Rafaella permaneceu na cama, da mesma forma que Gizelly a tinha deixado quando se despediu minutos atrás quando saiu para o trabalho. Ela tentava processar toda a informação sobre Bianca.
Ela ponderava sobre tudo o que leu e o que foi dito por Gizelly. Queria ir atrás de explicações, queria entender o motivo de Bianca ter feito algo tão baixo. Todo este tempo preferiu acreditar na traição de Gizelly ao querer enxergar o óbvio. Como alguém que saiu de uma outra cidade atrás de uma pessoa, jurando amor e pedindo mais uma chance aceitaria tão fácil o fim dessa história? Como não foi capaz de enxergar que o comportamento de Bianca foi pura encenação? Rafaella se perguntava como pôde ser tão ingênua.
Ela voltou a lembrar da última conversa que tiveram, se é que aquilo poderia ser chamado de conversa. Bianca deixou claro que não queria apenas a sua amizade.
Rafaella estava dividida em cumprir com sua promessa de se afastar de Bianca e o desejo de ir confronta-la.
Gizelly não queria que ela fosse até sua casa falar com Bianca sobre a armação.
· Mais cedo
- Eu não quero que você saia de cabeça quente e a confronte sobre o que acabei de lhe contar. Você precisa digerir tudo antes de tomar qualquer decisão, sei que sua vontade é colocar tudo sobre a mesa e a confronta-la, mas me escute, esta não é a melhor decisão a se tomar. - Disse Gizelly, enquanto se vestia para o trabalho.
Rafaella estava sentada na cama, com o corpo encostado na cabeceira.
- Eu preciso ter essa conversa, preciso entender tudo isso. Como ela pôde ser capaz e tudo isso? De mais uma vez quebrar a minha confiança? – Falou, com a voz embargada.
Gizelly se aproxima da cama, e senta ao lado de Rafaella.
- Não disse o contrário, só estou lhe dizendo que este não é o momento. Espere um tempo para ter esta conversa com a cabeça mais em ordem, não falo por ser sua namorada, mas sim por querer o seu bem. Eu sei muito bem como termina uma conversa quando alguma parte está de cabeça quente, e não é nada bonito. Eu já fiz muita merda por não pensar antes de agir, então me escute. – Gizelly fala num tom manso, enquanto acariciava a lateral do rosto de Rafaella.
- Você é maravilhosa, depois de ter duvidado de sua palavra. Depois de ter te machucado, você ainda está aqui comigo. Ainda me quer. – Disse Rafaella, encarando Gizelly nos olhos.
- Eu vou sempre querer você, acostume-se com isto. O que eu falo para você não são palavras vazias. Sei o quanto é difícil tomar a decisão de não ir de encontro ao confronto, mas logo verá que foi a melhor decisão. Eu vou ser bem sincera para você, eu não confio nela, mesmo ela estando naquele estado. Ainda penso que ela tentará algo contra o nosso relacionamento, mas acredito que quando tentar não terá o mesmo efeito que a primeira vez, porque agora eu estou atenta. Farei de tudo para que ninguém seja capaz de tirar você de mim. Por não confiar nela que tomei a decisão de lhe tirar do mesmo teto que ela, foi a melhor coisa que eu fiz. Imagine se você soubesse de toda a verdade estando ainda morando com ela? O que você iria fazer de cabeça quente, pense nisto. – Desabafou Gizelly.
Rafaella fechou os olhos, deixou que as palavras de Gizelly se alojassem em sua mente. Ela tentava não perder a cabeça com tanta informação recebida ao mesmo tempo.
A armação de Bianca se sobrepôs a chegada da ex de Gizelly, não que a reaproximação fosse algo menos importante.
Como Rafaella continuou de olhos fechados e em silêncio, Gizelly continuou.
- Posso ir trabalhar tranquila com a certeza de que você não tomará nenhuma decisão precipitada quando eu estiver longe? – Perguntou Gizelly
A pergunta fez com que Rafaella abrisse os olhos e a encarasse.
- Não é justo fazer com que eu prometa algo que eu não sei se serei capaz de cumprir. – Disse Rafaella, num tom de voz que demonstrava claramente sua frustação.
- Faça isso por nós, se não for o suficiente, faça por mim. Eu vou ficar louca de preocupação por não saber se você estará aqui ou em uma briga de canivete com sua ex, a ameaçando degolar por suas atitudes nada honrosas. – Falou Gizelly.
O tom de brincadeira que ela usou, fez com que Rafaella desse um sorriso, mesmo curto, Gizelly conseguiu arranca-lo.
- Não sabia do seu lado dramático.
- Não é drama, eu realmente ficarei louca e não saber que você estar aqui, em nosso apartamento segura e longe de qualquer ameaça eminente ao seu réu primário. Eu queria muito poder ficar aqui no seu primeiro dia no apartamento, mas realmente preciso agilizar algumas coisas, tanto do escritório quanto da escola. – Disse Gizelly.
- Falando em escola, eu não vejo a necessidade de está afastada do meu trabalho. Eu estou muito bem, estou sentindo falta da rotina de trabalho e da interação com meus alunos. – Rafaella fez um biquinho no fim de sua fala.
Isto fez com que Gizelly a puxasse me um beijo.
- Eu adoro essa sua boca, e adoro quando você fica assim, toda dengosa. – Disse Gizelly ao se afastar após o beijo. – Em relação ao seu retorno, como lhe disse, você só voltará na segunda e isto não está aberto a discursão.
- Eu estou bem, Gi. Ficar presa aqui sem fazer nada o dia inteiro não me parece uma boa. – Disse Rafaella.
- E quem disse que você está presa aqui? Você pode fazer o que bem entender com o seu tempo livre, como usá-lo para conhecer sua nova casa. Para organizar sua volta ao trabalho na segunda. Pensar sobre tudo o que conversamos sobre sua ex. Passear pelo bairro para conhecer sua nova vizinhança. Você não estar presa aqui. Você passou por uma situação complicada não tem muito tempo, por mais que você esteja bem fisicamente, você não pode dizer o mesmo da sua mente. Fora o acidente, você recebeu uma carga consideravelmente pesada. Essa cabecinha precisa assimilar as coisas. – Ao Dizer, Gizelly deposita um beijo na testa de Rafaella.
- Tudo bem. – Bufou Rafaella.
- Não adianta ficar zangada comigo, só estou fazendo o que é melhor para você. Agora eu preciso ir. Qualquer coisa, não hesite em me ligar. Estarei disponível para você a qualquer momento do meu dia. Hoje não poderei vir almoçar contigo, mas estarei com o celular a todo momento.
· Voltando ao presente momento.
Rafaella decidiu deixar a conversa com Bianca para depois. Levantou da cama e decidiu seguir as sugestões que Gizelly havia lhe dado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Era você
Hayran KurguUma romântica incurável que não consegue manter um relacionamento, mas que sonha muito viver um clichê digno dos livros de Jane Austen. Uma Solteira convicta, em quer sua felicidade estar em não manter laços afetivos com suas companheiras de cama. ...