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1/5Luis Felipe - Bárbaro
1 ano depois...
Luta pra caralho até aqui parceiro, altos perrengues, cadeia não ressocializa ninguém, só faz ficar com mais ódio do sistema e querer fuder com tudo mermo.
Dificilmente tu vê um cara que sai daqui e quer sair dessa vida de bandido, esses casos são isolados.
Aqui dentro tú vive igual bicho ou até pior parceiro. Bagulho que gera revolta mermo.
Tem mano que acostuma com essa vida aqui, cai aqui dentro direto, faz daqui de casa, pega gosto mermo. Eu tô fora dessa rotina, quando sair daqui prefiro viver foragido, bagulho é brabo.
Terminei de tomar meu banho, me vesti e me sentei com os caras pra jogar baralho, aprendia jogar, tempo passa um pouco mais rápido.
Baseado na boca e de olho no jogo, contando as cartas que os caras jogavam, tem que ser veaco no bagulho.
- Manda a boa parceiro - Falei.
- Ah tá de sacanagem Bárbaro, tomar no cú parceiro. - Lobo falou, apelão pra caralho, sabe perder não.
- Apela não meu bom, o cara aqui é bom em tudo o que faz, tá ligado - Me gabei e ele bufou, descartou e era meu bate. - Mandou a boa mermo, oia - Coloquei as cartas na mesa. - Passa meus bagulhos pra cá - Peguei o todynho e os biscoitos deles.
A gente sempre apostava alguma coisa que tinha aqui. As vezes trocava alguma coisa com os caras de outra celas, passava por cima da parede.
Agora parceiro, minha mulher, ali faz tudo por mim pô, na moral mermo, sustentou cadeia comigo igual, não faltou nenhuma vez, sempre trazendo os bagulhos pra mim.
Fechamento pra caralho, chega ficava ansioso pra ela chegar com aquele sorriso mudando meu dia, quebrando essa rotina do caralho daqui.
Não vejo a hora de sair desse lugar aqui, pra curtir com ela. Altas metas lá fora, caras tão com uns papos de futuro aí, quero só ver quando eu sair, prometer comigo aqui dentro é mole.
- Luis Felipe - O carcereiro chamou.
- Presente - Falei me levantando pra encarar ela.
- Bora que tu tem visita - Coloquei minha mão nos espaços das grades e eles me algemaram, depois abriram a cela e eu acompanhei ele.
Vontade de enforcar esse filha da puta com as algemas até ele morrer. Fico sussa porque qualquer b.o que eu cometer aqui minha pena aumenta.
Esses canas se passam de bonzinho, mas só nos sabe a judiaria que eles fazem com uns caras aqui. Leva pra sala e desce madeira, deixa meio vivo meio morto.
Se eles tomarem birra da tua fuça já era parceiro, a peia é certa toda semana, só amenizam quando chega perto do dia da visita.
Entrei na sala e quem tava era meu advogado, cara tá fazendo de tudo pra me tirar daqui, direto vem aqui, tá sendo firmeza no bagulho, mas também, a bolada que ele recebe, cara é fixo quando alguém cai.
Tiraram minhas algemas e eu fui na direção dele.
- Fala aí meu bom - Apertei a mão dele e me sentei.
- Tranquilo Luis? - Assenti com a cabeça.
- Qual a boa que tu tem pra mim doutor? - Perguntei.
- Tua liberdade - Falou e colocou um papel sobre a mesa.
- Ideia mermo pô? - Peguei o papel lendo. - Me explica que é melhor, entendo esses bagulhos não. - Dei o papel e ele sorriu.
- Resumindo, consegui tua liberdade, cumpriu 1/6 da pena, tá tendo bom comportamento. Vai sair com tornozeleira, como hoje é segunda, na quarta tu deve sair.
Assenti com a cabeça e fui escutando o que ele me explicava.
- Ainda não avisei a Luana, vou ligar pra ela quando sair daqui.
- Faz o seguinte, avisa não, deixa que eu vou fazer um bagulho massa pra ela. - Ele assentiu com a cabeça, me deu mais umas ideias e depois eu voltei pra cela.
(...)
Depois de altas instruções me liberaram. Papel na mão, tornozeleira no pé e um alívio do caralho de estar saindo desse lugar.
Única coisa que trouxe foi as fotos que Luana tinha trago, de resto, deixei tudo para os caras.
Emocionado pra caralho mermo, tá maluco, só quem viveu sabe o inferno que é passar nessa porra.
Fui passando pelo portão e lembrando do que passei aqui, volto pra essa porra nunca mais parceiro, quero é ver.
- Eai Luis - Cara me gritou tava me esperando lá na frente. Fui na reta dele e era o Micael.
- Fala parceiro - Fiz toque com ele e entrei no carro.
- Agora sim em. - Falou me encarando.
- Oh, nem fala, lili cantou porra.
Fui olhando pela janela o tempo todo, uma cota sem ver as paisagens, casas, que até estranha.
Parece que tudo é novo, bagulho louco mermo.
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DO MEL AO FÉU.
Teen FictionPor dentro aos prantos, a alma sangrando, agindo como nunca quis, arrependida da escolha que fiz.