Nosso paraíso

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· Perspectiva Rafaella

-Meu amor. – A voz de Gizelly preencheu os ouvidos de Rafaella em uma onda morna. – Acorda.

Rafaella gemeu, fechando os olhos com ainda mais força e afundando ainda mais a cabeça em seu pescoço.

- Me deixa em paz, sua tarada. – Disse com a voz rouca.

A risada silenciosa de Gizelly a fez estremecer. Gizelly estalou um beijo em sua testa e começou a levantar.

- Já chegamos. – Avisou Gizelly.

Abrindo os olhos, notou que o dia já estava claro. Rafaella se endireitou e olhou pela janela do carro, tomando um susto ao se ver de frente para o mar. Lembrava que haviam parado para abastecer, mas não estava em condições de descobrir aonde iriam. Gizelly tinha se recusado a contar quando ela havia perguntado, limitando-se a informar que era uma surpresa.

Na noite anterior, assim que chegaram ao apartamento Gizelly decidirá que iriam jantar fora. Após o encontro desagradável que tivera com Luiza, sair para um jantar romântico com Gizelly lhe pareceu um excelente programa. Não queria que a sombra de Luiza pairasse sobre elas. No final do jantar, ao invés de tomar o caminho do apartamento, Gizelly pegou um que Rafaella desconhecia.

- Onde estamos? – Rafaella mumurou, admirada com a visão do sol acima da água. A manhã já estava alta.

- No paraiso. Nosso paraíso particular. – Respondeu Gizelly com um largo sorriso estampado em seu rosto. – Não tem ninguém aqui além de nós, e vamos direto para banheira.

Rafaella olhou mais uma vez para a casa ao lado da qual estava estacionado o carro. A casa tinha pelo menos três andares, com varandas enormes na frente e na lateral e uma linda porta de entrada. Tinha sido construída na própria praia, tão perto da água que quando a maré subia chegava até ela.

Gizelly desceu primeiro, contornando o carro estendeu a mão para Rafaela.

A brisa salgada e revigorante do mar atingiu o rosto de Rafaella, a despertando. Os movimentos ritmados das ondas a embalaram desde o momento em que ela se deu conta de onde estava.

Rafaella se virou para Gizelly e seu coração se acelerou quando viu a maneira carinhosa e intensa como ela a olhava. Gizelly beijou a ponta dos seus dedos, pegou sua mão e a levou para a casa.

A porta não estava trancada, e ela foi entrando sem cerimônia. Havia uma cesta de metal em uma mesinha ao lado da porta, contendo uma garrafa de vinho duas taças amarradas com uma fita. Enquanto Gizelly trancava a porta por dentro, Rafaella pegou o envelope de boas-vindas e o abriu. Uma chave caiu na palma da sua mão.

- A gente não vai precisar disso. – Disse Gizelly pegando a chave da mão de Rafaella e deixando na mesinha. – Pelos próximos dois dias vamos virar eremitas.

Uma onda de prazer foi tomando conta de Rafaella.

- Vamos. – Disse Gizelly empurrando Rafaella escada acima. – A gente abre esse vinho depois.

- É verdade. Precisamos de café primeiro.

Rafaella deu uma olhada rápida na decoração da casa. Era rústica por fora e moderna por dentro. As paredes brancas e decoradas com fotos em preto e branco de conchas do mar. A mobilia era toda branca, e a maior parte dos acessórios era de vidro e metal. Seria uma coisa monótona, não fosse a vista maravilhosa para o mar e as cores dos tapetes sobre o piso de madeira nobre e do acervo de livros de capa dura que preenchiam as estantes.

Quando chegaram ao andar de cima, a felicidade de Rafaella aumentou ainda mais. A suíte principal era um espaço aberto, a não ser por duas colunas de sustentação. Buquês de rosas, tulipas e lírios brancos eram visíveis em quase todas as superfícies disponíveis, até mesmo no chão, em algumas areas estratégicas. A cama era enorme, com lençóis de cetim.

- Tire a roupa, meu amor. Vou encher a banheira. - Ordenou Gizelly se afastando.

Rafaella estava deitada com os olhos fechados, as costas apoiadas nos seios de Gizelly, ouvindo o som da água se agitando enquanto ela passava as mãos sobre seu corpo na banheira com pés de bronze.

Gizelly havia lavado seu cabelo e seu corpo. Estava fazendo um mimo a Rafaella, um agrado.

Depois de se certificar de que cada parte do corpo de Rafaella estava limpa e seu corpo relaxado, Gizelly a puxou para mais perto.

- Vem cá. – Gizelly a pegou pela cintura e a puxou para mais perto o quanto era possível.

Após um longo tempo abraçadas em silêncio, apreciando a companhia uma da outra, Gizelly a ajudou a sair da banheira.

O robe de seda branca que Rafaella encontrou pendurado no closet era maravilhoso, revestido por dentro com um tecido felpudo e bordado com fios prateados nas bainhas. Rafaella adorou, o que era ótimo, porque, aparentemente, era a única peça disponivel naquela casa. Elas não tinha trazido bagagem.

Rafaella observava Gizelly enquanto ela vestia uma calça de pijama de moletom e amarrava o cordão para ajustá-la a cintura.

- Por que você tem direito a roupas e eu só ganho um robe? – Perguntou Rafaella.

Gizelly a olhou através de uma mecha de cabelo que havia caido sobre seu rosto.

- Porque fui eu que providenciei tudo. – Riu ao dizer.

- Sem-vergonha.

- É só uma forma de facilitar o cumprimento de suas demandas sexuais insaciável.

- Minhas demandas insaciáveis? – Rafaella foi até o banheiro para tirar a toalha que estava enrolada em sua cabeça. – Eu me lembro claramente de implorar para você parar ontem á noite. Antes de sairmos para jantar.

Gizelly foi atrás dela e parou no vão da porta.

- Você vai implorar para eu parar hoje a noite também. Mas agora vou fazer o café. – Provocou Gizelly.

Ao descer até o primeiro andar, Rafaella saiu pelas portas envidraçadas que levavam ao deque. O rugido das ondas e a brisa úmida e salgada a atingiram em cheio. A bainha do seu robe ondulava suavemente ao vento, refrescando-a e revigorando-a ao mesmo tempo.

Respirando fundo, Rafaella se agarrou com força o gadril do deque e fechou os olhos tentando encontrar a paz que aquele lugar oferecia.

O pensamento de que somente el era capaz de fazer de si mesma uma pessoa mais forte, o que era absolutamente necessário se quisesse fazê Gizelly feliz e ser feliz ao seu lado. O passo de não reagir de forma negativa a aparição de Luiza no dia anterior tinha lhe dado um vislumbre que estava trilhando o caminho certo em sua busca de se tornar alguém mais forte. 

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