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Luana.

Na esperança de não ter ninguém, abri a porta de casa e tinha um segurança bem ali, não só ali, mas em todas as saídas possíveis dessa casa. Filha da puta desgraçado.

Mas será que se eu correr eles atiram em mim?

Fui lá né, ver se eu conseguia sair, na cara dura mesmo. Só foi botar a cara pra fora.

- Entra nessa porra, se tentar uma gracinha, vai tomar o teu, nós tem o aval.

- Pau mandado do cú murcho - Falei entre dentes entrando em casa.

Essas porras não tinham que tá junto na guerra não é? Inferno.

Os tiros passaram e depois de horas Luis entrou pela porta com o ombro enfaixado. Comecei foi a chorar só de pensar que ainda ia ter muita coisa a passar pela frente.

- Chora não cara, eu tô benzão pô, foi só um tiro no ombro tá ligado, vaso ruim não quebra fácil não.

Infelizmente.

Eu permaneci de cabeça baixa e os desgraçado ainda veio colocar a mão no meu ombro.

- Tu não vai me perder tão cedo minha donzela. Temos muito o que viver ainda.

E era isso o que me aterrorizava, não quero viver com ele até o resto da minha vida, capaz de eu estar toda quebrada, até faltando alguma parte do corpo.

Mas vou dar um jeito de sair dessa, eu não posso me entregar desse jeito, vou bolar algo para meter o pé daqui, sair desse relacionamento que está acabando comigo.

Vou para o mais longe possível, um lugar que não pegue internet, nem nada de preferência no meio do mato, para eu me desligar de tudo e recuperar minha sanidade mental e voltar a ser feliz.

Porque eu sei que eu mereço a felicidade ou não né, vai que tem um motivo para eu estar passando por isso.

- Tá vendo aí pô, tu tem sentimento por mim ainda tá ligada, fica aí negando, me tratando mal, mas tá aí agora chorando por mim, com medo de me perder.

Não aguentei a palhaçada não, tive que sorrir da cara de pau desse filha da puta.

- Pois é né. Nem vou dormir contigo hoje não, pra não ter perigo de e eu bater nesse teu braço e piorar.

- Tá é inventando k.o pra não dormir comigo pô, vai dormir sim rapá.

Coloquei a mão no ombro dele e apertei e ele fez careta.

- Essa porra dói desgraçada - Falou e eu segurei o riso.

- Tá vendo aí, e olha que eu nem botei força, melhor evitar, tu sabe que eu me mexo muito de noite, se eu meter o tapão aí não vai dar bom.

Ele pareceu analisar.

- Tu se liga em, se eu descobrir que tá tramando só pra não dormir comigo, tu vai tomar o teu.

- Quando tu melhorar eu durmo contigo, relaxa.

- Tô com saudade mermo é de outra coisa. - Falou tentando se aproximar.

- Nem pensar. Vai sossegar o rabo e descansar. - Falei e ele bolou mas não falou mais nada, foi para o quarto e eu sorri aliviada de ter consegui me livrar de dormir com ele por mais uns dias, quem sabe até lá eu consigo algo.

Tive que ajudar esse filha da puta a comer metia a comida quente mermo na boca dele, ele chega soprava e eu segurava o riso, teve uma hora que ele se irritou e eu tive que parar.

- Já não basta a porra do braço coisado, agora a porra da boca toda queimada. - Reclamou - Tá dormente essa desgraça.

- Me desculpa, mas eu esfriei e comida fria não é bom, ainda mais canja. - Já sai logo do quarto indo guardar as coisas na pia.

Tomou remédio pra dor e depois dormiu. Aproveitei para conversar com minha mãe e minha irmã no celular.

Fiquei navegando nas redes sociais, fazia tempo que eu não postava nada, eu até gostava de postar fotos e stories aleatórios no inst, porém hoje em dia não faço mais, fico só olhando insta e twitter.

Confesso que as vezes fico de olho nas fofocas dos fakes aqui da favela. Fiquei com medo depois daquele dia que a minha mãe me bateu na rua aparecer algo. Porém não postaram nada.

Eu me sentia até aliviada, porque as fakes xoxam demais a vida das pessoas.

Fiquei pensando em uma história que minha mãe me contou, que a mãe de uma conhecida dela, apanhava muito do homem e que ela colocou estilhaços de vidro dentro da comida dele.

Não morreu porque ela contou para uma pessoa e essa pessoa avisou o cara, não sei se por desencargo de consciência, só sei que acabou com a oportunidade da mulher de se livrar também né.

Minha mãe ainda disse que não compensava, para não se igualar ao monstro que o cara era.

Mas eu entendo essa mulher e sei que na hora ela só estava pensando na liberdade dela e se livrar de tudo o que ela passava nas mãos do monstro que ela tinha como companheiro.

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Já tá chegando na reta final em...

DO MEL AO FÉU. Onde histórias criam vida. Descubra agora