Visita indesejada

921 130 8
                                    


Finalmente Gizelly estava a cominho do seu apartamento, tudo o que desejava era uma noite tranquila do lado da sua amada. Passar o dia trancado em uma sala discutindo sobre assuntos indesejados a tinha deixado estressada. Ela sabia que o real motivo para o seu mal humor era ter que abdicar do seu dia de descanso, longe de Rafaella, para resolver assuntos do trabalho.

Ela não costumava se irritar com esses compromissos inesperados durante seus dias de folgas, mas tudo mudou quando Rafaella entrou em sua vida. Todas horas livres que possuía fazia questão de estar na companhia da amada. Se entregava aos seus desejos carnais e sua necessidade de mima-la e garantir que ela estivesse sempre feliz.

A conversa com Marcela tinha tomado mais do seu tempo do que Gizelly desejava, já se passava das 19h quando finalmente chegou ao seu apartamento. Ela ansiava por estar finalmente com Rafaella e poder desfrutar da sua companhia.

Assim que abriu a porta do apartamento foi pegar de surpresa. Seus olhos custavam a acreditar no que via.

Luiza estava sentada confortavelmente no sofá do seu apartamento, aparentando total conforto com o ambiente, Rafaella ao seu lado, demonstrava confusão. Gizelly não sabia definir o que estava causando este sentimento na amada.

Assim que tomou o controle novamente sobre seu corpo, deu um passo a frente fechando a porta atrás de si.

- Boa noite, meninas! – Disse indo em direção a Rafaella, que se levantou assim que notou a intenção de Gizelly.

Luiza acompanhou o movimento de Rafaella, se colocando também de pé.

Assim que Gizelly chegou perto de Rafaella, a puxou para um abraço e depositou um beijo terno em seus lábios.

- Sentir sua falta. – Disse Gizelly, ao afastar os lábios do de Rafaella.

- Também sentir a sua. – Respondeu Rafaella, entrelaçando os seus braços na cintura de Gizelly.

- Que surpresa encontra-la aqui, não sabia que possuía o meu endereço. A que devo a honra dessa visita? – Perguntou Gizelly, mantendo Rafaella ainda em seus braços.

O desconforto de Luiza era notável. Ela não conseguiu disfarçar o desconforto que sentia a presenciar aquela cena de interação entre Gizelly e Rafaella.

Tudo o que Marcela tinha lhe falado minutos antes, ainda ecoavam em sinal de alerta na mente de Gizelly. O fato de Luiza estar em seu apartamento tornavam o alarme ainda mais alto.

Ela não sabia o que Luiza queria com tudo aquilo, mas não queria que nada atrapalhasse o que estava construindo com Rafaella.

- Desculpa incomodar, como disse a Rafaella, não imaginava que vocês estavam tendo um jantar romântico. Ou melhor, que ela estava morando em seu apartamento. Eu não queria atrapalhar noite de vocês, mas não viria ate aqui se não fosse importante. – Disse Luiza, tentando se justificar.

- Entendo. Então o que te trouxe até aqui?- Perguntou Gizelly.

- Podemos conversar a sós? – Rebateu Luiza, demonstrando em sua voz o desconforto coma presença de Rafaella.

- Não vejo necessidade para isto, seja o que for que deseja me falar, pode se sentir a vontade em falar na frente da minha mulher. Não temos restrições de assuntos. – Respondeu Gizelly, num tom penetrante. Ainda mantendo Rafaella em seus braços.

O tom de Gizelly atenuou o desconforto que Luiza estava sentindo.

- Entendo que vocês possuem esta ligação, mas realmente seria mais confortável ter essa conversa a sós. Não por ser um segredo, mas por se tratar somente de nós, você e eu. – Disse Luiza.

- Nós? Não existe nós, não quando se referi a você e eu. Não temos esta ligação. Olha, eu estou cansada e tudo o que desejo é poder tomar um banho e descansar ao lado da minha mulher. Então isto te limita a tomar uma decisão entre falar de uma vez por todas o que te trouxe até aqui ou pegar o caminho da saída e fingir que você nunca esteve aqui.

