Pequeno paraíso

1.1K 141 1
                                    


Já tinha se passado dois dias, e desde então elas não tocaram mais no assunto Bianca, a não ser sobre os relatórios diários que a enfermeira enviava.

Era manhã de sábado, as duas estavam a mesa tomando café e conversando sobre a viagem que iriam fazer logo depois que terminassem. Gizelly não tinha revelado para onde iria levá-la, isto só fez com que a ansiedade tomasse conta de Rafaella.

A única coisa que sabia é que não iria precisar de bagagem, mas que seria preciso somente levar seus produtos de higiene pessoal ao perguntar para Gizelly o que iria ter que organizar para levar.

Assim que terminaram o café da manhã, se dirigiram para a garagem. Ao chegar próximo ao carro, Rafaella notou a presença de um homem ao lado do carro de Gizelly. Sentindo sua hesitação, Gizelly explicou.

- Ele quem nos levará até o destino. – Disse Gizelly, num tom que só Rafaella pudesse escutar.

- Sr.ª Bicalho. – Cumprimentou o rapaz parado ao lado do carro. – Bom dia!

- Bom dia! Está é a Rafaella Kalimann, Rafaella este é o Guilherme Napolitano.

Após um breve cumprimento, o rapaz abriu a porta traseira do carro para que elas tivessem acesso. Ele está vestido em um terno sobre medida, num tom azul marinho com uma camisa branca. A gravata preta com um prendedor dourado.

Rafaella sentiu que ele não se tratava de um simples motorista. Ele tinha uma postura que deixava bem claro que estava sobre alerta.

- Ponha o sinto. – Disse Gizelly, num tom de comando. Fazendo com que Rafaella tivesse um sobressalto.

Ela não demorou a obedecer ao comando.

- Não vai mesmo me contar para onde estamos indo? – Disse ao terminar de colocar o cinto.

- Apenas relaxe e curta a viagem. – Respondeu Gizelly num sorriso.

A viagem durou mais ou menos duas horas. Rafaella não sabia onde estava, não conhecia o estado. Assim que chegaram a uma pousada, foram recebidas por uma mulher de altura mediana muito simpática.

Em um dos trechos mais belos da Serra da Mantiqueira, a apenas 176 Kms. de São Paulo e 20 Kms. de Campos do Jordão a pousada que Gizelly tinha escolhido localiza-se na bucólica Santo Antônio do Pinhal. Tendo ao seu fundo o Pico Agudo e a majestosa Pedra do Baú a sua frente, a pousada situa-se nos mais belos contornos da Serra. Concebida em estilo rústico, foi inspirada e construída para aliar o charme à natureza.
Com chalés estrategicamente localizados, espaçosos e bem equipados, oferecia além do conforto uma vista deslumbrante. Um dos pontos altos da pousada é seu Bistrô Bernadette de onde saem saborosos pratos que ficam na memória. Das caminhadas e cavalgadas ao simples relaxamento no deck panorâmico apreciando-se um bom vinho, percebe-se que cada detalhe foi planejado para bem receber.

Rafaella observava a paisagem com um brilho de fascínio. Assim que foram deixadas a sós, ela foi até Gizelly a puxando em um abraço.

- Eu simplesmente adorei este lugar. É muito lindo. – Disse num tom de empolgação.

- Lindo é este seu sorriso, fico feliz em saber que gostou. Passaremos esse final de semana só eu e você. Vamos nos desconectar do mundo e aproveitar cada minudo desfrutando da companhia uma da outra. Pedir que abastecessem o chalé, assim não precisamos sair, só se você quiser fazer um tour. Solicitei que trouxessem algumas roupas, caso você decida explorar o local. Não queria que você fizesse uma mala, porque assim teria uma pequena noção para onde estava sendo levada. Eu queria que tudo isso fosse uma surpresa. – Disse Gizelly, ao seu ouvido.

Rafaella ficou sem palavras. Gizelly tinha organizado tudo para que elas tivessem um final de semana magico. Ela ficou encantada com o local, ainda mais por estar ao lado daquela mulher que facilmente a levava ao paraíso.

- Você não existe, moça. Tirei a sorte grande em te encontrar. – Disse Rafaella, num sorriso sincero de felicidade.

- Eu que tirei a sorte grande em ter você em meus braços. Agradeço aos Deuses por ter feito aquela entrevista e visto você. Todo este tempo sinto que estava me preparando para a sua chegada.

As palavras de Gizelly fez com que algo se ascendesse dentro de Rafaella. Ela sentiu as lagrimas queimarem seus olhos, abraçou ainda mais forte a sua amada.

Elas passaram o dia dentro do chalé. o único contato com o mundo exterior foi quando um rapaz trouxe o pedido do almoço, e agora o jantar. Entre trocas de carinho e muito sexo, elas desfrutaram da companhia uma da outra, deixando toda a preocupação do lado de fora.

A noite já estava alta, deitadas observando o céu enquanto tomavam um vinho, conversavam.

- A noite está tão linda. – Disse Rafaella, com um sorriso.

- Ela realmente está muito bonita. – Respondeu Gizelly, retribuindo o sorriso involuntário.

- Sim. Concordou Rafaella. – Gosto de ficar observando a noite. Sempre fazia isto em minha antiga casa.

Rafaella tentou não demonstrar o quanto sentia falta do local onde tinha passado a maior parte da sua vida. Está ali com Gizelly, a fez relembrar o quão era agradável estar longe da correria de uma cidade grande. De como adorava o interior e toda a sua calmaria e encanto.

- É... – Gizelly não conseguiu encontrar palavras para dizer, ficou apenas olhando o rosto de Rafaella, levemente iluminado apenas pela luz prateada da lua.

Rafaella também volta a olhar para Gizelly, seus olhos se encontrando. O olhar de Gizelly vai até os lábios de Rafaella, e volta a tempo de ver os seus olhos também voltando. Não mais do que alguns segundos se passam até Rafaella desviar e olhar para o céu novamente.

- Aquelas três estrelas. – Disse Rafaella apontando para o céu. – As Três Marias, consegue identificar?

- Sim, acho que são as únicas que conheço pelo nome. – Respondeu Gizelly, num tom relaxado.

- Elas fazem parte do Cinturão de Órion. – Explicou Rafaella. – Na mitologia greco-romana existe uma lenda sobre ele, que envolve inveja, amor e assassinato. 

Era vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora