· Perspectiva de Gizelly
Enquanto estava sentada na mesa com mais oito pessoas, Gizelly tentava se concentrar no que era dito por elas, mas a sua cabeça estava focada em seu apartamento. Os finais de semanas tinham se tornado os dias mais importantes para ela, pois era quando podia dedicar seu tempo totalmente a Rafaella, mas não era isto que estava acontecendo naquela manhã.
A poucos dias do lançamento do novo projeto de uma filial do centro de ensino, que seu pai tanto amava, que ganharia um alcance maior. Não que o que seu pai, e a própria Gizelly, tivessem alcançado não fosse de tamanha magnitude. Mas o fato de está expandido a escola voltada para um novo publico era uma jogada arriscada, que poderia manchar o legado do seu pai, ou firma-lo de uma vez por todas.
Gizelly nunca precisou se esforçar para manter-se focada, seja la no que fosse. Sempre quis estar sempre a frente de todos e prestava atenção em todos os detalhes. Quanto mais olhava para o relógio em seu pulso, mas ansiava pelo fim daquela reunião ficava.
- Recebemos a confirmação da presença do secretario de educação, ele demonstrou bastante interesse em estar no lançamento do projeto, assim como a diretora do IBDD também estará presente, a sua presença dará um grande enfoque a importância do projeto. – Falou Paula, a visse diretora.
- A parte burocrática está resolvida, a compra do terreno foi satisfatória. Conseguimos comprar dentro do valor de mercado, assim não tendo prejuízo. Sobre a construção, conseguir a licença sem problemas, o inicio será em poucos dia, só preciso que a Sr.ª Bicalho assine o documento autorizando o contrato com a empreiteira. – Disse o rapaz do departamento pessoal, fazendo Gizelly voltar sua atenção para o grupo quando ouviu seu nome ser mencionado.
- Ah, claro. Se já estiver com os papeis posso assina-los agora mesmo. – Disse Gizelly.
A reunião estava se estendo por mais tempo que ela esperava. Sua irritação aumentava a cada hora. Fizeram uma pequena pausa para o almoço, logo depois voltaram novamente para a busca de resolver todas as pendencias. Já passava das quatro e quarenta da tarde, Gizelly já estava se preparando para finalmente ir embora.
A reunião tinha finalmente chegado ao fim, quando Marcela pediu mais um minuto do seu tempo. Gizelly pensou seriamente em dizer que não podia atender ao seu pedido. O seu desejo em estar do lado de Rafaella gritava, mas ponderou e resolveu dar o minuto solicitado.
Antes, pediu que Marcela aguardasse um instante, tempo que usou para enviar uma mensagem para Rafaella avisando que iria atrasar seu retorno.
- Pensei que tínhamos resolvido as questões ao finalizar a reunião. – Disse GIzelly para a loira em sua frente.
- Resolvemos sim. – Respondeu Marcela.
- E qual seria o motivo para prolongarmos a reunião? Não me entenda mal, mas a ultima coisa que eu desejo é prolongar meu tempo aqui. Passamos todos os detalhes com o pessoal, o meu único desejo neste momento é estar em casa. Então se estar tudo resolvido qual seria o motivo dessa solicitação? – Disse Gizelly, indo direto ao ponto.
Marcela, que permanecia em pé a sua frente com as mãos entrelaçadas, em um claro sinal de nervosismo, ponderou antes de falar.
- O que eu tenho a te falar nada tem relação a nossa reunião, é algo pessoal. – Disse Marcela, evitando o contato visual com Gizelly.
Gizelly não entendia qual assunto pessoal teria com aquela mulher. Nunca tinham se cruzado antes dela aparecer em sua empresa lhe propondo uma sociedade. Nem mesmo o fato dela ter uma certa proximidade com sua ex lhe dava motivos para ter assuntos pessoais. Seu relacionamento com Luiza tinha ficado no passado, de onde nunca iria sair. A única coisa que as ligava era o empreendimentos que estavam prestes a dar inicio. Gizelly se perguntou se aquela abordagem era motivada por ciúmes. Se a marcela não possuía algo além de um simples negocio com Luiza.
- Sinceramente, não sei que assunto teríamos. – Disse Gizelly, num tom manso.
A loira tomou novamente o assento que ocupou durante a reunião antes de começar a falar.
- Eu não deveria estar falando nada, nem tenho este direito. Porem estou muito preocupada com o nosso projeto e temo por ele. Sei que vocês, digo, você e a Luiza já tiveram algo no passado. Que ficou algo não resolvido entre as duas. Eu sei o que você significou e significa para ela, mas tenho medo que essa reaproximação venha a prejudicar o nosso negocio, mas principalmente o emocional da Luiza. – Desabafou Marcela.
Gizelly permanecia em pé, escutando tudo o que era dito pela mulher sentada em sua frente. Gizelly ainda não entendia onde ela queria chegar, então decidiu permanecer me silêncio, dando espaço para que ela continuasse a sua fala. E assim ela fez.
- Quando conheci a Luisa nos tornamos amigas inseparaveis, mas um pouco depois a nossa amizade deu um passo a mais. Até então tudo tranquilo, sem dores de cabeça e expectativas, porem ela começou a se abrir para mim. Contou sobre os seus relacionamentos passados, sobr eos motivos de se comportar d etal maneira quando estava em determinado relacionamneto e sobre você e como saiu da sua vida. Até pouco tempo atras ela jurava que era algo superado. Que tinha se perdoado pelo que supostamente fez você passar. Quando eu tive a ideia de tornar o meu projeto real, ela quem fez a indicação do seu nome, eu não vi nenhum problema, mas tudo mudou quando ela te reconheceu em uma inauguração onde ela foi tocar. Eu a estava acompanhando, como sempre faço, e te avistei de longe. Quando eu comentei sobre você e mostrei que você estava entre a plateia ela mudou, quis ir embora logo após o show.- Disse marcela.
Gizelly que escutava tudo em silêncio, se sentou ao saber que a mulher misteriosa que tocava na inauguração do pub em que sua melhor amiga tinha sido responsável pela organização, nada mais nada menos era sua ex.
- Mas isto não foi o causador de alarme em minha cabeça soar. Na noite do jantar, o comportamento da Luiza mostrou que tudo o que ela me falava sobre vocês estava mais vivo do que nunca. Eu sei que não fui a única a notar o comportamento hostil que ela adotou. Este comportamento que me deixou preocupada. Naquela mesma noite, pudemos notar o quão apaixonada você estar por sua namorada, você deixou bem claro a importância que ela tem para você, e isto não passou despercebido para a Luiza. Assim que fomos embora, ela resolveu fazer uma parada num bar e bebeu como nunca, e olhe que ela é acostumada a beber muito. Você deve bem sabe disto.
- Sim, se bem me lembro, sei o quanto de álcool ela é capaz de consumir. – Respondeu Gizelly.
- Desde então ela recusou convites para participar de eventos e preferiu prolongar sua estadia na cidade. Eu sei que tudo isso é motivado por estar perto de você. Eu não sei o que ela estar alimentando em sua cabeça, pois ela não se abre mais para mim. Eu tenho medo que ela faça alguma besteira que acabe estragando com tudo. Com nosso negocio, com o seu relacionamento e principalmente com a vida dela. Eu a amo muito, ela acreditou em mim quando ninguém foi capaz. Assim como sempre estive do lado dela quando decidiu ir em buscar do seu sonho de se tornar uma cantora, largando para trás sua formação e expectativa que a família depositava sobre ela. Eu não quero que ela jogue tudo isso fora por algo que não existe, não mais. Talvez eu esteja enganada, mas temo que ela ainda esteja alimentando um final feliz ao seu lado.
- Ao meu lado? – Sorriu Gizelly, em sinal de desdém.
- Como te falei, eu não sei o que se passa pela cabeça da Luiza, não sei quais serão os seus passos, mas seu comportamento dos últimos dias me deixou bastante apreensiva. Eu a amo, e a ultima coisa que eu desejo é que ela se machuque por algo que não vale a pena.
- Algo que não vale a pena? – Repetiu Gizelly. – Está se referindo a mim?
- Não exatamente, digo em relação a busca pelo passado. Em um sentimento que ela mesma não sabe definir. Pelo que sei, vocês não tinham um relacionamento normal. E agora, depois de tanto tempo ela jogar fora tanta coisa por isto, não vale a pena. – Explicou Marcela.
- Eu entendo o que quer dizer, e concordo. Não tive a chance de ter uma conversa com ela depois do nosso reencontro, mas assim como você, eu espero que ela não estrague o que estamos tentando construir. Espero também que você esteja errado em suas suposições. Se isto for tudo, preciso voltar para o meu apartamento, onde minha mulher me aguardar. – Disse Gizelly, usando pela primeira vez aquela duas simples palavras, mas que eram capazes de incendiar todo o seu corpo a proferi-las.

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Era você
أدب الهواةUma romântica incurável que não consegue manter um relacionamento, mas que sonha muito viver um clichê digno dos livros de Jane Austen. Uma Solteira convicta, em quer sua felicidade estar em não manter laços afetivos com suas companheiras de cama. ...