Não demorou para o seu apelo por socorro ser atendido, vieram duas enfermeiras junto a um maquista e um médico prestar o atendimento. Paulo estava desacordado no banco do motorista.
Enquanto Paulo era encaminhado pelos corredores do hospital, Luiza tentava explicar ao médico o que tinha acontecido.
- Eu não entendo. Ele não bebeu muito como das outras vezes que me... – Luiza deixou a frase inacabada.
O medico observava o seu rosto machucado.
- Ele bateu em você? – Perguntou
Luiza apenas assentiu com a cabeça.
- Preciso saber o que ele ingeriu, e você também precisa ir para a enfermaria cuidar desse machucado em seu rosto.
Luiza neste momento começa a chorar.
- Salve ele doutor. Eu não entendo o que deve ter acontecido. Ele só preparou uma bebida para a gente, depois ficou agitado. Depois de um tempo dormiu e quando acordou, reclamou de dores de cabeça. Não deixe ele morrer. – Disse Luiza em prantos.
A maca se aproximava da porta dupla que dividia o corredor.
- Enfermeira Allen, acompanhe a senhora até a enfermaria. Deste ponto você não pode o acompanhar, deixe com a gente. Agora vá cuidar do seu rosto. – Disse o médico enquanto passar pela porta dupla.
A enfermeira pegou Luiza pelo braço, de forma cuidadosa e a encaminhou a enfermaria.
Assim que fez a limpeza e suturou, pediu que aguarda-se sentada ali mesmo.
Pouco tempo depois uma assistente social entra na sala onde Luiza aguardava.
- Boa noite! – Disse a mulher ao entrar.
- Boa noite. – Respondeu Luiza.
- Sou assistente social do hospital, gostaria de conversar um pouco com você, se você não se importar, é claro. – Disse a mulher gentilmente.
Luiza se mexe em sinal de desconforto, mas tentar manter a calma. Ela não poderia ter nenhum deslize que pudesse prejudicá-la.
- Você gostaria de me contar sobre esses machucados? – A mulher apontou para o rosto e pulsos de Luiza.
Luiza permaneceu em silêncio por alguns instantes, antes de começar a falar.
- Eu me machuquei em uma queda na casa do lago. Quando Paulo começou a passar mal, eu corri tentando ajudá-lo e acabei caindo e batendo o rosto na quina. – Disse luiza em um sussurro.
- E esse machucado em seu pulso, como aconteceu? – Insistiu a mulher.
Luiza leva uma das mãos ao pulso, massageando o local.
Luiza começa a chora, fazendo com que assim a pergunta ficasse sem resposta. A mulher se aproximou oferecendo um lenço.
- Sei o quanto é difícil denunciar um relacionamento abusivo, mas se esse for o caso, você precisa me contar o que aconteceu com vocês. Com você principalmente. Ele te agrediu depois de ter bebido e perdido a cabeça? Essas marcas em seu pulso foram feitas por ele? – A mulher falava num tom baixo e acolhedor. – Saiba que você está num local seguro. Você pode confiar em mim. Eu quero muito te ajudar, mas preciso que você me deixe fazer isso.
Luiza deu um suspiro, como se estivesse sido tocada pelas palavras da mulher. Ela deu uma relaxada em seus ombros e começou a falar.
- Éramos amigos desde a faculdade, então nos afastamos por um tempo. Quando nos reencontramos nos tornamos amigos novamente, desta vez com mais intimidade. A gente mantinha contato, mesmo não se vendo sempre. Quando ele me ligou dizendo que estava disposto a tirar a própria vida depois da esposa lhe pedir divórcio, o convidei para almoçarmos juntos, nesse almoço ele me fez a proposta de passar um tempo na casa dele do lago. Disse que precisava de um ombro amigo e que não queria ficar sozinha se não seria capaz de cometer uma besteira. O combinado era passar dois dias e depois voltar. – Luiza fez uma pausa, enxugando uma lágrima que escorria pelo seu rosto. – Ele me manteve presa, longe de tudo e todos. Ele escondeu o meu celular, e toda vez que saia me deixava trancada naquela casa.
Neste momento o choro de Luiza se torna mais intenso.
