Sede de vingança

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Quando Rafaella desceu do elevador no terceiro andar, estava recomposta e determinada. Telma a aguardava na porta da sua sala.

- Está tudo bem?

Rafaella parou na frente dela.

- Não faço a mínima ideia. Nossa chefe é um caso sério. – Rafaella tentou parecer descontraída com a situação.

Telma ergueu as sobrancelhas.

- Depois me conta tudo.

- Eu deveria escrever um livro. – Murmurou Rafaella, se perguntando enquanto entrava na sala de aula por que estavam todas ouriçadas com sua vida amorosa.

Quando chegou a mesa, deixou a bolsa na última gaveta, graças a intervenção de Gizelly, só tinh poucos minutos antes da chegada dos alunos. Então ela resolveu gasta-los ligando para Mariana.

- Oi. – Rafaella cumprimentou quando ela atendeu. – Se você estiver sem fazer nada...

- Se? – Mariana perguntou, ironizando.

- Lembra aquela pasta que você fez com informações sobre um antigo namorado seu? Você pode fazer uma para mim, sobre Luiza Gustavo e Marcela Mc Gowan?

- Claro. Conheço essas pessoas?

- Não. Uma é a que está andando é a antiga namorada de Gizelly, se assim posso dizer, essa você já sabe sobre ela. A segunda é alguma espécie de sócia e amiga dela. Preciso de todas as informações que você conseguir reunir.

- Certo. Como se escreve o sobrenome dessa última?

Rafaella passou todas as informações para Mariana.

Rafaella não conseguiu parar de olhar para o seu anel, lembrando das palavras que Gizelly tinha lhe dito no momento em que pediu sua mão.

Ela precisava esperar. Por ela? Que voltasse para ela? Por quê? Rafaella se perguntava. Não tinha entendido por que Gizelly se afastara dela daquele jeito. Nem por que esperava que ela a aceitasse de volta. Ainda mais com Luiza na jogada.

Rafaella passou o dia relembrando as duas semanas anteriores na sua cabeça, relembrando as conversas que havia tido com Gizelly, as coisas que tinha dito e feito, em busca de respostas. Quando saiu da escola, no final do dia, viu o carro de Gizelly ainda na garagem da escola.

Na rua estava quente e úmido. Um horror. Rafaella precisou ir até a farmácia próximo a escola para comprar algumas medicações para sua irmã e aproveitou para comprar uma garrafa de agua para amenizar a sensação térmica que a atingirá. Por conta da dificuldade em encontrar lugar vago para estacionar, preferiu ir a pé e deixar o carro na escola, afinal, a distância até farmácia era curta.

Ao virar a esquina na direção da escola para pegar o carro que tinha deixado na garagem, viu Gizelly saindo do prédio com Luiza. Sua mão estava na base da coluna dela, conduzindo-a para o táxi. Luiza estava sorrindo. A expressão de Gizelly era impenetrável.

Horrorizada, Rafaella não conseguiu se mexer nem desviar os olhos. Ficou paralisada no meio da calçada lotada, com o estômago revirado pela tristeza, a raiva e uma terrível e asquerosa sensação de estar sendo triada.

Gizelly olhou para o lado e, quando viu Rafaella, imediatamente se deteve. Gizelly permaneceu onde estava, com os olhos grudados nos de Rafaella.

Com certeza ela viu quando Rafaella levantou a mão e ergueu o dedo do meio.

Rafaella saiu do meio da calçada e entrou no estacionamento para pegar o carro e ir para casa.

Quando chegou em casa, Mariana estava sentada no sofá com o notebook no colo e os pés descalços sobre a mesa de centro.

- Oi. – Ela cumprimentou sem tirar os olhos da tela.

Rafaella largou as coisas por ali mesmo e tirou os sapatos.

- Advinha só?

Mariana olhou para ela através de uma mecha de cabelos caída sobre os olhos.

- O quê?

- Acho que Gizelly resolveu se afastar de mim por causa de Luiza. Ela andava muito nervosa e preocupada, antes não saia do escritório que montou na escola, agora malmente aparece por lá. A escola é a ligação física com seu pai. Tem algo errado nisso tudo. Numa hora ela estava bem, depois foi tudo por água abaixo, e logo apareceu subindo e descendo com ela. Acho que uma coisa tem relação com a outra.

Mariana se endireitou.

- Certo, e o que isso tudo significa?

- Que Gizelly estava numa boa logo quando ela reapareceu. – Rafaella jogou as mãos para o alto. – Fico numa boa durante todo esse tempo. Ficou mais do que numa boa durante nossa viagem no fim de semana. Estava numa boa no domingo de madrugada quando voltamos. Aí, do nada, ela pirou e mudou completamente na segunda a noite.

- Entendi.

- E o que será que aconteceu na segunda? – perguntou Rafaella.

- Você vem perguntar pra mim? – Mariana ergueu as sobrancelhas.

- Argh. – Rafaella agarrou os próprios cabelos. – Estou perguntando para o vento. Pra Deus. Pra qualquer um. O que foi que aconteceu com a minha noiva, merda?

- Pensei que você tinha concordado em perguntar para ela.

- Só conseguir duas respostas dela: Confie em mim e Espere. E hoje ela pôs o anel no meu dedo outra vez. – Rafaella mostrou a mão. – E ainda está usando o que eu dei a ela. Você faz ideia de como isso é confuso? Não são simples anéis, são promessas. São símbolos de entrega e comprometimento. Por que Gizelly ainda usa a dela? Por que quer que eu continue usando o meu? Ela quer mesmo que eu fique esperando enquanto trepa com Luiza até enjoar dela?

- É isso que você acha que ela está fazendo? De verdade? – Perguntou Mariana num tom baixo.

Rafaella fechou os olhos e jogou a cabeça para trás.

- Não. E não sei dizer se estou sendo ingênua ou enganando a mim mesma por livre e espontânea vontade. – Admitiu.

- A Marcela tem alguma coisa a ver com isso?

- Ainda não sei, você conseguiu encontrar alguma coisa?

- Conseguir o endereço delas, e mais algumas informações. Você sabe que a CIA está me perdendo. Parece que a loira tem algum tipo de fixação na morena.

- Quê? Você está brincando!

- Estou nada. – Mariana riu.

Rafaella ficou de pé.

- Que seja. Estou com fome. Quer alguma coisa?

- É um bom sinal que seu apetite esteja voltando.

- Estou voltando com tudo. – Afirmou Rafaella. – E com sede de vingança.

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E vamos de reta final... Fiquem atentos rsrs

Até breve ;*

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