Proporções

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· Perspectiva de Gizelly

Quando planejava se livrar de Luiza, Gizelly nunca pensou que as coisas tomariam esta proporção. Por mais que estivesse ciente de que quer seus atos levariam aquilo. Mas a realidade lhe causou bem mais do que alivio.

O sentimento de culpa era algo inevitável.

A morte de Luiza, quem conhecia tão bem, e a certo ponto desejava que fosse feliz. Fez com que se instalasse uma sensação de que algo obscuro dentro de si.

Nos últimos meses sua vida tinha virado de cabeça para baixo ao se entregar a uma paixão, que no fundo sabia que não tinha mais volta.

Suas perspectivas foram alteradas. E por ela, seria capaz de tudo.

Quando sua amiga Manu lhe informou do jantar, achou que seria um ótimo momento para voltar definitivamente para a vida de Gizelly. Que ali deveria renovar suas promessas e só sair daquela casa com ela ao seu lado. A trazendo novamente para a sua vida, mas tudo foi novamente interrompido pela notícia da morte daquela, que autora foi uma pessoa queria em sua vida.

Gizelly não sabia como reagir. De repente todos os seus problemas poderiam ter desaparecido.

Mas esta sensação de aliviou foi embora tão rápido quanto veio. Ao sentir como Rafaella reagiu à notícia e como a olhava, seu coração se fechou. Assim como todo o seu corpo.

Após conversar com os investigadores, Gizelly retornou para explicar tudo a Rafaella, a única coisa que recebeu foi a sua rejeição.

Tudo tinha fugido de controle, desde o recebimento da notícia até aquele momento, o que mais temia era que mais uma vez Rafaella fugisse sem lhe dar chance para explicar o que de fato tinha acontecido.

Na manhã seguinte precisou novamente ir prestar depoimento, por mais que seu desejo fosse voltar até a casa onde Rafaella estava e lhe contar sobre tudo. Mas ao receber um longo texto acusatório, aquela sensação de escuridão tomou um tamanho enorme dentro do seu coração. Mais uma vez, Rafaella lhe pedia pra sair de sua vida sem ao menos lhe dar a chance de se explicar. Mas desta vez, Gizelly não iria mais insistir. Sabia que uma hora ou outra ela iria perceber que foi injusta.

Nos dias seguintes, Gizelly se limitou a apenas saber como estava sua vida. Perguntava sobre coisas triviais e sempre ignorava as investidas de Rafaella sobre o acontecimento. Gizelly acreditava que elas precisavam de um tempo. Tempo para processar tudo. Gizelly precisava de tempo para processar tudo o que havia acontecido.

Decidiu se afastar da escola para não ter que lidar com a presença de Rafaella, pois sabia que não iria resistir se a encontrasse pelos corredores.

Todo o autocontrole não seria suficiente perto dela.

O plano de Gizelly se resumia a conseguir provas contra Luiza, para então a colocar contra a parede e tira-la de uma vez por todas de perto de Rafaella.

Gizelly fazia tudo com muito cuidado e cautela, mas as visitas de Rafaella a Marcela e a Luiza fizeram com que Gizelly tomasse uma atitude mais drástica. Dias antes, Gizelly havia procurado a esposa de Paulo. O homem qual descobriu que Luiza poderia ter algum envolvimento com sua morte.

A mulher morava em outra cidade, e ao marcar um encontro Gizelly precisou ter todo o cuidado. Pois não queria levantar suspeitas de seu envolvimento com tudo aquilo. A princípio a intenção dela era colher mais informações e consegui uma aliada para se livrar de Luiza. No momento certo iria entregar as provas que tinha recebido do seu investigador particular junto com o depoimento da esposa do falecido. Ela tinha concordado em entregar Luiza a polícia. Tudo aquilo poderia dar ou não certo, mas Gizelly não poderia mais esperar.

Porém, na quarta-feira, antes de tudo aquilo tomar outras proporções. Gizelly resolveu que seria a hora de agir, entrou em contato com a então viúva, informando sobre o que desejava fazer.

- Está na hora de entregar tudo o que conseguimos reunir a polícia, mas preciso do seu depoimento. Só ele torna-la as provas mais consistentes. Assim teremos mais chance de fazer com que ela realmente consiga o castigo que merece.

A mulher ficou em silêncios por alguns minutos.

- Antes de tudo, eu preciso me encontrar com ela. Preciso confronta-la. Ela foi capaz de me enganar, de se aproximar de mim, da minha família. Se passar como amiga, para no fim. No fim tirar a vida do meu marido sem ao menos se importar com meu filho. Você sabe muito bem como fica a cabeça de uma criança nessa situação. Você, mais do que ninguém entende a dor que eu estou sentindo vendo o meu filho sobre pela perda do pai. Eu preciso encontra-la, ao menos por um minuto.

Gizelly pensou sobre aquele pedido. Pensou no que acarretaria.

- Não acho que seria uma boa ideia. Isto iria deixa-la em alerta. Eu sei disso, e você também. Por que fazer isso? Você poderia confronta-la depois que colocarmos ela atrás das grades. Seria uma atitude mais segura. – Tentou aconselhar.

- Esta é minha última palavra. Só irei fazer o que me pediu após este encontro, se não puder fazer acontecer, esqueça a minha ajuda e lide sozinha com tudo. – Disse a mulher num tom firme.

- Ok! Mas precisamos fazer com que nada nos ligue, pois tudo estaria perdido. Vou tentar conseguir convence-la em se mudar para um hotel com menos segurança, darei alguma desculpa para que isso aconteça. Você poderia estar na cidade na sexta? – Perguntou Gizelly.

- Certa está ótimo para mim.

- Ok! Na sexta- feira precisarei inventar algo que sirva como desculpa para não poder estar com ela... – Gizelly deu uma pausa ao se dar conta que também não poderia estar no mesmo ambiente que Rafaella, isso iria fazer com que Luiza insistisse em estar presente. – Sei o que preciso fazer. Você terá seu encontro, mas peço que tenha muito cuidado e você não terá muito tempo com ela. Assim que sair desse encontro, você irá direto até a polícia para entrega-la, cumprindo com sua parte do acordo.

- Por mim, já está feito. Minha vida foi destruída pelas mãos daquela mulher. Não seria justo simplesmente entrega-la sem ficar cara a cara. Sei que o meu marido não era um homem exemplar, mas para o meu filho, ele era o mundo. A coisa mais importante da vida de uma mulher sãos os seus filhos. Por ele somos capazes de tudo.

A mulher deu um longo e pesado suspiro.

Gizelly, de certa forma a entendia. Mas também temia por ela.

Podia sentir que a mulher poderia romper a linha entre a justiça pura e a vingança desenfreada.

Mas naquele momento, Gizelly se encontrou de mãos atadas.

Era tudo ou não. Sabia que seja lá qual fosse o resultado, teria que arcar com as consequências.

Após finalizar a ligação, Gizelly foi colocar as coisas em praticar. Precisava deixar tudo pronto para a sexta-feira. A parte mais difícil seria convencer Luiza a trocar de hotel, pois ela tinha se instalado em um muito próximo ao apartamento que ocupava. A parte menos complicada seria criar uma situação a qual impediria de estar com ela no momento do encontro. 

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