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Luana.

Queria, queria muito ter acertado aquela faca no coração dele, só para me ver livre dele, livre de todo o sofrimento que estou passando.

Mas eu travei, eu tentava acertar ele mas eu não conseguia, não sei se era meu subconsciente avisando que eu me arrependeria, que eu não preciso me igualar a ele.

Mas eu só quero ter paz. Eu preciso de paz.

A pior coisa é você fazer as coisas forçadas, é você ficar presa a alguém por pura obrigação, porque ela tem algo contra você, contra alguém que você ama.

Eu não posso envolver minha família no meio, eu não posso prejudicar eles, principalmente a minha mãe, por uma escolha errada que eu fiz. Só quero a felicidade dela acima de tudo.

Eu só estou cansada, cansada disso tudo. Ele faz as coisas e depois age como se não tivesse feito, como se a culpada disso tudo sou eu, como se louca da história fosse eu.

Tinha marcado de encontrar minha mãe, ela havia chegado hoje de viagem e já pediu para falar comigo, porém o Luís não deixou eu ir e ainda me ameaçou.

Mandei mensagem para minha mãe inventando uma desculpa mas de nada adiantou, quando vi ela já estava entrando aqui em casa.

- Se Maomé não vai até a montanha, a montanha vem até Maomé não é Luana. - Falou colocando as mãos na cintura.

- Oi mãe, vem cá, me dá um abraço - Falei abrindo os braços pois eu estava morrendo de saudades dela e queria me aliviar um pouco ali no seu abraço.

Ela veio bicuda, mas veio e me abraçou apertado, fechei os olhos sentindo a vontade de chorar. Não tem lugar melhor no mundo do que o colo de uma mãe.

- Agora vamos conversar. - Me puxou e nos sentamos no sofá. - O Luis está batendo em você e não adianta você negar pra mim não Luana, não só eu como outras pessoas também estão sabendo disso. Agora o que me chateia de verdade foi eu ter sabido pela boca dos outros e não pela sua, nos sempre fomos amigas Luana. Minha filha o que está acontecendo.

- Eu não contei por vergonha mãe, me desculpa.

- Vergonha logo de mim Luana, da sua mãe.

- Me desculpa.

- Para de se desculpar. Minha filha olha pra mim, eu sou a tua mãe e estou aqui pra tudo, você pode contar comigo. - Segurou minha mão.

- Ele... Ele da umas crises, uns surtos, fica me acusando de coisas que eu não fiz e acaba me batendo, eu perdoei ele mãe, perdoei na esperança dele mudar, dele melhorar.

Omiti a parte que eu estava o odiando e das ameaças que ele me fazia, eu queria falar, mas eu não queria colocar minha mãe em risco de nada, eu não podia fazer isso com ela.

- Mais a tendência é só piorar Luana, você tem que largar ele, sair desse relacionamento. Minha filha olha para você sempre foi vaidosa, está emagrecendo, com olheiras, olha pra si Luana, o amor não precisa suportar tudo, não quando ele te prejudica, te maltrata. - Eu só abaixei a cabeça - Pega tuas coisas, vamos para casa.

- Não.

- É o que? Tu tá me dizendo que vai ficar aqui apanhando de macho?

- Mãe, eu não vou. - Falei já chorando

- Pelo amor de Deus Luana, se você continuar aqui esse homem vai acabar te mandando para um hospital ou pior, você não pode ficar aqui.

- Eu vou ficar.

Eu falava sem encarar ela nos olhos.

- Eu não te criei pra isso Luana. Cadê aquela mulher forte e decida de antigamente? Acorda pra vida minha filha. Isso não é vida pra ninguém, não existe só ele de homem no mundo não. Você é linda, maravilhosa, você se basta.

Ela falando e eu só calada chorando, de cabeça baixa.

Eu queria muito ir com ela, mas eu não posso e de certa forma isso me dói, porque minha mãe também sofre com isso e eu não queria ver ela sofrer por minha causa, prefiro me ferrar toda do que prejudicar ela, minha mãe é meu tudo.

- Vamos Luana, vai pegar suas coisas - Falou e eu neguei com a cabeça.

- Me perdoa, me perdoa mãe, desculpa a decepção, mas eu não vou.

- Ele tá te ameaçando?

- Não, eu que quero ficar.

- Você não tem é vergonha na sua cara de me dizer que quer ficar com um macho que te bate. Você não vai mesmo?.- Perguntou.

- Não.

- Então eu vou te fazer ter vergonha na sua cara. - Me puxou pelo braço e me arrastou para fora de casa. - Se você apanha de macho, pode apanhar da mãe também - Falou mais alto.

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