Algo se rompeu

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Em contraste com o final de semana maravilhoso que teve na companhia de Gizelly, o qual desfrutaram da companhia uma da outra em uma casa de praia, que se transformou em seu paraíso particular. Este final de semana estava sendo o inferno para ela.

Na sexta Rafaella fez o que lhe foi pedido, indo direto para o apartamento que dividia com Gizelly. Fora os minutos que passou ao telefone conversando com a irmã, passou a noite só. Quando adormeceu Gizelly ainda não tinha chegado.

Na manhã de sábado, quando acordou ela também não estava mais lá.

Rafaella sentiu como se algo entre as duas tivesse rompido.

Mais uma vez tentou entrar em contato com a amada, e mais uma vez suas tentativas a levaram a frustação. Gizelly passará o dia sem lhe dá notícias, Rafaella não sabia onde ela estava ou o que estava acontecendo em sua vida. Toda aquela atenção e vontade de se fazer presente na vida de Rafaella sumirá da noite para o dia.

Quando chegou a noite, Rafaella decidiu que iria espera por ela acordada. Tinha que dá um basta em tudo aquilo. Sua espera foi em vão, naquela noite Gizelly não retornou e Rafaella acabou pegando no sono depois de tanto chorar.

Rafaella acordou no domingo às nove da manhã, sentindo-se meio grogue e bem mal-humorada.

Parecia impossível que, uma semana antes, estivessem naquela casa de praia, apaixonadas e consolidando firmemente a relação.

Mas aquele momento Rafaella sentia que estavam quase rompidas, e ela não sabia por quê.

Rafaella estava magoada e triste por Gizelly está se comportando de forma tão fria e distante, e pelo fato de ter certeza que ela a escondia algo muito importante.

Rafaella foi até a cozinha, precisava de cafeína para encarar o dia.

Enquanto aguardava a máquina preparar o liquido que tanto necessitava, Rafaella aproveitou para enviar uma mensagem para a irmã, quase no mesmo instante em que ela tinha mandado também uma mensagem com um link em anexo.

- Espero que ela tenha uma boa explicação para te dá. Eu juro, se eu não estivesse presa nessa cama eu iria atrás e eu mesma iria atrás de uma boa explicação.

O link encaminhava para um artigo de uma coluna social. Havia uma foto de Gizelly e Luiza em um evento. Seu braço envolvia a cintura dela, em uma pose de familiaridade e intimidade. O rosto de Gizelly estava bem perto do de Luiza, seus lábios quase tocavam sua pele. Luiza segurava uma bebida na mão e sorria.

Os dedos de Rafaella tremeram ao rolar a página para cima e ler o breve artigo em busca de mais informações.

Rafaella ficou abismada ao saber que o evento havia ocorrido na noite de ontem. Gizelly não tinha voltado para o apartamento.

Rafaella enviou uma resposta para a irmã.

- Claro. Depois conversamos sobre isso, agora preciso tomar um banho.

Rafaella ficou encarando o aparelho em sua mão, então decidiu ligar para Gizelly. Desta vez iria insistir até ser atendida. Precisava falar com ela. Precisava de uma explicação o quanto antes.

Desta vez Gizelly atendeu no terceiro toque.

- Bicalho. – Disse Gizelly, embora o nome de Rafaella provavelmente estivesse aparecendo em seu visor. – Não posso falar agora.

- Então só escute. Não vai demorar muito. Só um minuto. Um minuto da merda do seu maldito tempo. Isso você pode me dar?

- Sério, n...

- Você passou a noite com Luiza?

- Este não é o momen...

- Sim ou não?

- Sim.

- Você dormiu com ela?

Gizelly fez uma longa pausa antes de responder.

- Não. Eu realmente não posso falar agora, por favor,

Rafaella suspirou.

- Muito bem. Acho que você foi uma babaca completa me mandando vim para o seu apartamento, me deixando só e sem saber sobre o seu paradeiro. Além de passar a noite fora com outra mulher enquanto eu ficava aqui esperando você retornar. Isso é coisa de canalha de quinta categoria, Gizelly. E, para piorar, você vai para um evento público com ela, pouco se importando com os meus sentimentos...

Rafaella ouvi o ruído abrupto de uma cadeira sendo empurrada para trás. Ela se apressou, desesperada para conseguir dizer o que queria antes que Gizelly desligasse.

- Acho que você foi uma covarde por não dizer na minha cara que estava tudo terminado antes de começar a trepar com outra.

- Merda, Rafaella.

- Mas também queria dizer que, apesar de achar que você fez tudo da maneira mais errada possível e por isso quebrou meu coração e me fez perder todo o respeito por você, ainda assim não te culpo. Vocês tem uma história. Isso eu consigo entender.

- Pare com isso. – A voz de Gizelly era quase um sussurro, o que fez Rafaella imaginar que Luiza estava com ela naquele exato momento.

- Não quero ser um peso em sua vida. Não vou ficar onde não sou mais bem vinda... – Rafaella suspirou e estremeceu ao sentir a voz embargar. Para piorar, quando ela abriu a boca novamente, ficou claro que ela estava chorando. – Eu estou indo embora. Espero que você seja feliz. É só isso que eu queria dizer.

- Pelo amor de Deus. – Gizelly murmurou – Pare com isso, Rafaella.

- Já parei. Espero que você... – Rafaella fechou a mão sobre as pernas. – Esquece. Tchau.

Rafaella desligou o celular, foi para o quatro e o atirou o telefone sobre a cama. Tirou a roupa, a caminho do chuveiro, arrancou o anel que Gizelly havia lhe dado. Deixou a água na temperatura mais quente que a sua pele era capaz de suportar e sentou no box.

Assim que saiu do banho, arrumou a mala colocando algumas peças de roupas e foi para a casa, agora da irmã. 

Era vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora