A mulher certa

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· Perspectiva de Gizelly

O dia tinha sido corrido para Gizelly. Entre contratos, relatorios e reuniões, sua atenção foi dividida. Sua última reunião do dia, seria com uma de suas advogadas.

Enquanto aguardava foi surpreendida por um lindo arranjo de rosas. Ela sabia antes mesmo de verificar, quem era a responsavel por elas. Não era a primeira vez que Rafaella a presenteava com flores em seu escritorio.

- Mais flores? – Tais Dadalto pergunta ao entrar no escritório .

A advogada caminhou até o local onde estavam as rosas brancas de Rafaella, na mesa de centro entre o sofá, bem no centro do campo de visão de Gizelly.

O bilhete que acompanhava as flores estava sobre o vidro escuro da mesa dela. Gizelly passou os dedos sobre ele, lendo aquelas palavras pela centésima vez.

Tais pegou uma rosa e a levou ao nariz.

- Qual é o segredo para ganhar uma dessas?

Gizelly se recostou na cadeira, observando distraidamente as flores.

- Encontrar a mulher certa. – Respondeu Gizelly com um sorriso bobo no rosto.

- Vai em frente, Bicalho, pode esfregar na minha cara. – Brincou Tais.

- Prefiro me gabar em silêncio. O que trouxe para mim?

Ao se aproximar da mesa, Tais sorriu como quem quer demonstrar que ama seu trabalho, coisa de que Gizelly não duvidava.

- As coisas com Hernandes Valdez está indo bem. Já acertamos os pontos principais. Ainda estamos alinhando algumas cláusulas, mas vai estar tudo pronto na semana que vem. – Disse Tais animada.

- Ótimo.

- Não seja uma mulher de poucas palavras. – Brincou Tais. Então perguntou como quem não quer nada. – Vai fazer alguma coisa no sábado?

Gizelly fez que não com a cabeça.

- Rafaella talvez queira sair. Se for o caso, posso tentar fazer com que ela mude de ideia. – Respondeu Gizelly.

- Vou dizer uma coisa, até esperava que você fosse encontrar alguém e sossegar em algum momento, afinal, acontece com todo mundo, mas não pensei que seria assim tão repentino e avassalador. – Tais deu risada.

- Nem eu. – Respondeu Gizelly, se levantando e indo até as flores.

Não era verdade. Gizelly nunca esperou ser capaz de compartilhar sua vida com alguém. Ela nunca negou que seu passado era uma sombra sobre o seu presente, mas tampouco sentia necessidade de mudar o seu presente antes de Rafaella.

- E então, quais são os planos? Inaugurar a casa de praia? – Perguntou Tais.

- Ótima ideia. – Disse Gizelly.

Ela tinha incubido Tais de organizar a comprar de uma casa no litoral. Gizelly ainda não tinha ido até la depois da compra ser concletizada. Levar sua noiva ao litoral era uma otima ideia. Tê-la somente para si era o céu para Gizelly. Nada se comparava a felicidade de ficar a sós com Rafaella.

Gizelly havia construído seu negócios e vida com a mente voltada para o passado. Agora, graças a Rafaella, ela o expandiria voltada para o futuro juntas.

O telefone na mesa começa a tocar, era Gabriella, sua secretária.

Gizelly apertou o botão, colocando a chamada no alto-falante.

- Luiza Gustavo está na recepção. Disse que precisa entregar algo para você rapidinho. Como é particular, quer entregar pessoalmente. – Disse Gabriela.

- Ah, claro. Talvez mais flores. – Comentou Tais.

- Mulher errada. - Gizelly olhou feio para ela.

- Quem me dera que mulheres erradas viessem a minha procura desejando me entregar algo pessoalmente. – Brincou Tais.

- Continue pensando nisso enquanto vai até a recepção pegar o que ela veio trazer.

- Sério? – Tais ergueu as sobrancelhas. Ela se levantou e se dirigiu a porta. – pode deixar, chefinha.

- Se ela quer conversar, pode conversar com minha advogada. Sei que você ouviu tudo, Gabriela, mas, só para deixar claro, Dadalto vai se encarregar dela. – Disse Gizelly num tom firme finalizando a chamada.

Dadalto saiu em direção a recepção deixando Gizelly para trás. Ela tinha voltado sua atenção novamente para o bilhete que havia recebido com as flores. Um vulto vermelho apareceu no canto do seu campo de visão e fez com que Gizelly se virasse para a porta. Luiza caminhava em sua direção, com Tais em seu encalço.

Gizelly ergueu a cabeça, os olhares dela e de Luiza se cruzaram. O sorriso que Luiza carregava se ampliou, e a transformou de uma mulher linda em uma deslumbrante. Mas Gizelly só conseguia admirá-la da mesma maneira que admirava qualquer uma a não ser Rafaella. De forma objetiva, sem nenhum envolvimento.

Agora que estava noiva e feliz, percebia o erro terrível que teria cometido caso tivesse levado seu relacionamento com Luiza a diante. Era uma pena que Luiza se recusasse a aceitar aquilo.

Gizelly ficou de pé e foi para a frente da mesa. Lançou um olhar a Tais e Gabriela para avisá-las de que lidaria com a situação. Se Luiza queria se dirigir diretamente a ela, Gizelly daria a ela a última oportunidade de não fazer besteira.

Luiza entrou na sala. Usava sapatos vermelhos de salto alto e um vestido tomara que caia da mesma cor, mostrando bem suas pernas e sua pele. Os cabelos pretos e lisos estavam soltos, caídos sobre os ombros.

- Gizelly. Imaginei que você teria alguns minutos para uma velha amiga. – Disse ao fechar a porta atras de si.

Gizelly se encostou na mesa e cruzou os braços.

- Considere uma cortesia da minha parte não chamar os seguranças. Seja breve, Luiza. – Disse Gizelly num tom firme.

Luiza sorriu, mas seus olhos estavam tristes. Luiza trazia uma caixa vermelha debaixo do braço. Ela se aproximou e a estendeu para Gizelly.

- O que é isso? – Perguntou Gizelly, sem se mover.

- As fotos que irão aparecer no videoclipe da banda.

As sobrancelhas de Gizelly se ergueram. Ela descruzou os braços e pegou a caixa, movida pela curiosidade. Estiveram juntas no passado, mas já não se lembrava bem dos detalhes do relacionamento. Só haviam restado impressões, momentos mais marcantes e arrependimentos. Gizelly era jovem demais e tinha uma autoestima perigosamente baixa.

Gizelly abriu a tampa da caixa e deu de cara com uma foto dela abraçada com Luiza diante de uma fogueira. A cabeça de Luiza estava apoiadas no ombro de Gizelly, e seu rosto estava virado para Gizelly para que a beijasse.

Era vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora