· Perspectiva de Rafaella
São Paulo era a cidade que nunca dormia; não sentia nem sono. O apartamento que Rafaella passou a dividir com GIzelly tinha o nível de isolamento acústico esperado para um empreendimento de altíssimo padrão, mas as vezes o barulho externo as vezes entrava pelas janelas. O passar ritmado dos pneus sobre o asfalto gasto, os freios com anos de uso, buzinas incessantes dos táxis.
Quando saíram do café, localizado próximo ao apartamento, o burburinho da cidade tomou conta de Rafaella. Como conseguiria viver sem a cacofonia daquela cidade?
Como conseguiria viver sem ela?
Gizelly Bicalho Abreu.
Rafaella segurou seu rosto e pôde sentir a receptividade ao seu toque. Essa demonstração de carinho e vulnerabilidade deixava Rafaella tocada.
Gizelly estava diante dela, com um lindo sorriso no rosto como sempre. De calça jeans, uma blusa branca e o cabelo preso em um rabo de cavalo, muito diferente da grande mulher de negócios que o mundo imaginava conhecer, mas ainda tão poderosa que afetava todos por quem passava.
Com o canto dos olhos, Rafaella notou como as pessoas ao redor reparavam em Gizelly, sempre parando para uma segunda olhada.
Fosse com seus terninhos, saias de giz ou com roupas causais, o corpo espetacular de Gizelly era inconfundivel. A maneira como se movia e a autoridade que emanava de seu autocontrole impecável tornavam impossivel para Gizelly se misturar à multidão.
São Paulo engolia tudo o que surgia em suas ruas, mas Gizelly controlava a cidade com rédea curta.
E Rafaella sentia que Gizelly era dela. Mesmo com o anel em seu dedo, às vezes ela não conseguia acreditar nisso. Mas no fundo que uma pertencia a outra.
Gizelly jamais seria uma mulher como outra qualquer. Era a ferocidade disfarçada de elegância, a perfeição escondida entre falhas. Era o que dava sentindo ao mundo de Rafaella, e ao mundo em si.
Rafaella a encarava, seu rosto deslumbrante. Seu amor era bem claro. Muito amor.
Rafaella achava Gizelly tão linda ao ponto de deixá-la sem fôlego. Os ângulos de seu rosto, para Rafaella, foram esculpidos à perfeição, algo que a deixava maravilhada e quase incapaz de pensar racionalmente. Rafaella tinha ficado impressionadíssima com sua beleza desde a primeira vez que a viu, e de tempos em tempos ainda se surpreendia em momentos de admiração febril.
Mas o que mais a encantava em Gizelly era quem ela era por dentro, sua força interior, sua energia incessante, sua inteligência afiada, sua determinação implacável e seu coração.
- Amo você. – Disse Rafaella, enquanto seus dedos percorriam as sobrancelhas bem desenhada de Gizelly, que sempre se moviam quando Rafaella as tocava.
- Eu também te amo, e sempre irei te amar. Nesta vida e na próxima. – Respondeu Gizelly, fechando os olhos ao toque carinhoso de Rafaella. Ditas com fervor e determinação, essas palavras soaram como uma promessa.
A boca de Rafaella se curvou em um sorriso. Estava vivendo em um conto de fadas, o qual nunca se arriscou a imaginar. Estavam noivas a um pouco mais de quatro meses. A discussão sobre a escolha de uma data para o evento e como o mesmo seria era pauta constante entre as refeições. Enquanto Gizelly tinha pressa, Rafaella desejava fazer as coisas com um pouco mais de calma, mas ambas concordavam que a cerimonia seria algo intimista. Porém não conseguiam chegar a um acordo de data.
Embora já estivessem tendo uma vida de casadas, Rafaella sabia que Gizelly não iria deixar passar. Queria a união das duas marcadas a ferro e fogo.
- Sinto muito mais que amor por você. – Disse Rafaella a puxando para mais perto.
Rafaella balançou a cabeça, sem medo de admitir que precisavam uma da outra de um jeito que a maioria das pessoas não poderia entender. Tudo entre as duas eram sempre intenso. O encontro. Envolvimento. Sexo. Principalmente o amor.
Na mesma noite em que foi pedida em casamento, Rafaella foi presenteada com um lindo automóvel. Com muita relutância acabou cedendo e aceitando o presente de Gizelly. Mesmo tendo reduzido sua carga horária, e tentado levá-la a maioria dos seus encontros de negocios. Gizelly sabia que aquilo iria sobrecarrega-la, então a presenteou com um carro. Assim Rafaella não ficaria dependente dela ou de taxis para se locomover quando ela não estivesse por perto. Mesmo tempo o proprio carro, elas na maior parte da semana iam juntas para o trabalho.
- Vamos no mesmo carro para a escola. – Disse Gizelly. Seu tom ao dizer essas palavras foi de ordem, mas seus olhos inquisitivos em Rafaella faziam com que parecesse uma pergunta.
- Como você é mandona. – Brincou Rafaella
Gizelly enlaçou a cintura de Rafaella com os braços.
- Te amo. – Disse Gizelly num sussurro.
Rafaella segurou a bainha da blusa de Gizelly, agarrando-se ao tecido macio.
- Também te amo.
- Rafa.
Rafaella pode sentir o hálito quente de Gizelly em seu pescoço. A cidade pulsava ao redor, mas sem provocar nenhuma distração. Quando estavam juntas, nada mais importava.
Rafaella deixou um ruído grave de desejo escapar, e seu corpo, que tanto queria Gizelly pressionado contra ela, estremeceu. Rafaella inspirou profundamente para sentir o cheiro de Gizelly, acariciando a lateral do seu corpo. A sensação que invadiu Rafaella foi de perder a cabeça. Ela estava viciada em Gizelly, de corpo, alma e coração.
Gizelly a envolveu com seu corpo. Rafaella se sentia segura em seu abraço, querida e protegida. Nada seria capaz de magoá-la ou atingi-la enquanto estivesse nos braços dela. Rafaella desejava que Gizelly sentisse esta mesma sensação de segurança com ela. Ela sentia que precisava que soubesse que podia baixar a guarda e respirar um pouco.
Desde o incidente, onde foi parar no hospital entre a vida e a morte, Gizelly tinha se tornado ainda mais protetora. SE esforçando ao máximo para se fazer presente, e de certa maneira, tratando Rafaella como algo muito fragil. Rafaella sabia que todo aquele cuidado era o medo que Gizelly tinha de perdê-la, mas não queria que ela se desgastasse tanto com sua segurança.
Rafaella sentiu que precisava ser mais forte. Mais esperta. Mais intimidadora. Rafaella sabia que tinha pessoas as espreita querendo o mal de Gizelly, dela e do relacionamento que elas mantinha. Tinha inimigos, e Gizelly estava lidando com eles sozinha. Era de sua natureza ser protetora, e esse era um dos traços de sua personalidade que Rafaella mais admirava. Mas ela sabia que precisava mostrar a todos que era uma adversária tão temível quanto sua noiva.
Acima de tudo, ela precisava mostrar a Gizelly.
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Era você
FanficUma romântica incurável que não consegue manter um relacionamento, mas que sonha muito viver um clichê digno dos livros de Jane Austen. Uma Solteira convicta, em quer sua felicidade estar em não manter laços afetivos com suas companheiras de cama. ...