- Serio que você ira me tratar desta maneira? Depois de tudo o que vivemos você é capaz de me tratar com tamanha frieza, como se eu não fosse alguém importante, alguém que te livrou de uma vida fodida. – Esbravejou Luiza.

Gizelly olhou para Rafella que ainda estava em seus braços e depois voltou o seu olhar para Luiza, ponderando sua resposta.

Gizelly não queria começar uma discursão na frente de Rafaella, ainda mais sobre algo insignificante para ela. Ter uma discussão sobre como enxergava ou não Luiza era logo desnecessário para ela, por mais que tivessem uma historia juntas, isso não era mais importante. Era passado, e deveria permanecer lá.

- Não estou sendo fria, apenas direta. Não vejo motivos para termos uma conversa a sós, além do quer, acredito eu, não lembro de ter deixado algo pendente entre nós. – Respondeu Gizelly, num tom frio e penetrante.

Luiza pareceu ponderar sobre o que acabara de escutar.

- Acredito que você esteja agindo assim pelo modo que eu sair da sua vida, eu ate entendo que esteja agindo assim para parecer que não se importa. Eu só vim até aqui para que você entende-se os meus motivos. Não quero que o que tivemos se perca no passado, que seja esquecido. Assim como também não quero atrapalhar o seu presente. Eu confesso que fiquei surpresa em saber que você estava namorando, e mais surpresa ainda em saber que já estão morando juntas. Pois a Gizelly que eu conheci se mostrou avessar a tudo isso. E estou sendo sincera quando digo que fiquei feliz em ver quem você se tornou.

- O seus motivos não me importam, o que aconteceu no passado, para mim, ficou lá. Você não me deve uma justificativa. E que bom que somos multáveis, que possuímos essa capacidade de mudança. De evoluir. Obrigada por estar feliz por mim, tenha certeza que também estou por você. Mas esqueça o passado e foque no agora. – Disse Gizelly, adotando um tom mais suave.

Rafaella permanecia em seus braços, em silêncio. Gizelly agradecia internamente por ela se manter em seus braços, ela não tinha feito nenhuma menção em se afastar do laço em que Gizelly a colocou.

- Ainda possuo um sentimento de carinho e proteção por você. Eu sempre quis me reaproximar de ti, mas não tive coragem. E ao te reencontrar depois de tanto tempo, sentir a necessidade de explicar o que aconteceu. Mesmo que você não queira me ouvir, preciso explicar o que aconteceu. Quando me afastei de ti, por ais que eu tivesse feito de um jeito que parecesse que foi esta a minha decisão, eu fui obrigada a tomar esta atitude. Eu nunca quis te magoar, e no fundo você sabe que sempre quis o teu bem. Sempre fiz tudo para que superasse os seus broqueios. Eu me afastei para a sua proteção. Eu não iria conseguir estar ao seu lado sabendo que estava te colocando em perigo. Ele me procurou, fez uma ameaça e disse se eu não cumprisse que eu iria me arrepender. Por isto fui embora sem te dar nenhuma explicação, porque assim seria mais fácil, mas infelizmente não menos doloroso. – Disse Luiza, com a voz embargada.

Gizelly sabia muito bem a quem ela se referia quando disse "ele", aquilo a golpeou bem no estomago. Todo este tempo achava que ela tinha saído da sua vida, sem mais nem menos, por sua própria vontade. Gizelly pensava que ela tinha se cansado da bagagem problemática que ela carregava e por isto decidiu partir.

Mas nada disso importava, não mais. Por mais que saber isto agora a tenha deixado desnorteada, era algo que não poderia interferir o seu presente.

- Você acaba de me dar uma nova perspectiva, mas ainda continuou com a crença de que o passado deve permanecer no passado. Compreendo que deve ter sido doloroso para você ter tomado esta decisão, mas peço que não se martirize com isto. O que passou, passou. Remoer o passado só vai nos dar dores de cabeça desnecessária. Como disse, eu preciso tomar um banho e desfrutar da companhia da minha mulher, se você não se incomoda. – Disse Gizelly, se desvencilhando de Rafaella e andando até a porta de entrada do apartamento. 

Era vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora