerada e respeitada pelos bofes do movimento, pegou todos pelo bucho. Mas não é puxando saco não. Minha mãe faz a melhor comida do favelão.
Eu trabalhava com ela, ela invés de contratar alguém pra trabalhar com ela, me contratou, ajudo e ainda sou assalariada, amo/sou. Sempre quis trabalhar, juntamos o útil ao agradável e estamos parceiras.
Colocamos touca e avental e começamos a cortar e preparar as comidas. Quando estava quase tudo pronto fui para o caixa, eu recebia o dinheiro e entregava as quentinhas enquanto minha mãe montava elas.
- Lá vem teu crush - Minha mãe disse trazendo as quentinhas. - Ele veio buscar para levar para a turminha do mal. - Avisou.
- Ele que me crusha, garoto insistente - Revirei os olhos e ele chegou com o maior sorriso no rosto.
- Me parece um bom rapaz - Sussurrou só para eu ouvir e eu revirei os olhos - Oi Luis Filipe.
- Fala aí tia, tudo na moralzinha? - Perguntou fazendo beleza pra ela que sorriu.
- Tudo bem e você? - Respondeu.
- Tranquilo. E aí véi, fala com as pessoas não é - Me encarou e minha mãe saiu de fininho.
- Oi Luís como vai? - Perguntei sorrindo falsa. Luis era negro, magro, alto, desprovido de cabelo, ou seja, careca e com várias tatuagens no corpo.
Minha mãe e a avó dele se conhecem, nós somos amigos, porém ele desde o ano passado tá na minha, encucou comigo mesmo. Mas eu nunca tive nenhum sentimento à mais por ele.
- Não como você mas gostaria - Respondeu rápido e eu cerrei meus olhos dando um murro em seu ombro.
- Ou ou, qual foi, falei o bagulho sem maldade pô. - Alisou o ombro. - Vou precisar de um beijinho pra melhorar.
- Luís o pessoal deve tá esperando as marmitas, pega e leva logo - Falei.
- Porra, tu não dá uma moral véi, vivo correndo atrás e tu nesse gelo todo, tá maluco - Falou tirando o dinheiro da carteira e me entregando o dinheiro, guardei no caixa e apontei para as quentinhas.
- De mim e de mais quantas? - Perguntei e ele negou com a cabeça.
- Cheia das neuroses você, só tu mermo, mas se não acredita, fé - Pegou as quentinhas e saiu.
(..)
Por volta das 10 da noite cheguei em casa, uma bolota correu abraçando minhas pernas.
- Tiadrinha que saudades - Falei pegando ele no colo e enchendo de beijos aquela bochecha enorme o fazendo gargalhar.
- Falsa, falsinha - Minha irmã apareceu na sala e eu dei língua a ela. - Irmã - Falou e eu já sabia que ela queria abusar.
- Não, nãozinho - Retruquei e ela respirou fundo. - Aonde? Com quem?
- Aqui no morro mesmo, vou com as meninas do mercado. - Falou e eu cerrei meus olhos a encarando. - É serio. - Sorriu.
- Só vou olhar ele porque tu quase não sai e veja se usa camisinha viu - Falei e entreguei o Bryan pra ela - Deixe banhado e alimentado prontinho pra dormir - Falei e ela assentiu e saiu pulando com ele pela casa.
Aproveitei para tomar meu banho, minha mãe já havia chegado, eu sempre fechava a loja após ela deixar todas as marmitas montadas. Estava tirando um cochilo porque mais tarde iria para o samba, adora esses rolês e eu super apoio, super nova, só 39 anos tem que curtir mesmo.
Mais tarde estava eu deitada agarrada no meu gorduchinho enquanto ele dormia de boca aberta, dei um cheirinho em sua cabeça e fechei os olhos para hibernar.
***
Sobre as postagens, não serão todos os dias e nem tem dias certos. Vou escrevendo, vou postando.
Um cheiro.
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DO MEL AO FÉU.
Teen FictionPor dentro aos prantos, a alma sangrando, agindo como nunca quis, arrependida da escolha que fiz.