Luana.
Dia de visita novamente, muito feliz de estar aqui vendo Luis novamente. Abracei e apertei muito ele.
Ele estava agora almoçando a marmita que eu trouxe enquanto conversávamos, ele me contava que estava mais tranquilo e estava aprendendo a conviver aqui dentro.
- Agora que eu almocei a comida do sogrinha quase ex, vamos resolver nossa pendência. - Falou me encarando sério.
- Que pendência Luis? - Perguntei - Já resolvemos tudo cara, deixa de palhaçada, já deu isso já.
- Tu acha que tu ia sentar pra outro e ia ficar por isso mesmo? - Me levantei e ele segurou meu braço. - Se correr é pior.
Engoli em seco e olhei ao redor, os policiais faziam ronda pelo local observando tudo.
- Você não pode fazer nada comigo aqui - Falei e ele sorriu sarcástico.
- Já tô preso mermo, não tenho mais nada a perder não, uns anos a mais não tem problema. Vai morrer vacilona, pra não fazer mais nenhum cara de otário.
Só vi quando ele puxou um canivete e perfurou meu abdômen, senti uma dor lascada, coloquei a mão por cima e gritei por socorro.Mas isso não faz ele parar, só fez ele me deitar no chão e me furar toda com o canivete.
Os polícias o tiraram de cima de mim, mas já era tarde, tarde demais, a dor foi passando, eu fui sentindo meu corpo leve e apaguei estirada no chão de um presídio enquanto tinha o olhar de quem me tirou a vida em cima de mim com um sorriso no rosto.
(...)
- Caralho - Levantei do sofá em um pulo com a mão no coração, sensação ruim pra caramba, meu peito doendo. - Que pesadelo terrível.
Odeio esses sonhos com morte essas coisas, parecem tão reais e por mais que tentemos sair dele não conseguimos, parece que algo prende a gente ali.
O medo me atingiu de verdade. Será que Luis seria capaz de me matar por causa disso?
- O que foi menina? - Minha irmã falou, a doida está aqui assistindo filme ainda.
- Sonhei com Luis me matando dentro do presídio por conta do programa que fiz. Menina que horrível, gostei disso não, credo, não tô bem.
- Que nada menina, liga pra essas coisas não, isso é porque você fica encucada, pensando nele o tempo todo, nessa briga, essas coisas, ainda mais que falou com ele hoje, aí acaba sonhando.
- É, pode ser também né, vai entender - Falei já mais calma.
- Quer um chá? - Assenti e ela foi fazer enquanto eu fiquei na tv e evitava lembrar do sonho.
- Obrigada - Agradeci quando ela voltou com o chá pronto.
- Toma e vai dormir que amanhã cedo minha mãe te chama, sabe como ela é agoniada. Reza antes de dormir e depois se tiver dificuldade fica criando histórias boas que uma hora tu pega no sono.
- Vou contar carneirinhos , dizem que dá certo, nunca fiz - Falei e ela gargalhou.
- Vai casar mesmo né? Luis te laçou legal, quem diria em - Falou e eu assenti com a cabeça.
- Logo eu que vivia correndo dele - Falei lembrando e sorrindo - Mas vou casar sim, pra quem já se prostituiu por ele, o que é casar né, ter direito a uma namorada na cadeia.
- O auge né, ter que casar para conseguir dar para o boy preso. Mas também se não tivesse esse critério ia virar bagunça, cada visita ia ser uma diferente, maior auê.
- Cadeia ia virar bordel. E você e o novinho em? Só sei que as vezes tu dá umas fugidas, mas não sei com quem - Perguntei me lembrando dele.
- Ah, com ele mesmo e as vezes com outros também, nós dois somos muito desapegados, quando dá na telha a gente fica, sem cobrança sem nada. Eu gosto disso, já basta meu filho pra me dar trabalho e viver colado em mim.
- Pior né. Eu jurava que tu ia voltar era com o pai de Bryan, no início assim sabe.
- Que nada menina, a gente já até ficou, não nego, mas não dá muito certo não, a gente da choque quando fica muito perto, ele é implicante e eu não tenho saco pra isso. Temos uma boa relação pelo neném , agora assim pra conviver sempre junto não dá certo não, é ele lá e eu cá.
- É complicado né.
- Vou te falar que é complicado quando a criança tem duas pessoas para educar a criança irmã. Quando era só eu, era tudo do meu jeito, Bryan seguia tudo certinho que eu dizia. Agora o pai porque chegou agora, quer fazer de tudo para agradar e acaba estragando o menino.
- Mas tudo se resolve conversando, tudo é novo pra ele também, tenta entender. Fora que o Bryan te respeita muito quando você fala, é um menino super tranquilo. São só três dias com o pai quinzenalmente, deixa eles. Agora se você vê que tá prejudicando o neném, você chama e conversa.
Acabou que ao invés de eu dormir depois do chá, fiquei bem lá com ela, nós ficamos conversando até tarde, até esqueci do pesadelo que tive.
Fomos deitar quase quatro da manhã quando Bryan sentiu a falta dela na cama e começou a chamar ela, já falei pra essa garota compra a cama dele pra ele aprender a dormir sozinho.
Mas ela é mais apegada que ele, já acostumou a dormir abraçada com o pequeno dela.
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DO MEL AO FÉU.
Teen FictionPor dentro aos prantos, a alma sangrando, agindo como nunca quis, arrependida da escolha que fiz.