- Calam, já passou. Você agora está segura. Ele não poderá mais lhe machucar. – Disse a mulher lhe acalmando.
- Eu estava sozinha a manhã inteira, então resolvi terminar um vinho que tinha na geladeira, mas não deu nem tempo de beber. Ele chegou irritado. Bastante agitado, quando me viu colocando o vinho na taça, tomou a garrafa de minha mão e... – Luiza começou a soluçar. – Eu fiquei queta. Aí ele preparou uma bebida para ele enquanto me pedia desculpas. Depois fomos para o quarto, aí depois de ter bebido ele apagou e quando acordou não estava bem. Como sabia que precisava de ajuda, ele me disse onde guardava as chaves e qual era a senha de segurança. Eu estou com medo, com muito medo.
- Não precisa. Entendo que deva ser difícil para você falar tudo isto, mas precisamos tornar seu depoimento formal. Preciso que você faça a denúncia oficialmente. – Encorajou a mulher.
Luiza tentou disfarçar o nervosismo, ela não queria seu nome vinculado a ele. Só precisava de alguém que acreditasse que ela realmente tinha sido agredida por ele, mas abrir um boletim o denunciando só iria estragar com seu plano.
Quando iria tentar explicar para a mulher que não poderia fazer o que ela estava pedindo, a enfermeira retorna.
- Desculpa interromper, acredito que queira saber notícias sobre o seu companheiro. – Disse a enfermeira pesando cada palavra. – Mas lamento informar que não trago boas notícias. Infelizmente ele não resistiu.
Ao ouvir aquelas palavras o coração de Luiza bate em descompasso. Ela não sabia se aquilo seria algo bom ou ruim. O fato dele não ter resistido não estava em seus planos, mas ele não está ali para contestar quaisquer palavras que ela dissesse iria facilitar e muito a sua saída ilesa daquela história.
- Como? Nâo. Não, você deve estar enganada. – Disse, fingindo indignação. – Ele não pode ter partido. Isso não pode estar acontecendo com ele. Não pode estar acontecendo comigo.
A assistente pega em sua mão tentando a confortar, enquanto a enfermeira a encara com os olhos de compaixão.
- Sinto muito, tentamos de tudo, mas infelizmente ele não resistiu. Teve uma parada cardiorrespiratória. Sei que este momento é muito difícil, mas precisamos que nos ajude a preencher a ficha com os dados dele e falar sobre a liberação do corpo. Vou esperar alguns minutos para que possa assimilar toda a informação. Volto em poucos minutos.
Assim que deu mais uma olhada de compaixão em direção a Luiza, a enfermeira a deixou novamente com a assistente social.
Uma hora mais tarde, Luiza tinha passados todos os dados que pôde fornecer. Informou que não era a esposa dele, mas apenas uma amiga. Contou a mesma historia, mas desta vez omitindo os relatos de abuso e seu nome verdadeiro. Deu a desculpas de que tinha esquecido os documentos no momento de pânico ao trazê-lo para o hospital. Como Paulo ainda estava ainda oficialmente casado, decidiram entrar em contato com sua esposa para informar do acontecimento. Assim que se certificou que não teria nenhuma ponta solta, Luiza informou que precisava voltar a casa do lago, queria tomar um banho. Assim se despediu da assistente social que a acompanhava.
- Lamento pelo que você teve que passar. – Disse a mulher num tom condescendente.
Ao chegar na casa do lago, Luiza se ocupou em apagar qualquer indício que a ligasse aquele lugar. Como possuía a senha, entro no sistema de segurança deletando as gravações, limpou todos os cantos por onde passou. Sua presença ali não passaria de um fantasma.
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Ola, pessoas! Voltei mais cedo trazendo novos eps para vocês...
Estava lendo os comentarios, devo concordar. Bianca perto de Luiza era um anjinho.
Até mais. Beijos e queijos ;*

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Era você
FanfictionUma romântica incurável que não consegue manter um relacionamento, mas que sonha muito viver um clichê digno dos livros de Jane Austen. Uma Solteira convicta, em quer sua felicidade estar em não manter laços afetivos com suas companheiras de cama. ...