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Luana.

- Como é que é lá filha? - Minha mãe perguntou enquanto íamos para a loja.

Cheguei ontem, tomei um banho, comi algo e capotei, não tinha dormido direito na noite passada por conta da ansiedade, fui colocar o sono em dia.

Minha mãe aceitou sem problemas me liberar duas vezes no mês para a visita do Luis. Ainda bem que eu trabalho com minha mãe, porque se fosse com outra pessoa, duvido muito que me liberasse e se liberasse ia descontar do meu salário ou me colocar pra dobrar.

Agora só daqui duas semanas, não vejo a hora de chegar pra eu ver meu love de novo. É ficando longe assim que a gente passa a dar mais valor na presença da pessoa.

- Mãe a visita é em um pátio, não cheguei a ver nada demais não, agora é muito preso, misericórdia. Luis disse para eu não ficar olhando ela ninguém e nem encarando porque pode dar problema.

- Um monte de cara dentro de uma lata de sardinha que é a cela né menina, um absurdo isso.

- Situação é precária, certo que eles são errados, mas a condição lá dentro é de lascar pelo que Luis me disse.

Chegamos na loja e já fomos ajeitar o rango, estava a todo vapor as vendas graças a Deus, a clientela fixa da minha mãe arrasa, não tem jeito. Conquistou o bucho da galera mesmo.

Tirei meu celular do silencioso pra caso Luis ligasse ou mandasse algo. Nem tinha mais o aplicativo do twitter instalado no meu celular, mas eu baixei e loguei de novo, já até segui ele de volta, ainda coloquei notificação diferente para eu saber quando chegasse mensagem lá.

Depois de um tempo as comidas estavam prontas. As sobremesas coloquei na vitrine do balcão pra dar aquela geladinha.

Tinha gente que vinha comprar só a sobremesa também, gostaram do feito pela mamãe aqui, bem confeiteira, mas não tenho pique pra seguir essa carreira, me perguntaram se eu pegava encomenda, já me saí logo, não é comigo. Só fazendo pra cá tá ótimo.

Abri a loja e fiquei no balcão atendendo, quando foi por volta de umas 4 horas meu celular tocou, número desconhecido. Core já acelerou, deve ser meu preto.

- Mãe, vou atender o celular aqui rapidinho - Avisei ela que assentiu com a cabeça, esse horário não tinha muita movimento, mas ainda sim tinha alguma pessoas que compravam marmita tarde

IDL

Alô.

- Fala minha donzela.

Oi meu bem, como você está?

- Tô bem pô e tu diz aí?

Melhor agora.

- Hum. Coé vieram me falar que tu tava caçando briga na fila do presídio, qual foi pô?

Até aí dentro tem fofoca? Cruzes.

- Desenrola Luana.

Que nada, era só duas garotas que pagaram uma pra pegar fila pra elas no sol e quando deu sombra vieram entrar bem na minha frente. Não teve k.o certo meu bem, botei pra ir pro final, ah tá de palhaçada.

- Minas são mulheres de uns roncas pô.

Não interessa, é injusto com quem estava a horas em pé na fila tomando sol na cara Luis, a fila grande pra caralho e as garotas entram na frente quando dá sombra. São o que as exclusivas da fila do presídio? Tem dessa não, todo mundo está ali para ver alguém que ama.

- Só que esse bagulho pode respingar em mim caralho, se o cara encrenca com minha cara já era, ainda mais que é forte aqui dentro, pra mandar me matar é em um tempo. Tô na moral aqui, sem guerra com ninguém, então tu fica ligada porra, não fica caçando briga não, depois essas gurias querem meter uma contigo também, tô nem aí pra te defender. Fica esperta, faz esses bagulhos não.

Desculpa, eu não sabia que podia respingar em você não. Vou ficar mais tranquila, mas na minha frente não entra não.

- Tu deixa de ser teimosa pô.

Que nada, levantei cedo pra ver meu amor e vem essas moninhas querer entrar na minha frente, boto pra correr mesmo entra não que eu tenho pressa pra aproveitar cada segundo com meu love.

- Por isso que te amo pô, tá ligada, meu fechamento, mas deixa de confusão em.

Pode deixar amor. Já estou com saudades.

- Também pô. Ih sujou, se liga, vou desligar os canas tão vindo. Te amo, tchau.

FDL

- Brigando em dona Luana, tu cria vergonha na sua cara garota, te criei pra isso não - Minha mãe falou assim que desliguei o celular.

- Mais tá fifi a senhora em, só ouvindo a conversa dos outros. - Encarei ela.

- Que nada, só estava passando e ouvi sem querer - Gargalhei e ela sorriu também. - Não vai arrumar problema pra cabeça não em menina, juízo.

- Foi só ontem, senhora me conhece e sabe que não sou maria confusão. Mas eu queria ver se fosse alguém entrando na frente delas, se elas iam deixar, iam porra.

- Digo é nada. Anda, bora agilizar a janta porque logo os que comem cedo chegam. - Me puxou e nos fomos pra cozinha.

Admiro demais quem faz almoço e janta todos os dias, cansa demais menino, ave maria. A gente até tenta fazer almoço que dá pra janta, mas as vezes acaba tudo e a gente tem que fazer de novo.

Chega dá um desânimo, porque é comida pra caramba, mas é isso aí, trabalhar pra se mimar e pagar suas contas, porque nessa vida não nasci rica, quem sabe na próxima.

DO MEL AO FÉU. Onde histórias criam vida. Descubra agora