Luana.
- Não faz isso mãe, não precisa disso - Falei sentindo ela me bater, estávamos aqui na área de cada, ela me arrastou para a rua mas eu entrei de volta.
- Você que não precisa ficar com macho que te bate e você tá preferindo ficar com ele do que ir embora.
A essa altura alguns curiosos já nos ouvia. E ali minha mãe começou a me bater, e não era de tapa não, era de murro.
Eu não me importava muito com ela me batendo, era minha mãe e eu entendo o desespero dela em saber que eu prefiro ficar com alguém que me bate do que ir embora.
Se fosse tão fácil assim, só pegar e ir, eu já teria ido, se eu tivesse feito isso na primeira agressão, as vezes teria conseguido, mas não irei saber né, já passou.
Mãe nenhuma cria filha para isso, mãe sofre junto do filho, passa noites em claros preocupada, com medo de acontecer o pior.
Eu só chorava, chorava arrependida da escolha que eu fiz, do que eu permiti acontecer, perdoar e quando tentei sair fiquei presa.
- Apanha de macho vai apanhar da mãe também - Cada palavra era um murro.
Eu só ajoelhei no chão e abracei as pernas dela.
- Me perdoa, me perdoa mãe. Você é tudo pra mim, eu te amo muito - Falei alto e senti ela parar. - Só não desiste de mim.
- Levanta Luana. - Falou e eu continuei no chão e ela agachou até mim e fez carinho em meus cabelos, ficamos nos duas ali chorando.
- Eu sou tua mãe e não vou desistir de você. Eu te amo filha.- Falou chorando também.
- Eu também te amo - Respondi e abracei ela.
- Eu estou aqui pro que precisar, isso não é vida pra você, sai dessa enquanto é tempo. É só me ligar que eu venho te buscar na mesma da hora.
- Obrigada - Respondi.
- Tem certeza que não quer ir?
- Tenho.
- Eu tenho que ir - Falou pegando seu celular que tocava, mas qualquer coisa me liga. Entenda que para a mudança acontecer, isso depende unicamente da pessoa. Depois eu volto. Não vou desistir de você.
Eu assenti com a cabeça e abracei ela de novo e ela se foi.
Entrei em casa novamente e fui dormir um pouco, não queria fazer nada, só deitar e dormir.
Passei o dia quase todo dormindo, acordei com batidas na porta, fui ver e era Louise com Bryan.
- Vai dar um abraço e um beijo na sua tia - Minha irmã disse e ele veio. Apertei ele em meus braços, saudade que eu tava desse garoto.
- E aí - Falei com minha irmã que sorriu pra mim e veio me abraçar.
- Trouxe umas besteiras pra gente comer e assistir filme. - Levantou as sacolas e eu dei espaço pra ela entrar e depois fechei a porta.
Nós colocamos um filme de comédia e assistimos, eu perguntava da vida dela e ela me contava, até hoje estava de rolo com o novinho dela, mas nada sério, bom, dizendo ela.
- Tô correndo de laço irmã, quando sentimos saudades a gente se vê, mas depois é cada um pro seu canto, sem muito grude.
- Grude só na hora do acasalamento né - Falei e ela gargalhou.
- Nessas horas não dispenso. Tem nem como, gosto.
Bryan ficava brincando com a gente em meio ao filme, eu consegui me distrair bastante com eles aqui, ainda planejamos a festa dele e claro eu ia montar tudinho pra ele e sem custo nenhum.
Ela não tocou em nada sobre o assunto e eu também não. Quando o filme acabou o traste chegou, falou com Louise que nem se deu o trabalho de responder ele.
Ela disse que já ia e eu assenti acompanhando ela até a porta.
- Estou aqui pra tudo viu - Falou e eu assenti com a cabeça. - Te amo.
- Te amo irmã, obrigada.
- Te amo titia - Bryan falou abrindo os braços e eu peguei ele no colo o apertando.
- A titia te ama muito também sabia?
- Sabia titia - Respondeu e nós sorrimos.
Assim que fechei a porta o satanás veio atazanar.
- Quer dizer que a mamãe bateu em você na rua? Tá vendo aí pô, a gente faz esses bagulhos por amor.
- Você não ama nem você, quem dirá outra pessoa.
- Desse jeito tu machuca cara, fala um bagulho desse não.
- Vai fazer teatro em outro lugar, não vou dar palco para suas palhaçadas não.
- É bom tu baixar tua bola filhona.
- Sim senhor. - Assenti com a cabeça e fui para o quarto. O outro ainda pediu uma quentinha pra mim, comi porque estava com fome e sem paciência para fazer comida.
Tomei um banho, escovei meus dentes e voltei a me deitar, confesso que eu estava me sentindo melhor, por saber que eu tinha uma mãe e uma irmã que eu podia contar, apesar de tudo. Isso me confortou de certa forma.
******
Por hoje é só. Um cheiro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
DO MEL AO FÉU.
Ficção AdolescentePor dentro aos prantos, a alma sangrando, agindo como nunca quis, arrependida da escolha que fiz.