-Manu e eu fomos a uma festa na sexta, mas saímos cedo. Como iriamos beber, decidimos deixar o carro e ir de taxi. Quando saímos para pegar o táxi para irmos embora a frente do clube estava uma loucura, fomos até uma rua lateral. Quando estávamos na metade do dela um taxi passava no fim da rua, a Manu correu para para-lo enquanto eu vinha andando devagar atrás, achei uma doideira ela correr e não quis fazer o mesmo pois achava que ela não iria conseguir alcançar o carro. Quando me dei conta dos faróis atrás de mim, já era tarde. Alguém me acertou a toda velocidade, não tive a menor chance de me esquivar. Ouvi o cantar de pneus e Manu voltando até a mim gritando. Depois tudo foi ficando cada vez mais escuro.
As mãos de Rafaella começaram a tremer, e Mariana começou a acariciá-las com o polegar.
- Ei. – Mariana murmurou. – Isso é para eu aprender não andar por ruas desertas perto de bares lotados de bebados inresponsaveis.
- Quê? – Disse Rafaella em confusão.
Os olhos de Mariana se fecharam, e um segundo depois ela estava dormindo. Rafaella olhou para Gizelly, completamente perdida.
- Venha aqui fora comigo um minutinho. – Pediu.
Rafaella a seguiu, olhando para trás o tempo todo, para Mariana. Quando a porta se fechou atras delas, Rafaella desabafou.
- Minha nossa, Gi. Ela está muito mal. – Disse com lágrimas nos olhos.
- Pegaram ela de jeito. – Gizelly comentou, sortuna. – Teve traumatismo craniano, uma concussão, três costelas trincadas e um braço quebrado.
Aquela lista de ferimentos era dolorosa para Rafaella só de ouvi-lá.
Gizelly a puxou para mais perto e beijou sua testa.
- O médico disse que pode liberar Mariana daqui a um ou dois dias, então vou providenciar alguém para cuidar dela em casa. E você pode acompanhá-la nesses dois dias, não precisa se preocupar com a escola, pode deixar que eu cuido disso.
- Obrigada. – Rafaella a abraçou com força. – O que seria de mim sem você?
- Isso você nunca vai saber.
Rafaella acordou ás nove da manhã seguinte, Mariana ainda continuava dormindo, então ela permaneceu em silêncio a observando. Alguns minutos depois Gizelly aparece na porta, e Rafaella ficou de pé ao lado da cama.
- Oi. – Ela cumprimentou ao se aproximar de Rafaella. – Como estão as coisas?
- Terriveis. E totalmente sem sentido. – Os olhos de Rafaella começaram a arder. – Era a ultima coisa de que Mariana precisava. Ela já sofreu tanto...
- Você também, e agora tá sofrendo com ela.
- E você está sofrendo comigo. – Rafaella ficou nas pontas dos pés, deu um beijo em seu queixo e recuou. – Obrigada.
Gizelly a entregou o café.
- Trouxe algumas coisas para você... uma troca de roupa, seu celular e seu tablet, uns produtos de higiene.
Rafaella sabia que tanta atenção teria um preço, literalmente. Depois de passar o fim de semana com ela, Gizelly ainda teve que deixar o trabalho de lado mais um pouco para cuidar dela.
- Muito obrigada. Eu te amo tanto.
- Tambem te amo, minha vida. Agora preciso ir, mas saiba que pode me ligar a qualquer momento. Estarei aqui no mesmo instante que você solicitar.
Assim que Gizelly saiu, Rafaella foi para o lado de Mariana que não demorou a acordar.
- Oi. – Mariana murmurou. – Você precisa parar de chorar toda vez que me vê. Parece que estou morrendo ou coisa do tipo.
As lágrimas de Rafaella não paravam de escorrer. Ela sabia que Mariana estava certa, e que além de não aliviar-la em quase nada, faziam com que o sofrimento dela se tornasse ainda mais pesado. Mariana merecia um comportamento digno da parte de Rafaella, ela concluiu.
- Não consigo evitar. – Disse Rafaella fungando. – Que saco. Não sou uma Maria chorona, isso é o seu papel não o meu.
- Ah, é? – A expressão de Mariana carregada se aliviou um pouco.
No horario de visitas Manoela apareceu para visitar a amiga. Rafaella era grata por ter ao seu redor pessoas incríveis como Gizelly e Manu.
- Obrigada por cuidar de Mariana, nem sei como te agradecer. – Disse Rafaella.
- Ora, não precisa agradecer. Eu estou arrasada com o que aconteceu. Não deveria ter dado a ideia de irmos para o beco. – Os lábios de Manu começou a tremer.
- A polícia está investigando o caso? – Perguntou Rafaella.
- Está, mas não sei se vai adiantar muita coisa. – Desta vez quem respondeu foi Mariana. – O lugar estava deserto, a não ser pela nossa presença ali, atrás de um táxi. Vieram tomar nosso depoimento, mas eu não me lembro de quase nada e a Manu estava no final da rua quando tudo aconteceu. O carro passou por ela antes mesmo dela se tocar o que tinha rolado.
O dia passou com mais leveza, trazendo tranquilidade para o coração de Rafaella. Logo sua irmã receberia alta e estaria em casa.
No final do dia Gizelly retornou para ver-las.
- Oi, meu amor. – Disse Rafaella quando Gizelly passou pela porta.
- Amor. – Gizelly se virou para Mariana. – Como é que você está se sentindo?
- Bem, graças as remedinhos mágicos daqui. – Mariana sorriu.
- Estamos tentando levar você para casa. Acho que na quarta você tem alta. – Disse Gizelly.
- Braços musculosos. – Disse Mariana.
Gizelly olhou para Rafaella em confusão.
- O enfermeiro. – Falou Rafaella com um sorriso.
- Ah.
- Você pode arrumar um daqueles uniformes com zíper na frente.
- Já estou até vendo o alvoroço na mídia que esse processo de assédio sexual vai causar. – Gizelly comentou com ironia. – Que tal uma coleção de filmes pornôs com enfermeiros sarados em vez de um propriamente dito?
- Cunhadinha. – Mariana sorriu. – Você é o máximo.

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Era você
FanfictionUma romântica incurável que não consegue manter um relacionamento, mas que sonha muito viver um clichê digno dos livros de Jane Austen. Uma Solteira convicta, em quer sua felicidade estar em não manter laços afetivos com suas companheiras de cama. ...