Luana.
- Caramba em garota, pensei que nunca mais íamos ter um momento assim - Nane falou enquanto tomou um gole da cerveja dela.
Estávamos aqui na laje de casa, ouvindo uma música na caixinha, tomando uma cerveja e comendo petiscos.
- Vida corrida dá nisso né - Falei enquanto pingava limão no salame e depois comi.
- Verdade, lá no serviço também tá um porre, olha é só eu arrumar uma oportunidade que eu pico o pé dali sem nem olhar para trás.
Nayane trabalhava em uma padaria, um dos serviços que eu acho muito puxado é esse, pouca folga e muito serviço, nem em feriado fecha. Uó.
- Mas não pode nem estar reclamando em, enquanto tu tá com o seu, muita gente está na busca. Só agradece, que oportunidades virão.
- Sim menina. Elias tá com papo da gente morar junto, tu vê mona, consegui laçar o bofe mesmo, mas não sei se vou morar junto agora não - Sorriu.
- E porque não? Que tá pegando?
- Na mesma hora que eu quero, eu não quero sabe, nos damos super bem, mas eu não sei.
- Segue sua intuição cara, não faz nada forçado não, se não quiser diz logo, só não vai alimentando esperanças pra depois dar pra trás.
Ficamos ali papeando gostoso enquanto o vento batia sobre a gente, vista maravilhosa dava daqui de noite, favelão todo iluminado, bonito pra caramba.
- Meu coração, não vai ser prego na parede pra você ser o martelo e pô pô pô pô pô - Cantou se levantando e vindo me puxar, começamos a dançar e cantar juntas.
Eu estava morrendo de saudades disso, momento de amizade né, é muito bom saber que você tem alguém para você contar, beber, curtir etc...
Tenho as amizades da minha mãe e da minha irmã, mas é sempre bom ter outras amizades também, sempre fui muito cabreira com as pessoas e Nayane foi uma das poucas que conseguiu conquistar minha amizade fácil.
- Você decide a minha boca ou a do litrão, cê quer dançar comigo ou descer até o chão sozinha, você quer ser da bagaceira ou quer se minha - Cantei tentando imitar a voz fina do garoto enquanto fazia o passinho da música e Nayane me filmando e rindo da minha cara.
A verdade é que essa versão de Menor Nico saiu melhor que a original. Ulalau.
- Ridícula você, tudo quer gravar - Falei.
- Pra quando tu morrer, eu ficar lembrando.
- Seu cú, vou morrer bem velha, ser aquelas idosas porra loucas mesmo, se brincar tu vai primeiro.
- Amo essa - Se referiu a música e começou a cantar. - Gatinha, só você, sabe rebolar, fazer qualquer um se apaixonar.
- Já tô é enjoando do tanto que ouço.
- Cantem baixo raparigas, que eu tô assistindo minha novela em - Minha mãe gritou lá de casa.
- Vem pra cá mãe - Chamei ela. Eu já tinha chamado mas ela não quis vir, disse que queria descansar.
Louise saiu, aproveitou que o pai do Bryan veio buscar e foi dar um pião por aí, bem acho que ela tá com o novinho do baile.
- Vou nada, cuidado em, daqui a pouco caem daí e se esbagaçam no chão - Falou e eu neguei com a cabeça.
- Tia é uma graça gente, amo muito esse jeitinho dela - Nayane falou - Tu contou pra ela daquele assunto lá? - Perguntou e eu engoli em seco.
Sabia que uma hora ela ia tocar no assunto, querer saber alguma coisa.
- Contei sim, pra ela e pra Louise, não escondo as coisas delas não, transparência sempre com elas - Falei e tomei um gole da minha cerveja.
- E ele nunca mais te procurou? - Perguntou e eu neguei com a cabeça rapidamente.
Só de pensar numa coisa dessa já fico nervosa. Xô.
- Não menina, espero nunca mais nem ver, foi na necessidade mesmo e só - Respondi.
- O que a gente não faz por quem amamos né - Falou e eu assenti com a cabeça olhando a visão da favela.
- Muita coisa menina, Luis até hoje me agradece e tem que agradecer mesmo e me valorizar demais por isso. Não é qualquer mulher que uma coisa dessas não, tem umas que diz somar, mas quando a situação complica, mete o pé e deixa o cara na mão.
- Mas se o cara sair da enrascada, ela pode preparar o caixão dela e ter ciência que vai ser lacrado.
- Ai credo, que horror.
- Mas vem cá, você contou para o Luís? - Perguntou e eu encarei ela, abri a boca para responder ela mas fui interrompida.
- Contou o que pa mim mermo? - Ouvi a voz de Luis e nem tive reação para encarar ele na hora, chega engoli seco, olhei para Nayane pedindo ajuda e senti a mão de Luis em meu ombro. - Que que eu tenho que saber?
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DO MEL AO FÉU.
Teen FictionPor dentro aos prantos, a alma sangrando, agindo como nunca quis, arrependida da escolha que fiz.